Ceará: erros defensivos chamaram atenção na derrota para o Ferroviário
Vovô foi derrotado por 3 a 0 pelo Tubarão da Barra na Copa do Nordeste em jogo que escancarou fragilidades defensivas em todos setores do campo da equipe treinada por Gustavo MorínigoColetivamente, o desempenho do Ceará diante do Ferroviário foi péssimo. Apático e desorganizado, o Vovô acabou sendo envolvido pelo Tubarão da Barra, que conseguiu, por meio de transições em velocidade, desestruturar com facilidade o sistema defensivo montado pelo treinador Gustavo Morínigo. As atuações dos jogadores que compõem as primeiras linhas do Alvinegro chamaram a atenção de forma negativa.
Descompactado e repleto de “buracos” na defesa, o Ceará sofreu com as investidas do Ferroviário, sobretudo quando a bola caiu no pé do atacante Erick Pulga. A falta de cobertura nas laterais, além dos vários espaços cedidos pela dupla de volantes Richardson e Caíque no meio-campo, facilitaram as triangulações e jogadas em profundidade do Coral, que abusou com eficiência destes artifícios para se aproximar da área defendida por Richard.
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Caíque, por exemplo, escalado como primeiro volante, não realizou nenhum desarme ou interceptação durante toda partida, já que permaneceu em campo até o apito final do juiz. Richardson, neste quesito, foi melhor que o parceiro de posição: quatro roubadas de bola e uma interceptação. Os dados são do Footstats.
O desempenho ruim dos volantes alvinegros, inclusive, geraram muitas situações em que os atacantes do Ferroviário ficaram no um contra um com os zagueiros do Vovô. Lentos, os defensores foram superados na maioria das disputas. Em um destes lances de duelo individual, Luiz Otávio — substituído no início do primeiro tempo por lesão — cometeu pênalti, convertido posteriormente por Ciel.
Em outro momento, já no segundo tempo, Tiago Pagnussat, sozinho contra Erick Pulga, precisou cometer dura falta no atacante para pará-lo pelo lado esquerdo do campo. Na cobrança, Ciel optou por bater direto ao invés de cruzar e marcou o segundo dele na partida.
O tento do veterano, que passou por toda área repleta de jogadores do Ceará antes de chegar ao gol, escancarou um outro problema do Vovô que já havia ficado perceptível no primeiro tempo: a bola área.
Na etapa inicial do jogo, foram vários os lances em que o Ferroviário, mesmo com um time de estatura mediana, superou a defesa alvinegra na bola área. A dupla de zaga, mais uma vez, apresentou dificuldades, assim como os laterais, que tomaram diversas “bolas nas costas”. Não fosse por algumas defesas incríveis do goleiro Richard, o placar poderia ter sido ainda mais elástico a favor do Tubarão.
É verdade que a temporada está iniciando, mas as fragilidades escancaradas no jogo contra o Ferroviário causam, senão preocupação — pelo pouco tempo de temporada —, a necessidade de reflexão.
No mercado da bola, a estratégia foi manter a base da última temporada na zaga, sendo Tiago Pagnussat a única contratação para o setor. No meio-campo, além da manutenção de Richardson, Caíque foi, também, o único a chegar com características defensivas.
Vale lembrar que o Ceará iniciou a pré-temporada no dia 16 de dezembro, ou seja, foram semanas de preparação para os primeiros jogos de 2023 e tamanha desorganização tática causa, no mínimo, estranheza.
Como enfatizado no início, não só o sistema defensivo foi abaixo das expectativas, mas sim o coletivo do Vovô, e isso inclui o setor ofensivo da equipe, que também teve atuação completamente ineficaz.