Sósia mirim de Erick Pulga se torna amuleto da torcida e declara seu amor ao Ceará
Com 11 anos, Kayck "Pulguinha" soma mais de 20 mil seguidores nas redes sociais
15:33 | Jul. 01, 2024
No coração do bairro Vila Velha, em Fortaleza, uma criança de 11 anos apaixonada pelo Ceará Sporting Club surge como personagem. Kayck Bruno, carinhosamente apelidado de Kayck “Pulguinha”, conquistou a torcida e até mesmo o jogador Erick Pulga, seu ídolo e inspiração, com vídeos irreverentes nas redes sociais.
O sósia mirim caiu nas graças da torcida após viralizar jogando sal grosso na sede do Ceará durante uma sequência negativa do Vovô, que acabou goleando na partida seguinte.
Para além da inspiração no atleta e vídeos engraçados em seu perfil nas redes sociais, que já ultrapassa os 20 mil seguidores, a figura de um elo de amor inabalável com o futebol e o Ceará. Um garoto que sonha em ser jogador profissional, mas que já abdicou de outros desejos para alegrar mais pessoas, como quando pediu para distribuir doces pelo seu bairro como próprio presente no "Dia das Crianças".
Seu pai, Roberto Jefferson, de 32 anos, e sua mãe, Rayane Fonseca, de 31 anos, são os pilares que sustentam o sonho de Kayck.
“Meu filho é uma pessoa maravilhosa, uma pessoa excelente para mim. É a alegria da casa, é tudo para mim. Um menino ótimo, estudioso, divertido e altamente inteligente”, inicia Roberto, sempre alegre ao falar do filho.
Kayck Bruno, antes de ser o Pulguinha, não precisou de muito tempo para perceber sua semelhança com o ídolo. Foi na escola, entre os colegas, que essa comparação começou a ganhar força. Entre risos e comentários, os amigos não deixaram passar despercebido o quanto ele lembrava o jogador.
Em casa, a família também reforçava essa impressão, até que Kayck decidiu abraçar a ideia e criar uma persona que rapidamente conquistou a todos ao seu redor. Foi assim que ele se tornou o sósia mirim da joia do Ceará Sporting Club.
“Os meninos da escola falaram: 'cara, tu parece muito com o Pulga, tu é irmão do Pulga?' Minha família toda também dizia que eu parecia muito com ele. Aí eu fui lá e pensei: ‘Como assim eu pareço com o Pulga? Vou fazer o sósia dele’. Aí deu certo, graças a Deus”, disse Kayck.
Coração alvinegro e sonho de entrar em campo
Kayck tem o grande sonho de ser jogador de futebol e vestir a camisa do Ceará. Contudo, antes disso se tornar realidade, tem o desejo de entrar em campo de outra forma. O jovem conta que deseja ganhar uma camisa de Erick Pulga para fazer um quadro e entrar em campo com os jogadores.
“Ele me mandou um ‘direct’ elogiando, coloca risadas nos vídeos, mas ainda tento conseguir uma camisa dele, é um sonho. [...] Eu faria um quadro com a camisa, queria muito entrar no campo com ele também”, disse Pulguinha.
“Meu sonho é ser igual ao Erick Pulga e ver minha família bem, colocar em um lugar alto. Quero ser jogador de futebol e ser igual a ele: jogar muito. Quando ele faz gol ou dá assistência, eu morro de alegria, eu me sinto muito feliz. Fico mais feliz ainda por ser o Pulga das arquibancadas”, completou.
Em sua casa, Pulguinha simula o momento que sonha em tornar realidade. O grande corredor visto ao abrir o portão da residência, é utilizado como o túnel de entrada dos jogadores. A bola sempre no braço, sem perder a pose de jogador.
Pulguinha não perde a oportunidade de se declarar ao Ceará, e falou que acredita no acesso do time ainda neste ano, independente das dificuldades.
“Eu sempre tenho fé e acredito no meu time. Mesmo fazendo raiva, eu acredito. Tenho fé que vai subir esse ano. O Ceará é meu amor, tá dentro do meu coração, é o único time que eu torço, desde pequeno. Sempre coloco fé no meu time.”
Seu pai, que também sonhava em ser jogador e hoje projeta o sonho no filho que compartilha a paixão, finalizou falando sobre o camisa 16 do Alvinegro: “Tenho que agradecer ao Erick Pulga também, que comenta as coisas dele, é um cara super gente boa. O recado que mando para ele é que seja sempre essa pessoa humilde, esse cara do bem. Um cara totalmente inexplicável. Gosto muito dele, principalmente pelo carinho que tem pelo meu filho."
A joia do bairro: um ato de generosidade
Desde sua criação, em 1914, o Ceará se orgulha de receber o título de “Time do Povo”. Como instituição que leva milhares de seguidores, o clube tem o prazer de ver tais valores sendo passados por alguns torcedores. É o caso de Pulguinha, que em diversas falas – assim como seu pai – ressaltou a importância de seus amigos do bairro, ao qual tenta, também, levar coisas boas, sem esquecer onde tudo começa.
“Ele tinha um celular não muito bom, a qualidade era ruim, aí ele disse: ‘Pai, vamos fazer uma rifa’. Eu fiz a rifa, enchemos ela. Paguei o prêmio ao ganhador e ficamos com o restante para juntar e comprar o celular dele. No 'Dia das Crianças', ele me acordou e falou: ‘Pai, hoje eu não quero que o senhor compre meu celular não. Quero que você e a mamãe vão lá no centro e compre as sacolinhas de bombons para a gente entregar na rua, já que meu dinheiro não vai dar para comprar o celular”, contou Roberto, já emocionado.
“Eu fiquei com os olhos cheios d’água. Ele sempre foi um menino que gosta de ajudar os outros. A gente foi ao Centro e fez as sacolinhas. Fomos entregar nos sinais para pessoas carentes. Eu fiquei muito emocionado com isso e ele também”, finalizou o pai, que exalava orgulho ao falar sobre o filho, a qual diz que o maior ensinamento que prega é a “humildade e o pé no chão”.
“A gente não sofre dificuldades. O desafio que a gente supera toda manhã é trabalhar, que já é um desafio grande, para sustentar eles [Pulguinha e o irmão]. A gente sai e deixa eles dormindo, minha sogra fica cuidando deles. Nosso maior desafio é isso, correr atrás do pão de cada dia”, afirmou Roberto.
Ele relata que, após a rifa, um amigo da família presenteou Kayck com um celular. Depois de um tempo, mais dois amigos se juntaram para presenteá-lo com um aparelho mais atualizado prezando pela qualidade dos vídeos. A família é muito grata ao apoio de todos.
Pulguinha finalizou: “Todo mundo da rua me apoia muito, eles dão muita risada dos meus vídeos. Me dão muito carinho e apoio. Meus amigos brincam [sobre ser sósia], a gente joga bola, mas é tudo na brincadeira, nada de briga nem violência, só brincadeira”.
Vídeo do sal grosso: novo amuleto da torcida
Com origem em tradições africanas, o banho de sal grosso se popularizou por todo o Brasil como uma ação que limpa as energias do ambiente. Após uma sequência em que o Ceará passou sete jogos sem vencer, Pulguinha teve seu primeiro vídeo viral ao ir dar um "banho de sal grosso" na sede do clube e publicar nas redes sociais. A onda de compartilhamentos veio quando o Ceará venceu o Novorizontino no dia seguinte, goleando por 3 a 0.
Na última semana, Kayck voltou a repetir o vídeo em uma "parte dois". No atual recorte, o Vovô estava há quatro jogos sem vencer e passou por uma demissão de treinador. Após a publicação, o Alvinegro venceu o Ituano por 4 a 2, aumentando a confiança da torcida nas brincadeiras de Pulguinha.
Apoio da família, cuidado na internet e a timidez superada
“Ele era um menino muito tímido. A gente viu ele gravando vídeo, se soltando aos poucos. Tinha muita dificuldade de falar e socializar com as pessoas. Hoje em dia, ele já entrosa, já fala. Ele não é mais o Pulguinha que ficava só em casa, não queria sair, não queria conversar com os primos. Agora ele se solta, brinca, a gente vai para o Castelão, tira foto [...] A gente fica muito alegre”, conta o pai de Kayck.
Para os pais, os vídeos têm sido muito importantes para a formação e crescimento do filho. O próprio garoto conta que gosta de estudar no tempo livre, e a família conta que isso equilibra o esforço, além de ter tido mais facilidade em socializar depois que começou a fazê-los.
Quando os pais não estão em casa, Kayck costuma apoiar o celular em um bebedouro no seu quarto ou nos tijolos que ficam no quintal de sua casa, mas sempre dá um jeito. Seu plano de fundo costuma ser a bandeira de seu time do coração.
“Eu sempre digo que a prioridade é o estudo. Eu falo: ‘Meu filho, sem o estudo você não é nada’. Eu e a mãe dele só queremos o bem dele. Ele estuda e faz o dever de casa, só depois é que vai pegar no celular. Eu ajudo e dou ideias. A gente conversa sobre a qualidade e outros detalhes. Ele é um menino que para tudo eu conto com ele, então eu estou aqui para ajudar ele, eu e a mãe dele. A gente segura o celular [para os vídeos] e ajuda como for possível”, disse.
Sobre o cuidado quanto aos perigos da internet, falou: “Eu e a mãe dele sempre estamos de olho no Instagram dele. Ele acessa, mas a gente tá sempre olhando, pois tÊm muitos males. Tem muita coisa boa na internet, mas também tem muita gente má. Ficamos monitorando. A gente fala: 'Kayck, se alguém fizer algo com você, nos avise para tomarmos as providências'. A internet é tipo uma arma, é perigosíssima."
“Meu maior sonho é que ele seja uma pessoa do bem, que conquiste todos os seus objetivos, que nunca perca a esperança, esteja sempre lutando, que um dia o sonho dele vai ser realizado, eu tenho certeza disso. Eu quero vê-lo bem”, finalizou.