Veja todos os jogadores citados nas investigações do esquema de manipulação no futebol
Até o momento, entre atletas já denunciados ou citados em planilhas e conversas em aplicativos de mensagens, o número chega a 34
09:17 | Mai. 11, 2023
O escândalo de jogadores envolvidos em um esquema de manipulação de partidas em apostas está ganhando uma proporção maior. E deve crescer ainda mais. Até o momento, entre atletas já denunciados ou citados em planilhas e conversas em aplicativos de mensagens, o número chega a 34. A investigação, através da Operação Penalidade Máxima 2, está sendo realizada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
Em uma primeira fase da investigação, revelada no mês passado, oito jogadores foram denunciados à Justiça. São eles: Ygor Catatau (Sepahan-TAI), Allan Godói (Operário-PR), André Queixo (Ituano), Mateusinho (Cuiabá), Paulo Sergio (Sampaio Corrêa), Gabriel Domingos (Vila Nova), Joseph (Tombense) e Romário (Vila Nova).
Na última terça-feira, 10, o MP-GO divulgou mais 16 pessoas denunciadas à Justiça. Nesta segunda fase da operação, são sete jogadores envolvidos que viraram réus no caso. Esses são os casos de Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Paulo Miranda (sem clube), Igor Cariús (Sport), Victor Ramos (Chapecoense), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (sem clube).
Já nesta quarta-feira, 10, reportagem do jornal O Globo revelou muitos nomes de jogadores citados, que ainda não foram investigados ou denunciados, em conversas com apostadores. Nos "prints" obtidos pelo MP-GO, eles falam de "nomes certos", pagamentos, especulam outros atletas e pedem sigilo. Dois dos investigados são Bruno Lopez de Moura, apontado como o chefe do esquema pelo MP-GO que aparece como "BL", e Thiago Chambó, um dos principais financiadores do grupo que é identificado como TH CH.
A relação destes jogadores é extensa: Nathan (Grêmio), Maurício (Internacional), Alef Manga (Coritiba), Leo Realpe (Red Bull Bragantino), Diego Porfírio (Guarani), Bryan García (Athletico-PR), Max Alves (Colorado Rapids-EUA), Rafael Vaz (São Bernardo), Thonny Anderson (Ferroviária), Jesus Trindade (Coritiba), Auremir (CRB), Sidcley (CSKA Sofia-BUL), Zeca (Vitória) e Matheus Vargas (Sport).
Há ainda quatro jogadores que fizeram acordo, após admitirem a culpa, e viraram testemunhas: Moraes (Juventude), Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino), Nikolas Farias (Novo Hamburgo) e Jarro Pedroso (ex-Inter de Santa Maria).
Além deles, há atletas que não foram denunciados ou citados nas investigações até o momento, mas aparecem em provas da Operação Penalidade Máxima e foram afastados pelos clubes. São eles: Bryan Garcia (Athletico), Richard (Cruzeiro), Vitor Mendes (Fluminense), Nino Paraíba (América-MG), Jesús Trindade (Coritiba, não relacionado para jogo contra o Vasco) e Raphael Rodrigues (Avaí).
Alguns clubes se pronunciaram nesta quarta-feira, através de notas oficiais em seu site e nas redes sociais, e afastaram temporariamente seus jogadores. Esses foram os casos de Coritiba, Athletico-PR e Internacional. A exceção foi o Grêmio, que revelou ter feito uma apuração e conversado com Nathan, que negou qualquer participação no esquema.
"Trata-se de atuação especializada visando ao aliciamento e cooptação de atletas profissionais para, mediante contraprestação financeira, assegurar a prática de determinados eventos em partidas oficiais de futebol e, com isso, garantir o êxito em elevadas apostas esportivas feitas pelo grupo criminoso em casas do ramo", escreveram os promotores. "O grupo se vale, ainda, de inúmeras contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais beneficiários e registra a atuação de intermediadores para identificar, fornecer e realizar contatos com jogadores dispostos a praticar as corrupções", acrescentaram.
Eduardo Bauermann é um dos citados por supostamente ter recebido R$ 50 mil para levar um cartão amarelo contra o Avaí, não cumprir e, na rodada seguinte — contra o Botafogo —, ser expulso. O zagueiro foi afastado dos treinos do clube nesta terça-feira.
O caso já chegou a esferas maiores do Brasil. A CBF, através do presidente Ednaldo Rodrigues, se pronunciou e afirmou que campeonatos não serão paralisados por causa do escândalo. Além disso, o dirigente enviou um ofício à Presidência da República e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para pedir que a Polícia Federal entre nas investigações. O ministro Flávio Dino anunciou que isso será feito.
Confira a lista de jogos e atletas que são alvos do MP-GO:
Palmeiras x Juventude (10/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 30 mil, com R$ 5 mil entregues antes da partida para que Moraes levasse cartão amarelo. O jogador foi, realmente, advertido no confronto.
Juventude x Fortaleza (17/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil entregues antes do jogo para que Gabriel Tota repassasse a quantia para Paulo Miranda — para que este último fosse advertido com amarelo no jogo, o que de fato ocorreu.
Goiás x Juventude (5/11/2022) — Promessa de pagamento de R$ 50 mil, com R$ 20 mil pagos de sinal, para que Moraes tomasse cartão amarelo. Ao mesmo tempo, promessa de R$ 50 mil, com R$ 10 mil pagos antecipadamente, para Paulo Miranda tomar cartão. Romário Hugo do Santos depositou na conta de Gabriel Tota, que deveria fazer o repasse ao zagueiro
Ceará x Cuiabá (16/10/2022) — Promessa de pagamento de valor ainda não precisado, mas sinal de R$ 5 mil realizado para Igor Cariús tomasse cartão amarelo, o que aconteceu.
Sport x Operário-PR (28/10/2022) — Promessa de pagamento de R$ 500 mil, com R$ 40 mil pagos antes do jogo, para Fernando Neto tomar um cartão vermelho na partida — o que não aconteceu.
Red Bull Bragantino x América-MG (5/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Kevin Lomónaco tomar cartão amarelo, o que aconteceu.
Santos x Avaí (5/11/2022) — Promessa de pagamento: não precisado. Sinal pago antes do jogo: R$ 50 mil. Propósito: Eduardo Bauermann tomar cartão amarelo, o que não ocorreu.
Botafogo x Santos (10/11/2022) — Bauermann aceitou os valores do jogo contra o Avaí e não cumpriu sua parte no acordo. Assim, aceitou nova promessa de valores indevidos para ser expulso contra o Fogão, o que aconteceu. Segundo relato da súmula, Bauermann tomou o cartão vermelho após o apito final, por reclamações hostis e repetitivas à arbitragem.
Palmeiras x Cuiabá (6/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 60 mil. Propósito: Igor Cariús tomar cartão amarelo.
Guarani x Portuguesa (8/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 100 mil. Propósito: Victor Ramos cometer um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo — três dos denunciados pelo MP-GO — não encontraram outros jogadores para manipulação na mesma rodada, não houve pagamento de sinal nem aposta efetivamente realizada.
Red Bull Bragantino x Portuguesa (21/1/2023) — Promessa de pagamento: R$ 200 mil. Propósito: Kevin Lomónaco cometer pênalti no primeiro tempo. O jogador não aceitou o acordo.
Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 80 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 5 mil. Propósito: Nikolas cometer pênalti, o que aconteceu.
Caxias x São Luiz (12/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Jarro Pedroso cometer pênalti no primeiro tempo, o que aconteceu.