Zagallo esteve em seis finais de Copa; no Maracanazo foi pelo Exército

Antes de ser jogador, a primeira final de Zagallo ao lado da seleção brasileira foi como sentinela de arquibancada, como integrante da Polícia do Exército na trágica derrota em casa para o Uruguai em julho de 1950

Uma casualidade fez Zagallo estar em seis finais de Copas do Mundo ao lado da seleção brasileira.

Não apenas nas cinco que o consagraram, como jogador (1958-Suécia e 1962-Chile), como técnico (1970-México e França-1998) ou como coordenador técnico (1994-Estados Unidos). Na primeira delas, nem era um jogador.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Em 1950, o jovem Mário Jorge Lobo Zagallo tinha 18 anos, era um soldado do 6º Pelotão do Rio de Janeiro.

Integrava a Polícia do Exército e foi convocado para o Maracanã na fatídica tarde de 16 de julho. Justamente o trágico "Maracanazo".

Zagallo não foi correr pela bola, de verde-amarelo. Estava de verde-oliva, farda e capacete.

Já nos dias anteriores, ele fôra chamado para ajudar a recolher o madeiramento ainda exposto que havia sobrado da obra do então maior estádio do mundo.

O Maracanã foi construído especialmente para o Mundial no Brasil. E na data da finalíssima Zagallo atuou na segurança das arquibancadas.

E aquele foi o maior público de uma final em toda a história das copas: 199.854 pessoas. A expectativa de o Brasil conseguir o seu primeiro título mundial, dentro de casa, era tão grandiosa quanto o cenário. O futebol encantava.

Zagallo chegou a contar em entrevistas que nem chegou a ver o jogo de fato. De costas para o campo, não viu o primeiro gol do jogo, de Friaça, para o Brasil. Euforia.

Cerca de 20 minutos depois, de frente para a torcida brasileira, o soldado viu o semblante da torcida mudar.

Empate uruguaio, gol de Juan Schiaffino. O som do estádio mudou. A alegria encolheu-se em preocupação. Apesar dos incentivos, na reta final da partida aconteceu o que mais se temia.

Veio a virada celeste: segundo gol dos rivais sulamericanos, gol de Alfredo Ghiggia.

O grande goleiro Barbosa foi tachado como o maior culpado, castigado historicamente, mesmo que o erro tenha sido coletivo. Um estádio calado, um país em prantos.

Zagallo: de sentinela da torcida a campeão mundial pela seleção

Daquele posto de sentinela de uma torcida entristecida, o rapaz franzino nem imaginaria que oito anos depois seria um dos campeões mundiais pelo Brasil.

Outra ironia: também de virada e dentro da casa alheia - mesmo que a dor sentida no Maracanã nunca tenha passado.

Em 1958, Zagallo fez inclusive o quarto gol brasileiro na final vitoriosa contra a Suécia por 5 a 2.

Didi havia chutado de fora da área, a bola respingou na defesa, mas continuou dentro da área sueca. Zagallo disputou a bola no "pé-de ferro" com um dos zagueiros.

A bola seguiu "viva", nova disputa agora com o goleiro. Zagallo se antecipou com a perna esquerda e conseguiu fazer com que a bola entrasse para o gol por debaixo das pernas do "guarda-metas" da Suécia.

Fardado - certamente também ferido - no Maracanã, Zagallo nem percebia que sua história vitoriosa com a seleção brasileira em finais de Copas havia começado justamente quando estava de costas para ela.

 

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

zagallo morte de zagallo historia de zagallo

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar