Ex-técnico do Ceará, Estevam Soares é acusado de manipulação de resultado na Série D
Treinador, auxiliar, dois jogadores e ex-dirigente da Patrocinense-MG, além de um possível investidor, estão em relatório de auditor do STJDO relatório de conclusão do inquérito do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) sobre o suposto esquema de manipulação de resultados que envolveu a Patrocinense-MG na Série D do Campeonato Brasileiro de 2024 responsabiliza o técnico Estevam Soares, ex-Ceará, jogadores que defendiam a equipe de Patrocínio (MG) e outros profissionais, de acordo com o ge.
Rodrigo Aiache Cordeiro, auditor do STJD, apontou a participação do sexteto a partir da investigação e do posterior indiciamento da Polícia Federal (PF) sobre o caso. O relatório do auditor foi encaminhado à Procuradoria do STJD, que vai analisar e deve oferecer denúncia para julgamento. Os artigos nos quais os profissionais estariam enquadrados preveem desde multa até suspensão do futebol.
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As suspeitas de irregularidade começaram a partir da derrota da Patrocinense-MG por 3 a 0 para a Inter de Limeira-SP, em junho do ano passado. O suposto esquema favoreceria apostadores em jogos do time mineiro, não apenas em resultados, mas também placar parcial e os momentos dos gols marcados, por exemplo (primeiro ou segundo tempo).
Além de Estevam Soares, foram citados no relatório o goleiro Felipe Gama Chaves; o zagueiro Richard Bala; o auxiliar técnico Dodô; o diretor executivo de futebol Anderson Ibrahin Rocha; e Marcos Vinicius da Conceição, possível investidor.
Caso a Procuradoria dê andamento ao inquérito, Felipe, Richard Bala, Estevam Soares, Dodô e Ibahin serão denunciados com base no artigo 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que se refere a "atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende". A pena prevista é de multa de R$ 100 a R$ 100 mil e suspensão de 180 a 360 dias.
Ibrahin também deve responder pelo artigo 243 do CBJD, a exemplo de Marcos Vinicius, que versa sobre "dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente". A pena é de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.
Experiente treinador no futebol brasileiro, Estevam Soares acumula passagens por clubes como Palmeiras, Ponte Preta, América-RN, Portuguesa, Botafogo e Bragantino. Ele teve duas curtas passagens pelo Ceará, em 2010 e 2011. No primeiro ano foram cinco empates e quatro derrotas em nove jogos. Retornou na temporada seguinte e obteve cinco derrotas, dois empates e apenas uma vitória em oito confrontos.
O suposto esquema de manipulação na Patrocinense-MG
Anderson Ibrahin Rocha, dono da empresa Air Golden, firmou parceria para assumir a gestão do futebol da Patrocinense-MG e, de acordo com o relatório do STJD, "cooptava jogadores a atuar na manipulação de partidas". A PF teve acesso a conversas dele em aplicativos de mensagens pelo celular.
A pedido de Ibrahin, Estevam Soares teria escalado Richard Bala, que fez um gol contra a Inter de Limeira-SP. Já Felipe Gama, na mesma partida, teria facilitado um gol adversário. O auxiliar Dodô "teria ameaçado" um dos atletas para contribuir no suposto esquema, enquanto Estevam teria conhecimento da manipulação.
Marcos Vinicius da Conceição, por sua vez, seria um dos investidores do suposto esquema e teria dado um celular e R$ 5 mil a Richard Bala para que contribuísse na manipulação.
Depois da derrota contra a Inter de Limeira-SP, Estevam Soares foi demitido e a Patrocinense-MG rompeu contrato com a Air Golden.
Veja nota oficial da Patrocinense-MG:
"O Clube Atlético Patrocinense (CAP) vem a público esclarecer aos seus torcedores e à população de Patrocínio/MG sobre as recentes notícias divulgadas pela imprensa, que associam o clube a supostos casos de manipulação de resultados em partidas. Tais matérias não correspondem à realidade dos fatos e distorcem os acontecimentos.
Durante o Campeonato Mineiro de 2024, o CAP enfrentou uma grave crise financeira, que culminou em sua desistência da competição por absoluta falta de recursos. Poucas semanas após essa decisão, às vésperas do início do Campeonato Brasileiro Série D, o clube foi procurado pela empresa AIR Agenciamento e Marketing Ltda – Agency Air Golden, representada pelo senhor Anderson Ibrahim Rocha, com uma proposta de parceria desportiva.
A empresa AIR GOLDEN ofereceu um contrato de gestão esportiva no qual se comprometia a assumir o pagamento da folha salarial dos atletas e demais despesas relacionadas às partidas. Em contrapartida, teria a prerrogativa de indicar alguns atletas para compor o elenco do clube. A proposta foi cuidadosamente analisada pelo CAP, pois os recursos oferecidos pela empresa seriam fundamentais para viabilizar a participação no Campeonato Brasileiro Série D.
O contrato foi firmado no dia 1º de abril de 2024, com vigência de seis meses, prorrogáveis por mais 24 meses, caso o clube obtivesse acesso ao Campeonato Brasileiro Série C.
No entanto, durante a disputa da Série D, o CAP identificou comportamentos suspeitos por parte de alguns atletas, indicando possíveis vendas ilegais de lances para casas de apostas. Diante disso, o clube imediatamente acionou a Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), denunciando os fatos.
Paralelamente, o contrato de gestão esportiva com a empresa AIR GOLDEN foi rescindido antecipadamente. Desde então, o CAP tem colaborado ativamente com as autoridades competentes, fornecendo todas as informações solicitadas, participando de audiências no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e prestando esclarecimentos no Senado Federal. Durante essas apurações, ficou evidente que o Clube Atlético Patrocinense foi VÍTIMA de um esquema criminoso conduzido pela empresa AIR GOLDEN, cujo representante, ANDERSON IBRAHIM ROCHA, também participou em sessão do Senado em agosto/2024 sobre as manipulações de resultados por meio de apostas esportivas.
Como consequência dos atos ilícitos praticados pela AIR GOLDEN, o CAP também enfrenta diversas ações trabalhistas devido à inadimplência da empresa em relação ao pagamento dos salários dos atletas e funcionários, uma obrigação que deveria ter sido cumprida pela parceira à época.
Diante do exposto, o Clube Atlético Patrocinense reitera seu compromisso com a transparência e comunica as devidas informações aos seus torcedores e à população de Patrocínio/MG. O clube aguarda a conclusão das investigações pelas autoridades competentes e espera que todos os responsáveis por esses atos sejam devidamente punidos."
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