Como ficam os clubes menores com o coronavírus: "pode ser mortal"

Se a situação é ruim para os maiores, de Série A e alguns de B, ela será dramaticamente pior para os menores, diz Fernando Ferreira, especialista no mercado futebolístico

O coronavírus atinge em cheio o futebol brasileiro. As receitas dos principais clubes do País serão afetadas em até 40%. "Mas se a situação é ruim para os maiores, de Série A e alguns de B, ela será dramaticamente pior para os menores", diz Fernando Ferreira, especialista no mercado futebolístico, em artigo publicado neste domingo, 22.

"Há no Brasil 646 clubes disputando competições, sendo 123 clubes com calendário anual (brasileiro A/B/C/D), e outros 523 disputando apenas competições estaduais por 3 ou 4 meses por ano, ocupando cerca de 25 mil profissionais", explica Fernando em outro trecho.

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A situação descrita pelo economista sobre os clubes sem calendário anual exemplifica o cenário da maior parte das equipes cearenses. Apenas cinco agremiações disputam competições nacionais: Ceará e Fortaleza (Série A), Ferroviário (C) e Floresta e Guarany de Sobral, ambos da D.

"Boa parte deles estaria jogando justamente agora, o que faz do cancelamento dos estaduais uma condição de risco de continuidade para eles. Traduzindo: o vírus machuca um clube maior, mas para os menores ele pode ser mortal", afirma o especialista no artigo.

Atlético-CE e Barbalha, por exemplo, têm o Campeonato Cearense como grande torneio da temporada. São equipes em pleno funcionamento apenas para o início do ano. Na primeira semana da chegada do coronavírus ao Ceará, o cenário para estes clubes é de total preocupação.

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"Chega a ser incalculável o prejuízo. Nem nós sabemos se vai ter campeonato. Ficam as contas para pagar. A gente compreende a situação. Todo mundo tem que ceder e se ajudar, os clubes pequenos, os grandes, as federações, a CBF", comentou Lúcio Barão, presidente do Barbalha, ao Esportes O POVO.

Presidente do Atlético-CE, Maria Vieira classifica o futuro como nebuloso, sem perspectivas. O clube se preparava para concretizar negociações de empréstimo envolvendo seus atletas, tendo em vista que faltavam apenas duas rodadas do Estadual. Com o fim do torneio, a equipe ficaria sem calendário.

"Precisamos do campeonato como vitrine, mas entendo a emergência pelo qual passamos. Estávamos preparando empréstimos para outros clubes. E parou tudo de uma vez. O impacto é muito grande neste momento", disse Maria ao Esportes O POVO.

De acordo com a presidente da Águia da Precabura, o clube chegava em um momento crucial da temporada para fechar com patrocinadores. A prospecção acabou afetada pela pandemia. "Me preocupa muito a situação financeira do Atlético. Temos muito atletas contratados, inclusive, garotos da base. Devemos honrar nossos compromissos financeiros. É bem difícil imaginar esses próximos meses."

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O salário dos atletas também é uma preocupação para o presidente do Barbalha. "Estamos tentando honrar nossos compromissos. Temos jogadores em hotéis, salários a pagar. Os contratos estão próximos do vencimento e temos que honrar. Não sei como será a situação daqui pra frente, se o campeonato vai voltar ou se faremos novos contratos", acrescentou Lúcio Barão.

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