Ceará: oposição acusa atual gestão de articular pedido de exclusão de grupo de conselheiros
De acordo com o conselheiro Pedro Gabriel, o processo foi encabeçado por João Paulo Silva, presidente do clube
Um grupo de mais de dez conselheiros que faz oposição à atual diretoria executiva do Ceará foi comunicado sobre um requerimento em que é solicitada a expulsão deles do Conselho Deliberativo do clube. Em contato com o Esportes O POVO, Pedro Gabriel, que foi candidato à presidência do Vovô e que está entre os citados no processo, contou que o pedido de exclusão foi encabeçado pelo presidente alvinegro, João Paulo Silva.
O Esportes O POVO entrou em contato com João Paulo Silva e o mandatário respondeu (leia clicando aqui). De acordo com Pedro Gabriel, uma das alegações para o pedido de expulsão foi porque o grupo estava “expondo o clube”.
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“Foi encabeçado pelo presidente João Paulo. Ele é a pessoa que coordenou o processo. Ficamos sabendo por duas formas. A primeira forma foi dita em grupo de WhatsApp da diretoria executiva. Inclusive lançaram lá o requerimento. Como todo mundo se conhece, a gente acabou sabendo dessa situação. O presidente do Conselho está lá neste exato momento (às 14h49min desta sexta-feira, 23), para tentar apreciar esse documento, que foi recebido via e-mail. Aí ele vai enviar para a gente”, explicou Pedro Gabriel.
A assessoria do Ceará informou que "não deve se pronunciar e tratará do assunto, por ora, de forma interna, até para preservar o próprio clube".
Em outubro de 2023, Pedro Gabriel e outros conselheiros solicitaram acesso a documentos ligados à gestão administrativa e financeira do Ceará. Após três meses, o grupo resolveu judicializar o pedido, já que, segundo eles, não receberam “praticamente nada”. Os opositores possuem um canal no YouTube chamado “Amigos Conselheiros”, em que fazem lives frequentes para falar sobre assuntos do clube.
Caso o processo de exclusão seja levado para frente, passará por uma avaliação do Comitê Administrativo do Conselho Deliberativo e, em seguida, encaminhado para a Comissão de Ética. Na noite da última quinta-feira, 22, o Esportes O POVO conversou com José Barreto Filho, presidente do Conselho, que informou o seguinte: “Até este momento nenhum requerimento chegou ao conhecimento do Conselho”.
Na tarde desta sexta-feira, 23, Pedro Gabriel comentou ao Esportes O POVO que José Barreto Filho tentaria analisar o documento para, depois, enviar para ele e o restante do grupo que está no processo de exclusão. O ex-candidato a presidente contou, ainda, que ficou sabendo do requerimento por meio de um grupo da diretoria executiva do Alvinegro no WhatsApp.
O grupo "Amigos do Conselho CSC" expôs dívida tributária do Ceará no início do ano
Em uma transmissão ao vivo realizada no canal “Amigos do Conselho CSC”, no YouTube, no dia 22 de janeiro, os conselheiros Nilo Weber, Guilherme Magalhães, Pedro Gabriel e Paulo Vasconcelos expuseram a dívida de quase R$ 46 milhões do Ceará com a Receita Federal. Na denúncia, também foi dito sobre as possíveis consequências que o débito acarretaria ao Vovô.
“Para deixar o torcedor informado, o que teve de novidade foi o seguinte. Teve esse processo de que o clube hoje tem R$ 46 milhões de débito na Receita Federal, mais a PGFN. São débitos de imposto de renda retido na fonte, e de INSS previdenciário, ambos incidentes sobre a folha de pagamento, de 2021 a 2023. Uma parte estava parcelada e outras são novas”, iniciou Nilo Weber.
“Além do problema do valor, esses débitos em aberto, não tem a certidão negativa de débito, o que restringe o clube a participar de vários programas de obtenção de recursos. E o pior, a possibilidade de exclusão do Profut, que é um benefício gerado pela legislação federal para os clubes parcelarem seus débitos com desconto de juros e multa. O clube fez adesão a esse parcelamento do Profut. Mas em um desses processos, a PGFN, por meio do seu procurador, colocaram que o clube estaria excluído do Profut, e isso gera um grande problema. A partir da exclusão, ele ficaria dois anos sem participar de qualquer benefício. Timemania, fora. Qualquer incentivo estaria fora”, concluiu.
Na época, João Paulo Silva, presidente do Ceará, se pronunciou oficialmente e explicou que a dívida tributária havia sido exposta na apresentação do balanço orçamentário de 2022 - naquele ano, o valor era de R$ 36 milhões. Isso significa que o montante não era, pelo menos para o corpo do conselho alvinegro, uma novidade. O mandatário também desmentiu que o clube tivesse sido excluído do Profut, situação que poderia acarretar em punições ao Vovô, como não ter direito a certos benefícios e incentivos federais — a Timemania é um exemplo.
“Sobre esse assunto, o que quero dizer ao torcedor é que o Ceará não foi excluído do Profut. Saiu na imprensa que o Ceará tem uma dívida de R$ 46 milhões, e isso é verdade. Mas para deixar claro, nós apresentamos no balanço de 2022 uma dívida de obrigações tributárias e parcelamentos de R$ 36 milhões. Isso era do conhecimento de todos os conselheiros, até porque foi aprovado em Assembleia as contas. Infelizmente carregamos alguns valores no exercício de 2023, mas dentro de um planejamento tributário que fizemos, que um já foi regularizado e o outro está em fase de finalização, o Ceará vai ter uma redução de mais ou menos R$ 14 ou 15 milhões, deixando toda a dívida fiscal parcelada em 145 vezes na ordem de R$ 30 milhões”, disse João Paulo no dia 23 de janeiro.