Com os títulos da Premier League e Copa da Liga Inglesa em 2021 pelo Manchester City, Pep Guardiola pode alcançar a marca de 32 troféus em sua carreira caso vença a final da Liga dos Campeões, dia 29, contra o Chelsea, no Estádio do Dragão, em Porto.

O catalão ocupa o 4º lugar do ranking entre os treinadores mais vitoriosos, com 31 taças em seu currículo. Em primeiro, Alex Ferguson, com 49 títulos, seguido pelo brasileiro Luís Alonso Peres, o Lula, com 38 conquistas comandando o Santos. Mircea Lucescu aparece em terceiro, com 34, ainda em atividade como técnico do Dínamo de Kiev.

À frente do City desde 2016, Guardiola já soma 10 triunfos: Campeonato Inglês (2018, 2019 e 2021), Copa da Liga Inglesa (2018, 2019, 2020 e 2021), Copa da Inglaterra (2019) e Supercopa Inglesa (2018 e 2019). A maior ambição do clube segue sendo a Champions League, título que os Citizens ainda não possuem em sua história.

Pela primeira vez o Manchester City disputará a final da competição. A equipe chega à decisão com números impressionantes. Até então, foram 12 jogos disputados, 11 vitórias e um empate. O sistema defensivo é o ponto alto. São apenas 4 gols sofridos e 25 gols marcados. O Chelsea, adversário do confronto, possui números defensivos iguais (4), mas marcou menos gols (22).

Guardiola já venceu o torneio duas vezes, ambas pelo Barcelona, em 2009 e 2011. Logo em sua temporada de estreia como treinador profissional do clube espanhol, 2008-2009, conseguiu um feito inédito até então: seis títulos em apenas um ano. Campeonato Espanhol, Copa do Rei, Liga dos Campeões da Europa, Supercopa da Espanha e Supercopa da Europa. O Bayern de Munique conseguiu repetir o feito em 2020-2021.

O “ladrão de ideias”

É assim que ele se auto-intitula no livro “Guardiola Confidencial”. Considerado revolucionário em diversos aspectos táticos, Pep trouxe de volta ao futebol em 2009 ideias inspiradas em Johan Cruyff, ex-jogador e técnico holândes, que, tanto atuando como jogador no Ajax e na seleção, quanto como treinador do Barcelona na década de 90, deixou um legado importante em relação à forma de se jogar futebol.

O Barça comandado por Guardiola priorizava a posse de bola a todo custo, com muita troca de passes e alteração no posicionamento entre os jogadores da linha ofensiva, sempre com objetividade, buscando confundir a marcação para gerar espaços livres no campo. Caso perdesse a bola, o time rapidamente pressionava o adversário para recuperá-la, utilizando blocos altos de marcação.

O “tiki-taka”, como ficou conhecido, era sufocante. E é essa a principal fonte de inspiração extraída por Pep de Johan Cruyff. No carrossel do Ajax e na seleção holandesa da década de 70, onde Cruyff se destacou como jogador, o conceito de posse de bola e de jogadores sem posição fixa foram colocados em prática.

Na década de 90, já como treinador do Barcelona, Cruyff de fato passou a implementar o conceito de forma mais didática. Na época, o meia Pep Guardiola era comandado pelo holandês. Juntos, venceram a Liga dos Campeões (1991-1992) e a La Liga (4x).

Outra característica fundamental do estilo de jogo proposto por Guardiola é a ofensividade e a forma de se utilizar os laterais durante as partidas. A inspiração, nesse caso, veio da seleção brasileira de 1982, de Zico, Éder, Júnior, Falcão e companhia, comandada por Telê Santana.

Apesar de não conquistarem a Copa do Mundo, a seleção de Telê marcou época, sendo lembrada até hoje como referência técnica e tática. “Se depois de tantos anos as pessoas ainda lembram desse time, é porque era muito bom. Não sei se alguns campeões são lembrados tanto quanto esse time. Uma equipe é boa quando 20, 30, 40 anos se passam, e ainda se fala sobre isso”, disse Pep em entrevista à ESPN Brasil, em 2019.

O catalão tinha apenas 11 anos quando viu a seleção de 82 jogar, mas guardou influências que passou a usar em suas equipes. A principal foi a forma como Telê utilizava os laterais. O treinador brasileiro inovou ao dar liberdade para que Júnior e Leandro avançassem ao campo de ataque, em certos momentos atuando até como meias.

No Barcelona, Pep utilizou por diversas vezes Daniel Alves como um lateral construtor. Philipp Lahm e Alaba, do Bayern de Munique, também. Ao chegar no City, solicitou um investimento alto nas contratações dos laterais Kyle Walker (50 milhões de libras) e Benjamin Mendy (57 milhões de euros).

Atualmente, no Manchester City, Guardiola trabalha bastante o chamado “jogo de posição”, conceito que baseia-se na aproximação dos jogadores, ocupação e ataque dos espaços do campo, resultando na quebra de linhas da marcação adversária. Um dos principais fatores dessa ideia é gerar a superioridade, seja ela qualitativa, numérica, ou posicional, tanto atacando quanto defendendo.

A superioridade numérica ocorre quando sua equipe possui mais jogadores em uma determinada faixa de campo contra o adversário. Por exemplo, em uma situação de contra-ataque onde há 3 atacantes contra dois defensores.

A qualitativa acontece quando há superioridade técnica, ou seja, em um confronto um contra um onde o atacante é mais habilidoso que o defensor e, assim, poderá ter vantagem na jogada.

Por fim, a posicional, quando os jogadores de uma equipe estão melhor posicionados para chegar em um lance de ataque ou defesa.

O jogo de posições permite ao Guardiola muita flexibilidade e variações táticas. O objetivo dentro do jogo é tentar induzir o adversário a se movimentar de uma forma que crie espaços, permitindo que o time consiga implementar uma das três superioridades.

Na Premier League, o City conquistou o título com 3 rodadas de antecedência. Em 35 partidas disputadas, foram 25 vitórias, 5 empates e 5 derrotas, somando 80 pontos. Os Citizens também possuem o melhor ataque da competição, com 72 gols marcados, e a melhor defesa, com 26 gols sofridos.

Os 31 títulos de Pep Guardiola como treinador:

Barcelona (2008-2012) - 14 títulos:

Mundial de Clubes (2009 e 2011), Liga dos Campeões (2009 e 2011), Supercopa Uefa (2009 e 2011), Campeonato Espanhol (2009, 2010 e 2011), Copa da Espanha (2009 e 2012) e Supercopa Espanhola (2009, 2010 e 2011).

Bayern Munique (2013-2016) - 7 títulos:

Mundial de Clubes (2013), Supercopa Uefa (2013), Campeonato Alemão (2014, 2015 e 2016) e Copa da Alemanha (2014 e 2016).

Manchester City (2016-2021) - 10 títulos:

Campeonato Inglês (2018, 2019 e 2020), Copa da Inglaterra (2019), Copa da Liga Inglesa (2018, 2019, 2020 e 2021) e Supercopa Inglesa (2018 e 2019).