Paixão pelo 13 e fé em Santo Antônio: as obsessões de Zagallo

Ex-técnico da seleção brasileira carregava no bolso uma imagem do santo e tratava o número 13 como amuleto de sorte e vitória

O número 13 perseguiu Zagallo ao longo de toda a sua vida e, desde o anúncio de sua morte, na noite desta sexta, 5, fãs e entusiastas do ex-técnico da seleção brasileira têm se dedicado a exercícios matemáticos que, de alguma forma, corroborem a superstição obsessiva do Velho Lobo.

"Brasil campeão" tem 13 letras, assim como "morreu Zagallo", elaboraram alguns, como se tivessem identificado uma conexão transcendente entre fatos. Outros respondem com a contagem dos 13 algarismos de "Zagallo eterno", recusando a associação mórbida dos primeiros.

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Mas a superstição de Zagallo tem uma origem mais afetiva que mística. Conforme explicou em diferentes ocasiões, o 13 chegou à sua vida acompanhado da esposa Alcina de Castro, que faleceu aos 80 anos, em 2012.

Foi ela que, nascida em um dia 13 e devota de Santo Antônio, cujo dia no calendário católico também é um 13, transmitiu a crença ao técnico. Casaram-se no primeiro dia 13 do ano de 1955, e o número não deixou mais de seguir seu rastro.

Em várias ocasiões Zagallo se deixou fotografar com uma imagem em miniatura de Santo Antônio, que ele afirmava carregar consigo, guardada no bolso, na ocasião de partidas importantes.

Em entrevista ao jornal Extra em 2014, Zagallo relembrou um momento decisivo de duas décadas atrás, na final da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. "Quando chegou a hora do Baggio bater o pênalti, pensei no santo no meu bolso. Apertei a mão do Parreira e disse 'Ele vai perder agora. Vamos ser tetracampeões'."

A previsão de Zagallo se confirmou. Roberto Baggio de fato perdeu o pênalti — anos depois, afirmou que aquele havia sido o pior momento de sua carreira — e o Brasil conseguiu sua quarta vitória em uma Copa. Santo Antônio e o 13 se mostraram, uma vez mais, dignos da confiança do técnico.

Até sua morte Zagallo se manteve ligado a essas crenças. Dizia que carregava consigo um bloco de notas no qual registrava frases de incentivo com 13 letras. O narrador Galvão Bueno, ciente da superstição do técnico, passou a lhe cobrar a citação dos pequenos ditos.

Em uma de suas viagens como técnico da seleção, como também revelou em entrevista ao Extra, Zagallo foi abordado por uma desconhecida em um aeroporto que lhe disse, animada: "'Vamos que vamos' tem 13 letras!" Os sinais estavam por toda parte, e o Zagallo nunca se negou a observá-los.

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