Falta de planejamento e displicência dos jogadores: os erros do Ceará em 2022
Rebaixamento para a Série B escancara série de erros cometidos pelo clube ao longo da temporada. A displicência e falta de equilíbrio emocional do elenco também foram fundamentais para o ano vexatório do clube
23:12 | Nov. 09, 2022
O rebaixamento do Ceará para a Série B, assim como todas as decepções acumuladas ao longo de 2022, não aconteceram por acaso. É reflexo - e consequência - de uma temporada marcada por eliminações dentro de campo e péssimo planejamento fora dele. Sob a posse do maior orçamento da história do futebol cearense, cerca de R$ 161 milhões, o Alvinegro de Porangabuçu não teve competência para conquistar nada além de fracassos.
Assim como em anos anteriores, a montagem do elenco foi repleta de falhas, principalmente no setor ofensivo, maior carência da equipe - negligência que custou caro. Apostas em nomes como Matheus Peixoto, que chegou lesionado ao clube, Dentinho, Cléber, Zé Roberto e Iury Castilho comprovaram-se, ao longo do ano, errôneas e pouco agregaram tecnicamente. Na defesa, que tanto falhou em momentos cruciais, nenhum investimento foi realizado. Além de Messias e Luiz Otávio, a composição da zaga foi feita por jovens da base e manteve-se assim.
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Com a bola rolando, as eliminações vexatórias para o Iguatu, no Campeonato Cearense, e para o CRB, na Copa do Nordeste, ambos em disputas de pênaltis nas quartas de final, deram um aviso prévio do que estava por vir. A partir dali, uma sucessão de troca de treinadores aconteceria. Entre o trabalho de Tiago Nunes e a efetivação do auxiliar Juca Antonello, passaram também por Porangabuçu Dorival Júnior, Marquinhos Santos e Lucho González, este último sem nenhuma experiência como técnico de um time profissional.
As escolhas dos treinadores deram impressão de uma total falta de critério, tendo em vista a diversidade de metodologia entre cada um dos profissionais. De todos, o melhor momento foi com Dorival, o único a conseguir dar alguma consistência tática para a equipe. Os resultados com o comandante, que trocou o clube cearense pelo Flamengo após 73 dias de trabalho, trouxeram perspectivas positivas e geraram certo otimismo, sobretudo pela campanha na Copa Sul-Americana e o início mediano na Série A.
A saída de Dorival, porém, desencadeou uma série de erros que culminaram não só no rebaixamento, mas também em novas eliminações: Copa do Brasil, para o Fortaleza, e nas quartas de final da Sul-Americana, para o São Paulo. Mesmo com a explícita deficiência técnica em determinados setores do elenco, a diretoria do Vovô não fez grandes movimentos na janela de transferência do meio da temporada, limitando-se a quatro reforços: Guilherme Castilho (sob o custo de R$ 9,6 milhões) , Jhon Vásquez, Jô e Diego Rigonato.
Nenhuma das quatro peças causou, de fato, algum tipo de impacto na equipe titular. Com Marquinhos Santos, Lucho González e Juca Antonello, o tom do Ceará foi semelhante: desorganização e falta de resultados. Não à toa, em 18 jogos no returno do Brasileirão, o Vovô somou uma vitória, 10 derrotas e sete empates. E neste ponto, é importante ressaltar o péssimo desempenho dos jogadores, que estão, sim, entre os principais culpados de todos os fracassos acumulados.
Apáticos e sem demonstrar nenhum senso da realidade em que colocaram o Ceará na tabela do torneio, o elenco alvinegro protagonizou, além das consecutivas displicências defensivas e ofensivas em campo, uma total falta de equilíbrio emocional. Tornou-se comum, entre os jogos, atletas do Vovô serem expulsos, na maioria das ocasiões de forma inexplicável, impactando e prejudicando diretamente nos resultados finais. Principais referências técnicas do elenco, como Vina e Mendoza, que deveriam trazer para si a responsabilidade nos momentos difíceis, não foram decisivos como se esperava que fossem.
Diante disso tudo, a consequência não poderia ser diferente. Para a torcida, que tanto fez pelo clube na temporada, sendo responsável por ultrapassar a marca de 50 mil sócios-torcedores, certamente tentará apagar de sua memória o que foi 2022 para a história do Ceará.