Dinheiro, prestígio e logística: o significado de ter 5 clubes do Nordeste na Série A

Com Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória, a Série A de 2025 será a primeira na era dos pontos corridos com cinco representantes do Nordeste

O Vitória, ao vencer o Fortaleza no Barradão na noite do último domingo, garantiu sua permanência na Série A do Campeonato Brasileiro para a temporada 2025. Contudo, tal feito não assegura apenas o clube baiano na elite, mas também consolida uma conquista coletiva construída pela sua região durante o ano: pela primeira vez na era dos pontos corridos, o Campeonato Brasileiro contará com cinco times nordestinos na sua primeira divisão.

Além do Leão da Barra, Fortaleza e Bahia seguem na primeira divisão, agora acompanhados de Sport e Ceará, que conquistaram o acesso. O Nordeste terá a chance de não só fortalecer a sua conhecida representatividade no cenário nacional, mas também de se firmar como um polo de atratividade para novos investidores e patrocinadores, além da consolidação dos já presentes.

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A dupla tricolor que completava o trio nordestino nessa Série A ao lado do Vitória fez um campeonato sem riscos e garantiu cedo sua continuidade na Série A. Via Série B, o Leão da Ilha e Vovô confirmaram seus acessos em uma rodada final emocionante, em terceiro e quarto lugar, respectivamente.

O alto nível de competitividade leva benefícios não apenas para os times envolvidos, mas também para toda a economia da região, que vê a paixão pelo futebol se refletir em números de público, engajamento nas redes sociais e visibilidade continental. Afinal, além das permanências e acessos, três times (Fortaleza, Bahia e Vitória) devem disputar as principais competições da América do Sul.

O cenário é positivo de forma evidente. No entanto, para que essa ascensão seja sustentável e continue gerando frutos, especialistas analisaram, em contato com o Esportes O POVO, que será fundamental que o futebol nordestino continue atraindo investimentos e buscando alternativas para estruturar financeiramente. Até mesmo o Fortaleza, há sete anos na Série A, deve precisar de maiores investimentos nos próximos anos.

O caminho, como aponta Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, responsável pelas negociações e processos de SAF (Sociedade Anônima do Futebol) de diversos clubes nordestinos e especialista no estilo de negócio, passa pela busca incessante por investidores que possam garantir a estabilidade financeira e o crescimento contínuo das equipes.

Para o especialista, os próximos passos são claros: consolidar as equipes que já chegaram em seu principal patamar, atrair mais investimentos para os clubes que ainda buscam se estruturar e, sobretudo, aproveitar o enorme potencial de engajamento das torcidas, que seguem sendo um dos maiores ativos dessa "revolução" no futebol do Nordeste.

Assim, defende que o futuro da região na Série A depende de uma combinação de gestão eficiente, investimentos estratégicos e uma crescente valorização da identidade e paixão que estes carregam.

“Os clubes do Ceará, principalmente, conseguiram ocupar espaço relevante na prateleira de cima. O Ceará deu uma deslizada, porque isso também faz parte do processo de crescimento a longo prazo, mas hoje o Nordeste certamente está no seu melhor momento, sem a menor dúvida. Ele foi puxado pelos clubes do Ceará, principalmente pelo Fortaleza, porque os nordestinos estavam num momento de muita baixa: o Bahia pré-SAF, o Vitória, o Sport e os clubes pernambucanos de maneira geral”, conta.

"O foco, basicamente, do interesse dos investidores é o quê? É a tradição dos clubes, a torcida, a possibilidade de desenvolver marcas, gerar engajamento, e no Nordeste é muito grande, formação e captação de atletas e, obviamente, a distribuição no mercado futuro", continua.

Para Amir Somoggi, sócio diretor da Sports Value – empresa especializada em marketing esportivo, ativações de mercado e marcas esportivas –, a diferença na visibilidade e na logística é astronômica. Além dos valores pelas transmissões de TV, patrocínios e até investimentos maiores de interessados, a locomoção facilita, posto que os times nordestinos viajam muito mais quilômetros em um ano do que os times do sudeste, por exemplo.

"Além do dinheiro da TV, que é óbvio, cresce muito, só isso já faz uma baita diferença nos orçamentos dos clubes, tem também o impacto de visibilidade. Vai jogar com Flamengo, com Corinthians, com São Paulo, com Palmeiras, então vai aumentar brutalmente a visibilidade para os patrocinadores, para o próprio clube, a venda de ingressos sobem, então tem um recolhimento de impostos", destaca.

"O impacto de impostos também, além obviamente da receita do clube, então no todo é fundamental, quanto mais times de uma região jogar, melhor para esses times, também por uma questão esportiva, porque você tem uma proximidade, por exemplo, de voos", finaliza.

Expectativa nordestina para a temporada de 2025

O quinteto chegará forte para a primeira divisão de 2025. O Fortaleza, que lutou pela primeira colocação durante boa parte do campeonato, já tem até vaga garantida na Libertadores do próximo ano. Os clubes baianos também devem estar em competições internacionais, posto que o Bahia tem 81,7% de chances de Libertadores e o Vitória tem 96,9% de garantir pelo menos uma Sul-Americana (tendo ainda 2,7% de Libertadores.

Os dados de probabilidade pertencem ao departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Sport e Ceará sobem com a primeira meta de permanência, mas podem surpreender, como provou o vitória neste ano. As festas nas arquibancadas devem ficar ainda maior, posto que a dupla teve as duas maiores médias de público da Série B.

Médias de público dos nordestinos que disputarão a Série A

  • Bahia - 4ª maior média da Série A com 35.399 em 18 jogos
  • Fortaleza - 9ª maior média da Série A com 30.062 em 18 jogos
  • Vitória - 13ª maior média da Série A com 23.059 em 18 jogos
  • Ceará - 1ª maior média da Série B com 28.149 em 19 jogos
  • Sport - 2ª maior média da Série B com 16.446 em 19 jogos

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