Retrospectiva 2023: Ceará conquista tri do Nordestão, mas não alcança acesso à Série A
Com mudanças dentro e fora de campo, Vovô alcançou título regional pela terceira vez, mas viveu frustrações em outras competição e não conseguiu o acesso à elite do futebol brasileiro ao final da temporadaO ano de 2023 foi de altos e baixos para o Ceará. Com mudanças após a queda à Série B, o Alvinegro de Porangabuçu conquistou o terceiro título da Copa do Nordeste, diante do Sport, mas viveu novamente múltiplas trocas de técnicos e acumulou frustrações com o vice no Estadual, a eliminação precoce na Copa do Brasil e a permanência na Segunda Divisão do Brasileiro ao final da temporada.
Ainda em novembro de 2022, logo após o rebaixamento diante do Avaí, houve mudanças no principal departamento do clube, com as chegadas de Albeci Júnior e Juliano Camargo para os cargos de diretor e executivo de futebol, respectivamente. No elenco, alterações também eram anunciadas com a saída de parte dos jogadores. Fernando Sobral, Mendoza, Messias e Lima foram os primeiros, além de Vina, que, inicialmente, ficou com a situação indefinida.
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Em meio às saídas, o paraguaio Gustavo Morínigo foi anunciado como novo treinador do Vovô. Entre dezembro e janeiro, foram contratados Arthur Rezende, Tiago Pagnussat, Jean Carlos, Caíque Gonçalves, Willian Formiga, Zé Roberto, Danilo Barcelos, Vitor Gabriel, Chay, Alfredo Aguilar, Janderson e Hygor Cléber. O clube viveu uma baixa, com Cléber sendo suspenso após ser pego no antidoping, mas iniciou a pré-temporada no dia 16 de dezembro.
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Imbróglios políticos, vitórias em Clássicos-Rei e bom início da temporada
Enquanto dentro de campo o elenco trabalhava em Porangabuçu visando o início dos jogos, fora dele imbróglios protagonizavam as manchetes sobre o clube. A eleição do Conselho Deliberativo, marcada para janeiro, foi adiada em dois momentos pela Justiça, sendo somente realizada em fevereiro, após as duas chapas entrarem em acordo pela composição.
No campo, apesar da desconfiança da torcida após o descenso, o Ceará começou a temporada com o pé direito ao vencer o Guarani de Juazeiro, fora de casa, por 5 a 0. A empolgação durou pouco, entretanto. Na estreia do Nordestão, o Alvinegro foi superado pelo Ferroviário.
Três dias depois, o elenco teve que jogar diante do Pacajus — quando goleou — sob protestos da torcida, que ergueu faixas contra a diretoria e o presidente da época, Robinson de Castro. A desconfiança foi afastada quando o Ceará ganhou o primeiro Clássico-Rei de 2023 diante do Fortaleza, por 2 a 1, ao final da primeira fase do Estadual.
Dois dias após o bom resultado, Robinson de Castro renunciou à presidência. Carlos Moraes, então 1º vice, assumiu o Ceará de forma interina até a convocação de novas eleições, em que João Paulo Silva, diretor financeiro da gestão de Robinson, ganhou.
Pegando o ritmo do trabalho de Morínigo, a equipe engatou uma boa sequência de resultados no Nordestão e avançou pela Copa do Brasil diante do Caldense. Houve ainda mais um Clássico-Rei em que o Ceará saiu com o melhor resultado, dessa vez com um 2 a 0, pela Copa do Nordeste.
Com o paraguaio, a equipe chegou a ter 75% de aproveitamento e emendou série positiva: superou o "fantasma" do Iguatu ao passar sem dificuldades do Azulão nas semis do Cearense, despachou o Sergipe por 3 a 1, nas quartas de final da Copa do Nordeste, e também novamente superou o rival Fortaleza — o resultado diante do Leão colocou o Ceará na final do Nordestão.
Eliminações, saída de Morínigo e título do Nordestão
A primeira grande frustração alvinegra no ano foi em março: nos pênaltis, o Vovô foi eliminado pelo Ituano na segunda fase da Copa do Brasil e deu adeus à competição nacional antes do previsto, o que também acarretou em prejuízo financeiro.
A equipe também foi superada na final do Campeonato Cearense, vendo o rival se consagrar pentacampeão estadual. No primeiro jogo, o Fortaleza de Vojvoda venceu o time de Morínigo por 2 a 1. O Leão ficou com o título após as equipes empatarem em 2 a 2 no jogo de volta.
Em seguida, o Ceará ainda iniciou a Série B do Brasileirão com o pé esquerdo. Fora de casa, o Vovô foi superado em 2 a 0 pelo Ituano, mas o tempo para se frustrar foi curto, já que havia a primeira final da Copa do Nordeste para disputar.
No primeiro jogo, realizado na Arena Castelão, o Ceará superou o Sport por 2 a 1 e colocou a primeira mão na taça. Apesar do bom resultado, o trabalho de Gustavo Morínigo passou a ser questionado entre a primeira e a segunda partidas da final, já que o Alvinegro largou na Série B com duas derrotas.
Com isso, o paraguaio foi demitido. Para o seu lugar, Eduardo Barroca foi anunciado sob desconfiança, mas iniciou a competição com uma vitória diante do ABC. Foi com ele à beira de campo, que, nos pênaltis, o Ceará se consagrou tricampeão regional, em plena Ilha do Retiro.
Série B frustrante com três técnicos
Com o título do Nordestão conquistado, o Ceará tinha apenas um foco no restante do ano: subir à Série A. Com o início ruim na Segundona, Barroca afirmou que o objetivo era, inicialmente, estabilizar-se na parte de cima da tabela, mas o time nunca chegou a despontar no campeonato.
O Vovô figurava entre os piores mandantes da competição e, ainda por cima, jogava sem presença da torcida devido à punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em decorrência de episódios de violência na Arena Castelão no ano anterior, no jogo contra o Cuiabá.
Fora de casa, o Ceará conquistava bons resultados, chegando a 87% de aproveitamento, mas sempre que tentava engatar uma sequência positiva era atrapalhado pelo baixo rendimento como mandante.
Com a chegada de figuras como Bissoli e Barletta na janela de transferências do meio do ano, o Ceará viveu expectativa por melhoras ofensivas. Não foi o que ocorreu. Após um empate diante do Avaí, em que o Alvinegro mais uma vez se distanciava do G-4, Eduardo Barroca foi demitido, dando lugar ao velho conhecido Guto Ferreira.
A missão de Guto era não somente ajustar o time defensivamente, mas tirar do Ceará a marca de pior ataque como mandante da Série B. O clube de Porangabuçu encerrou o primeiro turno sem ter saído do meio de tabela.
Ainda em agosto, o Ceará já tinha números que denotavam a má campanha, com muitos pontos de distância para o G-4. A torcida tentou empurrar o time para o caminho das vitórias com apoio no aeroporto antes de jogo contra o Tombense, mas o Vovô acabou cedendo o empate após abrir 2 a 0.
Sem vencer, a chance do acesso caiu para menos de 10% e Guto Ferreira foi demitido, no mesmo dia em que os muros do CT do clube apareceram pichados com críticas ao elenco e à diretoria. Na sequência, o presidente João Paulo Silva assumiu erros de planejamento e anunciou a contratação de Vagner Mancini, que assinou contrato até o final de 2024.
Apesar de ter oportunidades de diminuir a distância para o grupo de acesso à elite, o Ceará não convencia e encerrou a Série B de maneira protocolar, ficando na 11ª colocação. Já pensando em 2024, a reformulação fora de campo se iniciou entre setembro e outubro, quando Juliano Camargo e Albeci Júnior deixaram os cargos no departamento de futebol.
O adeus ao Soldado Alvinegro
No último mês do ano, o Ceará ainda vivenciou o luto. Um dos maiores ídolos do clube, Dimas Filgueiras faleceu aos 79 anos, no último dia 22. Conhecido como Soldado Alvinegro, o ex-jogador e treinador dedicou 46 anos de carreira ao Vovô, pelo qual acumulou mais de 600 partidas.
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