Entenda a polêmica envolvendo a Croácia e as acusações de neonazismo
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A vitória por 2 a 1 diante da Inglaterra na última quarta-feira,11, garantiu à Croácia o direito de disputar, pela primeira vez em sua história, uma final de Copa do Mundo.
O feito do País despertou sentimentos adversos nas torcidas pelo mundo, por motivos que vão além do futebol. Por um lado, há uma euforia de ver o país disputando a final da competição. Do outro, se destacam as polêmicas envolvendo atitude de alguns jogadores da seleção, que foram consideradas de cunho neonazista.
O contexto pró-nazista atribuído à Croácia passa pela II Guerra Mundial. Nesse período, o nazismo financiou grupos separatistas com o intuito de enfraquecer a União Soviética.
Os nazistas ajudaram na criação do Estado Independente da Croácia, que foi governado pelo Ustacha, um partido nacionalista de extrema-direita que assumiu o poder de 1941 a 1945.
Na Copa da Rússia, em duas ocasiões, jogadores da seleção croata foram alvo de polêmica. Na primeira, o zagueiro Dejan Lovren publicou um vídeo nas redes sociais em que os atletas aparecem comemorando a vitória sobre a Argentina, por 3 a 0, na primeira fase da competição, com a música Bojna Cavoglave, da banda Thompson. A canção contém a frase “Za dom spremni”, que em português significa “Pela pátria preparados”. O slogan foi utilizado pela Ustase, um movimento revolucionário croata considerado fascista e racista.
Na segunda ocasião, o zagueiro Domogaj Vida, um dos heróis da classificação contra a Rússia nas quartas, postou um vídeo ao lado do assistente técnico croata Ognjen Vukojevic, em que ele diz “Glória à Ucrânia”. A frase é utilizada por ultranacionalistas ucranianos que se opõem à anexação da Crimeia pela Rússia.
Após a divulgação do vídeo, a Federação de Futebol croata demitiu o assistente técnico. Em comunicado, a entidade pediu perdão pelo episódio “que não teve intenção de ser mensagem política, mas acabou infelizmente interpretado dessa maneira".
Em entrevista concedida antes do jogo contra a Inglaterra, o técnico Zlatko Dalic, da Croácia, atribuiu a dedicação dos atletas em campo ao nacionalismo. O país tornou-se uma república democrática em 1991, quando declarou independência da antiga Iugoslávia.
De acordo com Demetrius Pereira, especialista em Relações Internacionais e professor de Estudos Europeus da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), que concedeu entrevista ao Portal R7, esse tipo de manifestação dos jogadores se explica pelo fato de a Croácia ser um país jovem.
"Em nações novas, existe uma tendência a acontecerem mais manifestações nacionalistas, porque o povo ainda procura firmar sua identidade na comunidade internacional. A Croácia também deve estar buscando sua identidade no esporte e no futebol, desta forma, os jogadores acabam se manifestando de forma mais nacionalista", diz o especialista.
Ainda ao Portal R7, Jorge Fernández, professor de História Contemporânea na UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) alertou para o risco de generalizações a partir de episódios envolvendo os jogadores da seleção croata. Ele alerta que a ação dos atletas, que tem uma projeção maior, acaba tendo uma repercussão como se representasse um todo, apesar de o país ter uma grande diversidade de pensamentos. Segundo o professor, ressurgimento de movimentos ultranacionalistas é um “fenômeno” que acontece no mundo todo, não apenas na Europa.