Árbitra Edina Alves comenta busca por espaço e fala de cobranças
A paranaense de 42 anos foi uma das homenageadas na 50ª Noite das Personalidades Esportivas. Na oportunidade, elas comentou sobre as dificuldades da carreira de árbitra
13:15 | Dez. 13, 2022
Homenageada na 50ª Noite das Personalidades Esportivas, a árbitra Edina Alves Batista é um dos principais nomes da arbitragem no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Esportes O POVO no evento organizado pelo jornalista Sérgio Ponte, a paranaense de 42 anos comentou sobre a busca das mulheres por espaço no futebol. Ela ressaltou ainda as dificuldades da carreira, assim como a pressão e as cobranças na área, seja masculina ou feminina.
“Não é fácil estar na arbitragem, nem homem e nem mulher. A gente vem buscando nosso espaço, buscando acertar. O árbitro quando ele erra não é porque ele quer não, se não ele vai ficar em casa sem escala e vai ficar sofrendo. Mas, somos seres humanos e passíveis de erros e, às vezes, pelo posicionamento acabamos errando por não ver o lance corretamente”, destaca.
Edina fez questão de receber o prêmio de personalidade nacional pessoalmente e tornou-se a primeira mulher em 50 anos a ganhar o troféu. Após a cerimônia, Edina celebrou o momento. “Eu não sabia que tinha sido a primeira mulher a vencer, e a honra é maior ainda. Que venham outras mais e mais. Queria agradecer ao carinho maravilhoso daqui. Quando o Sérgio me mandou a mensagem falando da homenagem, eu fiquei muito feliz. Eu gosto muito do Ceará e pretendo vir mais vezes, é muito acolhedor”, contou.
No evento, ela dedicou o prêmio a todos que lhe proporcionaram oportunidades durante a carreira. A árbitra lembrou de um episódio emocionante em um jogo do Ceará, no Castelão. Na ocasião, uma menina que ficou esperando para tirar uma foto com ela e mãe relatou que a jovem aguardava todas as partidas que Edina apitaria para ir ao estádio.
“Eu dedico esse prêmio a todos que acreditaram em mim, me deram oportunidade e torcem por mim. Aqui em Fortaleza eu vim em um jogo do Ceará e foi muito emocionante. Tinha uma menina me esperando para tirar foto depois de duas horas e a mãe dela disse que ela fica perguntando quando vai ter jogo meu para ela ir. São pessoas assim que fazem mais ainda eu buscar e conquistar mais coisas para o Brasil, quando a gente está lá fora representando, e também para a mulher no campo de jogo”, frisou.
Edina é uma das árbitras brasileiras que integra o quadro da Fifa. A paranaense de 42 anos conquistou o escudo em 2016. Ela fez história como a primeira mulher a comandar um jogo do Mundial de Clubes masculino, em 2021. Ela é uma figura constante nos jogos das principais competições do futebol brasileiro, além de já ter apitado a Copa do Mundo Feminina e a Copa do Mundo Sub-17, ambas em 2019.
Cobranças à arbitragem
Alvo de críticas, a arbitragem foi um dos pontos citados por Edina. Ela comparou os erros de árbitros com falhas de jogadores e lembrou que atletas não são cobrados na mesma proporção. A paranaense destacou que todos estão passíveis a errar, mas que o grande problema é o tratamento dado aos profissionais do apito.
"Às vezes um mau posicionamento, uma leitura errada, é igual um jogador. Quantas vezes um jogador erra um passe, erra um gol, a bola passa é só ele jogar para dentro, o goleiro já caiu e ele não consegue e ele não é tão cobrado quanto o árbitro. As pessoas colocam que quando o árbitro erra é crucial, mas quando o jogador perde um gol sozinho, perde um pênalti que vale um campeonato? Então, são seres humanos que estão passíveis a erros. O problema é a maneira como as pessoas olham para o árbitro”, pontua.