Análise: além dos gols, saiba como Jô pode agregar ao ataque do Ceará

O Esportes O POVO analisou os últimos jogos do atacante antes de ser desligado do Corinthians e explica como o centroavante pode agregar ao ataque do Vovô para além dos gols

16:34 | Ago. 11, 2022

Por: Pedro Mairton
Atacante Jô no jogo São Paulo x Corinthians, no Morumbi, pelo Campeonato Paulista (foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

O atacante Jô foi a quarta contratação do Ceará nesta janela de transferências e assinou contrato com o Alvinegro até o fim do ano, com opção de renovação por mais uma temporada se atingir metas.

Jô foi contratado pelo Ceará devido à lesão de Cléber, que deve ficar indisponível por cerca de três meses e está praticamente fora da temporada. Além disso, o jogador vem para renovar a esperança de gols no setor de ataque alvinegro, que não conta com a boa fase dos centroavantes do elenco, e possui características que podem ajudar o time ademais de só colocar a bola na rede.

O Esportes O POVO analisou os últimos jogos do experiente atacante antes de ser desligado do Corinthians e explica como ele pode agregar ao ataque do Ceará.

Pivô

De frente para o gol não há o que questionar a qualidade técnica do paulista de 35 anos, que já foi artilheiro de Brasileirão e convocado para a Copa do Mundo de 2014. Porém, o centroavante tem qualidades que vão além de colocar a bola na rede e podem beneficiar o estilo de jogo do Ceará, como a realização do pivô.

Com 1,89m, Jô sabe se aproveitar da alta estatura para proteger a bola e jogar de costas para o gol. Com a bola no chão é comum o atacante ser a referência para os jogadores do time para a realização de tabelas, uma vez que o centroavante muitas vezes consegue impedir o marcador de realizar o bote e permite aos companheiros receberem a bola para dar prosseguimento às jogadas pelo centro do campo.

Até mesmo longe da área o atacante realiza essa função. Jô costuma deixar a posição para recuar até os meias com o objetivo de servir de opção de passe para a equipe construir pelo meio e ter mais dinâmica para envolver defesas mais fechadas.

Em 2022, o jogador tem média de 22,5 toques na bola em duelos pelo Brasileirão e Libertadores, segundo o SofaScore. A estatística é maior do que a dos atacantes do Ceará em partidas pelo Brasileirão e Sul-Americana, como Zé Roberto (18,35), Cléber (17,7) e Matheus Peixoto (9,6).

A movimentação de Jô pode atrair a marcação individual adversária e abrir espaços para infiltrações dos companheiros.

E não é só com a bola no pé que Jô consegue auxiliar na criação. Uma das principais características do jogador é o combate pelo alto, que pode ser bastante aproveitado contra equipes que adotam linhas altas de marcação.

Um exemplo é a famosa “casquinha” que o atleta realiza após um lançamento direto da defesa. O toque na bola, sincronizado com a movimentação dos jogadores de lado de campo, pode gerar situações de perigo para o adversário.

Presença de área

O centroavante tem uma importante função sem a bola, que é empurrar a linha de defesa adversária próximo ao próprio gol. Esse movimento é chamado de profundidade. Posicionado entre os dois zagueiros, para confundir a marcação, Jô avança para o gol enquanto a equipe tem a posse de bola, mesmo que não seja a melhor opção de passe no momento.

A finalidade é postar a equipe no campo de ataque e recuar cada vez mais o adversário que, longe do gol, tem menos possibilidades de oferecer perigo em um contra-ataque. Este tipo de ação possibilita o time a exercer a pressão pós-perda no campo de defesa do rival, o que gera mais uma situação de chance de gol a favor.

Bola parada

Cabeceador nato, Jô é uma arma letal durante as bolas paradas. No entanto, os adversários já estão cientes do perigo que é ter Jô dentro da área durante uma cobrança de falta ou escanteio. Logo, a atenção é redobrada e a marcação é mais forte.

No entanto, o jogador pode oferecer risco de outras maneiras durante esses momentos da partida. Como referência, ele pode ser aproveitado como o atacante que é acionado para realizar o primeiro toque na bola visando um companheiro na sobra.

Nos escanteios, isso pode ser aproveitado a partir de uma cobrança no primeiro pau, onde o cabeceio explora a chegada de outros jogadores na pequena área, que geralmente surpreendem a marcação adversária.

Sem a bola, ele pode atrair a marcação dos defensores para a infiltração de outros companheiros no jogo aéreo.

Jô ainda pode ser útil no jogo aéreo defensivo. No Corinthians, era comum o atacante recuar para ajudar a defesa na cobrança de escanteios do rival. Nesta temporada, – em partidas pelo Brasileirão e Libertadores –, o jogador teve 60% de aproveitamento nos duelos aéreos, segundo o SofaScore.