O que chamou atenção na fala de Robinson de Castro durante renúncia do Ceará

Ex-mandatário renunciou ao cargo nesta quinta-feira, 9. Segundo vice-presidente do Alvinegro, Carlos Moraes, assume como presidente interino imediatamente

No pronunciamento que fez nesta quinta-feira, 9, para confirmar a renúncia ao cargo de presidente do Ceará, Robinson de Castro passou a limpo a situação do clube desde o rebaixamento para a Série B, em novembro do ano passado. 

Ele também aproveitou para “prestar contas” de todo o período em que esteve na diretoria executiva do Vovô, de 2008 a 2022, passando pelos cargos de vice-presidente, diretor de futebol e presidente.

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O agora ex-dirigente do clube falou por mais de 50 minutos e abordou diversos pontos. O Esportes O POVO selecionou os principais assuntos e traz um resumo abaixo:

Demora para renunciar à presidência

"Quando caímos para a Série B, a gente tinha expectativa de ainda no ano 2022 ter uma receita complementar de R$ 25 milhões. Então, isso por si só já é um grande problema. Como administrar isso sem essa receita esperada, dentro de compromissos assumidos? Tivemos que nos debruçar sobre isso, foi momento muito difícil pra mim também, além do problema desportivo senti muito como gestor [...] Eu sabia que tinha missão ainda para cumprir. Confesso que naquele momento, não tinha desejo de continuar, mas tinha, talvez por responsabilidade, que cumprir com algumas situações. Primeiro tentar fazer uma transição financeira, minimizar os problemas que tinham nessa área; questões estratégicas da Liga do futebol, precisava garantir o Ceará numa posição de destaque no ranking da distribuição de recursos da Liga, e também passamos por um problema político, uma divisão muito grande. O clube estar dividido no conselho sem minha presença na diretoria executiva seria um problema grande de continuidade".

Pedido de desculpas

"Aproveito para pedir desculpas, porque eu sempre disse aqui no clube que sou o maior responsável por tudo que acontece. Nunca quis trazer os méritos pra mim, mas sou responsável por tudo".

Decepção com jogadores do elenco de 2022

"Fiquei muito decepcionado com parte do nosso grupo de jogadores, pela falta de comprometimento, a falta de respeito com os clube, com a torcida, com os funcionários. Eles não assumiram para si a responsabilidade que tinham de manter o clube onde estava. Me decepcionei muito com isso, tentamos de todas as formas, cobramos de todas as formas, fizemos o possível e o impossível, mas o comportamento de parte dos jogadores não nos entregou aquilo que era pra ser entregue".

Sobre a Liga Forte Futebol

"Do ponto de vista estratégico, a gente tinha a necessidade de defender o Ceará na Liga (LFF). A Liga tinha como objetivo vender os direitos de transmissão (da principal competição nacional) a partir de 2025 e a gente precisava garantir que o Ceará tivesse uma cota muito boa na venda para o investidor. A nossa posição inicial não era muito boa, então eu trouxe para mim essa defesa do Ceará, questionando critérios de distribuição e nós ficamos numa posição muito boa. Ainda são sigilosos alguns assuntos em relação a isso, mas esses valores serão repassados ao público, especialmente ao conselho deliberativo. É um valor extremamente relevante e que vai dar uma tranquilidade para o clube em termos de investimento, não só no futebol, mas também em infra-estrutura".

Instabilidade política e reflexos no mercado

"Com relação à parte política, nós estamos vivendo um período de divisão muito grande, de ataques, de calúnias, difamações, ataques à honra das pessoas, articulações no sentido de criar ameaças; e muita gente foi atingida aqui no clube com relação a isso, não só eu, mas conselheiros do clube. Externou-se isso para fora, atingiu o mercado financeiro. Nós tínhamos uma credibilidade muito grande para fazer a engrenagem girar, (mas o mercado) se retraiu, ficou com medo dessa instabilidade política e jurídica do clube [...] Muita gente recuou, se preocupou, e até hoje esse processo de desarranjo com relação a essa relação com o mercado está presente, precisa ser recuperado isso. A gente chegou num nível de credibilidade muito grande com o mercado do futebol e isso foi atingido. É uma sequela que precisa ser superada".

Costura de chapa única no Conselho Deliberativo

"Na semana passada, estive com o Evandro (Leitão) para buscar uma alternativa de tentar unificar e evitar uma disputa eleitoral entre duas chapas. Nós conseguimos montar uma possibilidade e, com a conivência das chapas, encontrar um modelo de evitar essa disputa, para que também pudesse, com minha saída, ter mais tranquilidade com a interinidade, que é o Carlos Moraes, o segundo vice-presidente, até ter um novo presidente assumir (eleição precisa ser convocada para até 90 dias)”.

Sobre Evandro Leitão (então presidente do Conselho Deliberativo)

"Não é justo o que fizeram com ele e acho que isso desestimula as pessoas de bem, pessoas com bons propósitos, que querem o bem do Ceará .Quem fez isso não quer o bem do Ceará. Por isso me solidarizo com a esposa e os filhos deles. Sofreu para caramba, muita fofoca, muita futrica, como sempre colocando eu contra ele ou ele contra mim. Isso pode até ter um momento que aconteça, mas isso não é verdade e a gente quando senta, resolve, porque nossa relação é de amizade. Minha família conhece a dele, nunca tivemos problema em relação a isso e acho que teve injustiça com ele também e que as pessoas que precisam ter um pouco mais de cuidado com o próximo que estiver aqui".

Sobre a pressão pela renúncia e divisão nos bastidores do clube

"Tudo tem um limite de responsabilidade, não interessa se você gosta ou não gosta de mim, do Evandro (Leitão) ou de alguém; se você acha a gente competente ou incompetente, mas tudo tem seu limite e passaram de todos os limites desta vez. E não estou saindo por pressão. Quem me conhece sabe disso. Fui para-choque desse clube desde 2008, então isso para mim é indiferente. Estou saindo do Ceará porque eu desencantei com o contexto, as coisas que me davam prazer, deixaram de dar prazer. Perdi esse encanto [...] Eu sou capaz de enfrentar qualquer tipo de pressão, de ameaça, qualquer coisa, Uma coisa que eu tenho é coragem, sempre tive. Nunca tive medo. Não tenho medo de covarde não. Eu tenho medo de que é homem. Medo não, respeito. Mas de covarde? Com Microfone na mão, juntando 100 ou 500 pessoas, jogando pedra, fazendo coro? Isso é gesto de covardia e não merece respeito".

Robinson citou os títulos conquistados pelo clube enquanto ele esteve na executiva, como o tetra estadual de 2011 a 2014 e o bicampeonato de 2017 e 2019, as duas Copas do Nordeste (2015-2020) de forma invicta, o brasileiro de aspirantes de 2020 e o brasileiro femino A2 de 2022, além dos cinco anos consecutivos na Série A, acessos de 2009 e 2017, e classificação do time duas vezes para a fase de grupos da Sul-Americana, tendo feito a melhor campanha de um clube nesta etapa do torneio internacional.

O dirigente também citou a quitação da compra do CT Luís Campos, a marca de 50 mil associados que foi alcançada após a última reforma do programa de sócios-torcedores (hoje são cerca de 34 mil), além de avanços de estrutura na sede do clube, em Porangabuçu.

O ex-presidente do vovô também agradeceu ao apoio dos diretores, conselheiros, desejou sorte ao novo departamento de futebol, comandado por Albeci Júnior, e revelou que só participou das vindas de Tiago Pagnussat e Jean Carlos, para o atual elenco.

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