CBF estabelece punições esportivas em casos de racismo; veja detalhes
"Nosso trabalho é jogar luz sobre o tema", diz presidente Ednaldo Rodrigues. Clubes podem até perder pontos em caso de preconceito racial dos torcedores
21:45 | Fev. 14, 2023
A luta contra o racismo no futebol ganhou uma aliada nesta terça-feira, 14. A CBF definiu, durante o Conselho Técnico realizado em sua sede, no Rio de Janeiro, a possibilidade de punição esportiva ao clube se o crime ocorrer já a partir da próxima semana, com o início da Copa do Brasil.
Ou seja: as equipes poderão perder pontos em caso de atos discriminatórios cometidos até por torcedores nos estádios neste ano. A entidade brasileira é a primeira do mundo a fazer essa inclusão em seu Regulamento Geral de Competições (RGC).
"A luta contra o racismo tem pressa. Medidas vêm sendo discutidas há séculos e nunca colocadas em prática. A CBF está fazendo a sua parte. Decidimos avançar ainda mais nas punições e podemos tirar até um ponto de um clube em uma das nossas competições", iniciou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
"A discriminação racial é crime e nosso trabalho é jogar luz sobre o tema. A gente espera que realmente possa ter o apoio também de todos os clubes, de todos os torcedores, de todos os segmento da sociedade, de todos da imprensa, para que isso não fique apenas de uma forma decorativa", complementou.
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De acordo com o artigo 134 do RGC, a punição será imposta administrativamente pela entidade, com encaminhamento do caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que julgará sobre a aplicação da perda de pontos ao clube infrator.
"Além das sanções esportivas, todo e qualquer ato de racismo ou qualquer discriminação, a súmula da partida também será encaminhada para o Ministério Público e à Polícia Civil para que o processo não morra apenas na esferas esportiva. E que os infratores também sejam punidos pela lei", finalizou o presidente.
No texto publicado nesta terça, "considera-se de extrema gravidade a infração de cunho discriminatório praticada por dirigentes, representantes e profissionais dos Clubes, atletas, técnicos, membros de Comissão Técnica, torcedores e equipes de arbitragem em competições coordenadas pela CBF".
Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da Federação Bahiana de Futebol, é o primeiro negro a comandar a CBF em mais de 100 anos de história. Desde o ano passado, o órgão tem feito campanhas de combate ao racismo.
Em agosto de 2022, a entidade realizou o primeiro Seminário de Combate ao Racismo no Futebol e conta com um Grupo de Trabalho que discute de forma permanente o assunto.
Vale lembrar que, no dia 11 de janeiro, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que equipara o crime de injúria racial ao racismo, que é inafiançável e imprescritível. O texto prevê também um aumento da pena para os delitos praticados em eventos esportivos e culturais no país.