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Grupo de brasileiros assedia mulher na Rússia fazendo alusão à cor de seu órgão sexual

Um dos integrantes do vídeo é o ex-secretário de Turismo de Ipojuca (PE), à época no PSB, Diego Valença Jatobá. A jovem aparentemente não é brasileira e não compreende a língua portuguesa
21:52 | Jun. 17, 2018
Autor O POVO
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A Copa do Mundo mal começou e já apareceram brasileiros praticando atos machistas em terras estrangeiras. Circula nas redes sociais um vídeo onde quatro torcedores vestidos de verde e amarelo cantam músicas em alusão ao órgão sexual de uma mulher. A atitude provocou revolta nas redes sociais. Nas imagens, o grupo cerca uma jovem loira, que aparentemente não é brasileira e não compreende a língua portuguesa, e cantam seguidas vezes: "Essa é bem rosinha!". 

Em seguida, a moça sorri e é encorajada a cantar também. Os brasileiros mudam a música para uma versão ainda mais agressiva: "B... rosa! B... rosa!", em referência à cor do órgão sexual da mulher. O vídeo viralizou nas redes sociais e diversos internautas criticaram, acusando os homens de machismo, racismo e assédio sexual.

"Brasileiros assediando garota russa, aproveitam o desconhecimento dela da língua portuguesa para abusar da cordialidade. Isso tem que ser denunciado", escreveu um usuário, que compartilhou o vídeo no Twitter.

Até a noite deste domingo, as imagens já tinham quase 500 mil visualizações. Nas publicações, quase 2 mil comentários, a maioria de pessoas revoltadas com a situação: "Eu desanimo ainda mais com o nosso país vendo uma coisa dessas. Pior é que sabemos que a maioria repassa achando engraçado e legal", criticou outro usuário.

Ex-secretário pernambucano no grupo
Um dos integrantes do vídeo é o ex-secretário de Turismo de Ipojuca (PE), à época no PSB, Diego Valença Jatobá. O município fica na região metropolitana de Recife.

Nas imagens, Jatobá aparece vestindo a camisa da Seleção com um lenço no pescoço ao lado da mulher enquanto o grupo se filma fazendo referência ao órgão sexual da moça. Em um dos locais onde o vídeo foi reproduzido, o perfil do Instagram do aplicativo do Mete A Colher – plataforma de apoio a mulheres e combate à violência – a publicação chegou a ter mais de 400 comentários repudiando o ato.

“Postamos o vídeo com o objetivo de discutir a situação. Sabemos que o futebol se mostra como um esporte machista no Brasil e ali ele foi usado para constranger uma mulher, que sequer estava entendendo o que acontecia. Precisamos discutir como o machismo é uma coisa cotidiana, que quebra fronteiras”, argumenta a co-fundadora do Metendo a Colher, Renata Albertim.

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As imagens também foram compartilhadas no Twitter pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que comentou: "Risadas idiotas. Vergonha desses caras em grupo, se achando engraçados dizendo idiotices ao redor de uma garota. Façam isso com um russo bem grandão! Retuitei só pra dizer que esses babacas podem ter grana pra chegar lá mas não representam o Brasil".

Para a ativista e professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Paula Melo, a ação do grupo demonstra como o machismo se utiliza de diferentes artifícios para subjugar as mulheres – no caso do vídeo, o idioma foi a ferramenta. “Fica muito claro a situação de ridicularização quando se coloca no lugar da moça estrangeira uma mulher do nosso convívio próximo. O que aqueles homens achariam se aquilo acontecesse com uma pessoa da família deles?”, questiona a professora.

Outras polêmicas
Diego Jatobá era filiado ao PSB quando esteve à frente da pasta de Turismo em Ipojuca durante a gestão de Pedro Serafim (PDT), encerrada em 2013. Nesse mesmo ano, já afastado do cargo, o advogado se envolveu em outra polêmica ao postar em suas redes sociais uma foto segurando várias cédulas de US$ 100. Depois da publicação, se justificou afirmando que o dinheiro não era seu e tratava-se de uma brincadeira entre amigos.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jatobá não está filiado a nenhum partido. Sua a última filiação foi com a Democracia Cristã (antigo Partido Social Democrata Cristão - PSDC), que foi cancelada em 14 de abril deste ano. A reportagem entrou em contato com o advogado, mas, até esta publicação, não recebeu retorno.

Retratação
Para a ativista e membro do Fórum de Mulheres de Pernambuco Simone Franco, também é preciso discutir punições para esse tipo de atitude. “Na minha opinião, a retratação de pessoas públicas apenas alimenta o ciclo de violência contra a mulher. O homem faz e diz o que quer e depois posa de arrependido? A violência não é reparada com uma retratação. Acho que nós, mulheres, estamos cansadas de retratações públicas”.
 
Redação O POVO Online
Via Rede Nordeste 

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