"A gente vai dar um soco na cara dela", diz Robinho após rir de vítima de estupro e admitir relação sexual
Áudios do ex-jogador foram revelados, nesta quarta-feira, 14, no podcast "Os grampos de Robinho", do site UOL. Nas escutas, o brasileiro confirma a inconsciência da mulher e cita outros nomes envolvidos no caso*Alerta de gatilho: esta matéria não é recomendada para menores de 18 anos, contém referências explícitas a estupro e reproduz termos depreciativos em atos de violência contra a mulher.
“Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou”. A frase é do ex-jogador Robinho, captada em gravação da justiça italiana em janeiro de 2014, um ano depois do crime sexual que condenou o brasileiro a nove anos de prisão por estupro. Áudios de conversas entre o ex-atacante e seus amigos foram revelados, nesta quarta-feira, 14, no podcast “Os grampos de Robinho”, do site UOL.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Na noite do dia 24 de abril de 2014, Robinho discutia com seu amigo Falco, também envolvido no caso, sobre como se defenderiam da acusação de violência sexual cometida contra uma jovem albanesa em boate na cidade de Milão no ano anterior.
“A mina sabe que tu não fez porra nenhuma com ela, ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘Porra, que que eu fiz contigo?’”, indaga Robinho.
Os dois não sabiam, mas o carro continha grampos instalados pela polícia. Essas e outras falas do ex-jogador foram usadas como provas na denúncia do Ministério Público da Itália. Ao todo, são mais de 10 horas de escutas que culminaram na condenação de Robinho e Falco a nove anos de prisão por estupro coletivo.
A sentença passou por três instâncias, sendo a última delas em 19 de janeiro de 2022, não cabendo mais recurso. No entanto, Robinho segue solto no Brasil, uma vez que a Constituição Federal proíbe a extradição de cidadãos brasileiros.
Veja os principais áudios de Robinho sobre o caso de estupro
Depois de afirmar que daria um soco na vítima, Robinho, conhecido entre os amigos como “Neguinho” admite ter mantido relações sexuais com a jovem.
“Vamos chutar errado: ‘Ah, deu alguma coisa, descobriram que o Ricardo participou, que o Neguinho comeu a mina’ ‘É, eu comi, pô! Porque ela quis. Aonde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez chupeta pra mim e depois saí fora. Os caras continuaram lá”.
Após rir e confirmar a inconsciência da vítima, o ex-jogador, em outro trecho, diz: “Tem que ver quem transou com ela e como era o estado dela. Ela tava muito louca”.
O brasileiro reitera que viu os amigos fazendo sexo com a vítima: “Eu vi o Rudney rangando ela, e os outros caras rangando ela. Então os caras que rangaram ela, vão se foder”.
Em outro áudio, o ex-atleta teme que o caso seja divulgado: “Se esse bagulho sai na imprensa, vai me foder”.
Nas escutas, que foram captadas entre janeiro e abril de 2014, todos os envolvidos no crime são citados. Além de Robinho e Ricardo Falco, que foram julgados e condenados, Rudney Gomes, Clayton Santos, Alexsandro da Silva e Fabio Galan são mencionados nas conversas. Os nomes constam na denúncia do Ministério Público, porém como eles deixaram a Itália pouco depois do episódio não foram encontrados pela Justiça e nunca se tornaram réus.
Relembre o caso
O caso de estupro aconteceu em uma boate de Milão, em janeiro de 2013. A violência sexual foi cometida contra uma mulher albanesa que comemorava seu aniversário. Além do atacante, que na época jogava pelo Milan, e Ricardo Falco, outros quatro brasileiros foram denunciados por participação no ocorrido. Na época das investigações na Itália, os envolvidos já haviam deixado o país, por esse motivo não foram processados.
Quando foi interrogado, em 2014, Robinho admitiu relação sexual com a vítima, porém negou as acusações de estupro. O processo, iniciado em 2016, teve a primeira sentença no fim de novembro de 2017. A defesa do jogador alegou, na ocasião, que era impossível provar que a mulher estava em condição de inferioridade psíquica e física, conforme texto da sentença.
Em dezembro de 2020, a Corte de Apelação de Milão, segunda instância da justiça, confirmou a pena de nove anos de prisão do atacante e de Falco. Finalmente, em 19 de janeiro de 2022, a Corte de Cassação de Roma, última instância da justiça italiana, rejeitou o recurso apresentado pelo atacante e confirmou a pena.