Beto, ex-Botafogo, relembra relação de "pai e filho" com Zagallo e diz: "Figura primordial"

Humberto Rêdes teve o privilégio de jogar ao lado de Zagallo e também ser treinado pelo único tetracampeão mundial. Para o ex-jogador, o Velho Lobo foi a pessoa mais importante que teve no futebol

14:13 | Jan. 06, 2024

Por: Mateus Moura
Humberto Rêdes, primeiro da direita para esquerda, na época em que atuava como jogador do Botafogo (foto: Arquivo pessoal/Humberto Rêdes)

Uma relação de pai e filho, foi como descreveu Humberto Rêdes, ex-jogador do Botafogo que teve o privilégio de não apenas atuar ao lado de Zagallo em campo, como ser treinado pelo único tetracampeão da Copa do Mundo no futebol masculino. Atualmente com 78 anos, o carioca relembrou, em entrevista ao Esportes O POVO, a relação com o eterno Formiguinha.

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Beto estreou profissionalmente na equipe do Botafogo em 1964, justamente na ponta-esquerda, como substituto de Zagallo, que naquele ano caminhava para o término da carreira como atleta. Naquela temporada, figurou como a “sombra” do Velho Lobo no banco de reservas, e dali criaram uma amizade que se perpetuou por toda vida.

“Para mim, particularmente, o Zagallo representa tudo aquilo que eu pude fazer no futebol. A vida do Zagallo, esportivamente, sempre esteve entrelaçada com a minha. Eu chego no Botafogo e quando eu estreio, é na ponta-esquerda no lugar do Zagallo, já que ele estava parando de jogar e eu começando. O Zagallo tem 14 anos a mais que eu”, comentou Beto ao relembrar com carinho.

Com as chuteiras penduradas, Zagallo passou a atuar como treinador e iniciou justamente no Botafogo. Beto viu o seu então parceiro de campo, ser agora seu líder. A superstição e fé de Zagallo sempre foi uma característica marcante, assim como sua convicção. “Muitos falavam que ele (Zagallo) tinha muita sorte, mas ele sempre acreditava que as coisas dariam certo”, disse.

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“O Zagallo foi meu treinador no profissional do Botafogo, pelo menos por cinco anos. Nós sempre conversávamos muito, tínhamos uma abertura um com o outro, pois criamos uma amizade. Eu sempre ia a casa dele. O Zagallo foi um conselheiro para mim, foi alguém que me deu muitas oportunidades, que sempre acreditou no meu futebol”, relembrou Beto.

Para além das questões táticas, das ideias inovadoras e das projeções à frente do tempo, Zagallo, segundo Beto, tinha como um grande diferencial a forma de tratar as pessoas ao seu redor. Sempre muito cordial e com respeito, colocava todos em um mesmo patamar, sem vaidades. Prezava pela gestão de grupo e pela união.

“Estamos vivendo um momento de perda dessa figura monumental. O Zagallo representa, para o futebol brasileiro, talvez seja a figura, juntamente de Pelé e Garrincha, uma figura primordial, uma figura principal”, enfatizou.

"Está no meu coração"

Beto e Zagallo, após o Botafogo, também trabalharam juntos no Flamengo. O Velho Lobo ainda indicou o carioca em 1992 para que ele assumisse o comando técnico da seleção brasileira sub-17 — nesta época, Beto já havia se aposentado como jogador e seguido os mesmos passos do ídolo, tornando-se treinador.

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“Eu dirigi a seleção brasileira sub-17, quando convoquei o Ronaldo Fenômeno para a seleção, e quem me indicou foi o Zagallo era o coordenador técnico, em 1992, o técnico era o Parreira da seleção principal. Ele (Zagallo) me indicou para ser o treinador da seleção juvenil. Então o Zagallo sempre teve uma relação boa comigo. Foi a pessoa mais importante que eu tive no futebol. É uma perda importante, ele teve uma vida longa. Está no meu coração e sempre o terei como uma figura simbólica e importante para mim”, concluiu.