Morre Zagallo, único tetracampeão do futebol mundial
"O Zagallo se foi" tem 13 letras. Ponta-esquerda titular em 1958 e em 1962, assumiu como técnico em 1970 e foi assistente de Parreira em 1994
01:31 | Jan. 06, 2024
Tetracampeão mundial, o ex-jogador, ex-técnico e eterno símbolo da seleção brasileira Mario Jorge Lobo Zagallo morreu aos 92 anos, nessa sexta-feira, 5 de janeiro de 2024, às 23h40min.
A notícia foi relatada pelo perfil oficial do ex-atleta nas redes sociais. A causa da morte foi por falência múltipla dos órgãos.
Leia mais
Ele estava internado desde 26 de dezembro no hospital Barra D'Or, no Rio de Janeiro.
Alagoano de nascença, criado no Rio de Janeiro, Zagallo foi o único a participar de quatro das cinco Copas do Mundo vencidas pelo Brasil (dois títulos como jogador e outros dois como treinador e assistente técnico).
"É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo", informa o breve comunicado sobre o falecimento do ídolo.
"Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas", acrescenta a nota.
Zagallo terá velório aberto ao público na sede da CBF
Zagallo mudou parâmetros do futebol como jogador e como técnico
Revolucionário como jogador, Zagallo era o ponta-esquerda da primeira seleção brasileira campeã do mundo em 1958.
Ao assumir uma postura tanto ofensiva como defensiva, liberou Pelé, Garrincha e cia para levantarem a taça do mundo. Feito que repetiram em 1962.
Oito anos depois, após a demissão de João Saldanha, foi convocado para ser o técnico da seleção dos cinco camisas 10.
Foi dele o feito de escalar, no mesmo time, Pelé, Tostão, Gérson, Jairzinho e Rivellino, naquele que é visto por muitos como o maior da história do futebol.
Foi o título que firmou a hegemonia brasileira no esporte mais popular do mundo, simbolizada pela posse da taça Jules Rimet.
Quando a seca de título já beirava os 30 anos, Zagallo foi convocado para driblar a crise. Em 1994, ele era assistente de Parreira no time comandado pelo ataque de Romário e Bebeto pelo tri.
Quatro anos depois, o carioca levaria a seleção brasileira a mais uma final, que redundaria em derrota para a França — na França.
Com isso, o treinador se tornava o único a treinar a Amarelinha em três Copas do Mundo, vencendo 1970, terminando em quarto em 1974 e sendo vice-campeão em 1998.
Supersticioso, fiava suas preces ao místico número 13. Repetia, insistentemente, frases de 13 letras para dar sorte.
Era, até essa sexta-feira, o campeão do mundo mais velho vivo, aos 92 anos. E o único que podia se dizer tetracampeão.
O único que podia rivalizar com Pelé, tricampeão como jogador (1958-1962-1970).
Agora, os dois maiores representantes da mais famosa camisa amarela do planeta vão poder fazer uma tabela em outro plano.
Zagallo: já com saúde fragilizada, foi coordenador técnico na Copa de 2006
Mesmo já com sinais de fragilidade por conta da saúde, a última participação de Zagallo na seleção brasileira foi na Copa de 2006, na Alemanha, quando atuou como coordenador técnico.
Ele esteve internado desde 26 de dezembro no hospital Barra D'Or, no Rio de Janeiro.
Entre agosto e setembro últimos, já havia sido internado por cerca de 20 dias, também no Rio, devido a uma infecção urinária.
Após a morte de Pelé, em dezembro de 2022, foi hospitalizado durante duas semanas por uma infecção respiratória.
Em 2005, Zagallo fez uma cirurgia no duodeno que o fez perder 14 kg.
Apesar disso, no ano seguinte se envolveu diretamente com o trabalho do time Canarinho.
Participou de toda a preparação da equipe brasileira ao lado do técnico Carlos Alberto Parreira, a mesma dobradinha do tetra de 1994 - que já havia acontecido em 1970, com Zagallo técnico e Parreira como um dos preparadores físicos.
Em 2011, foi operado de uma hérnia inguinal. Com a idade, as comorbidades foram avançando.
A saúde foi seu principal marcador nestes últimos anos de vida, mesmo assim Zagallo conseguiu driblar várias vezes os problemas e seguir até onde foi possível. (Colaborou Cláudio Ribeiro)