Juiz decide manter Ronaldinho Gaúcho preso preventivamente no Paraguai
Ronaldinho e o irmão Assis estão presos desde sexta-feira, 6 de março (06/10), no quartel do Grupamento Especializado da Polícia paraguaia. Ambos chegaram ao Paraguai oriundos do Brasil na quartaO ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto, mais conhecido como Assis, seguirão presos preventivamente no Paraguai, após decisão tomada pelo juiz Gustavo Amarrilla, nesta terça-feira (10), em Assunção.
"O juiz negou o pedido da defesa, que pediu liberdade provisória ou prisão domiciliar" para Ronaldinho, anunciou o promotor Osmar Legal em declarações aos jornalistas.
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Ao lado do promotor, Amarilla explicou que decidiu manter a medida cautelar de prisão de Ronaldinho e Assis em concordância com o Ministério Público.
De acordo com o juiz, a magnitude do caso e o surgimento de novas evidências, além do envolvimento de funcionários públicos e empresários que viabilizaram a chegada de Ronaldinho ao Paraguai, requerem a presença do jogador em Assunção para que não se permita qualquer "obstrução da investigação".
"Reconheço que pode merecer uma medida menos dura. Mas é minha responsabilidade não entorpecer a investigação do Ministério Público. Isso aconteceria com um fuga", afirmou Amarrilla.
Legal explicou que é contrário à prisão domiciliar por considerar "ínfima" a fiança proposta pela defesa de Ronaldinho no valor de 800.000 dólares.
"Não é suficiente o valor oferecido para os dois acusados. O valor é ínfimo em relação à solvência econômica de um dos acusado", declarou o magistrado.
Ronaldinho e o irmão estão presos desde sexta-feira (6) no quartel do Grupamento Especializado da Polícia paraguaia.
Ambos chegaram ao Paraguai oriundos do Brasil na quarta-feira (4) para participar de eventos em prol de uma fundação de apoio a crianças indígenas. Ronaldinho também participaria da inauguração de um cassino.
Por envolvimento no caso, também estão presos um empresário brasileiro, dois funcionários da Imigração e duas mulheres com nacionalidade paraguaia. Um pedido foi oficializado pela captura da presidente da fundação Fraternidad Angelical, Dalia López.
Amarrilla afirmou ter acatado o pedido do Ministério Público para evitar que a ausência de Ronaldinho obstrua uma investigação que aponta para delitos de associação com o crime e lavagem de dinheiro.
"Há diversas diligências que precisam ser tomadas com a presença de ambos", disse o juiz na coletiva de imprensa.
O próximo passo, segundo o juiz, é periciar os celulares de Ronaldinho e Assis "e descobrir a verdadeira intenção da presença" dos dois irmãos no Paraguai.
Amarrilla afirmou que é possível confirmar a versão da defesa de que o ex-jogador apresentou documentos falsos sem ter pleno conhecimento do que fazia, mas que "pode haver outras coisas, como associação com o crime, lavagem de dinheiro na criação de empresas. É isso que me chama a atenção e por isso mantenho a medida cautelar (da prisão preventiva)", explicou.
O juiz lembrou também que a denúncia começou com os documentos falsos, "mas olhem o que está aparecendo à medida que as investigações avançam".
"Pode ser que isso termine como um caso de simples uso (de documento falso) e que seja um uso culposo, porque dizem que (os documentos) lhes foram presenteados, mas há milhares de hipóteses", concluiu o magistado.
A Justiça brasileira confiscou e reteve os passaportes brasileiros de Ronaldinho e seu irmão em 31 de outubro de 2018 até o pagamento de uma multa ambiental em Porto Alegre. Os documentos foram devolvidos há quatro meses.
Durante este período, Ronaldinho usou um passaporte espanhol para viajar, que também acabou confiscado pela polícia federal.
O advogado do ex-jogador, Sergio Queiroz, afirmou há alguns dias em Assunção que seu cliente "queria iniciar negócios no Paraguai".
Ronaldinho Gaúcho preso no Paraguai: o que se sabe até agora
O ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis foram detidos em Assunção, no Paraguai, na última quarta-feira, 4, por uso de documentos falsos. Desde então, uma série de acontecimentos tornaram o episódio confuso de ser acompanhado: detenção em hotel, liberdade provisória, outras pessoas presas, ligação com outros possíveis crimes... Acompanhe a lista abaixo para entender o caso passo a passo.
Janeiro de 2015: Ronaldinho e Assis são condenados por multa ambiental
Ronaldinho Gaúcho e o irmão Assis foram condenados por dano ambiental após construírem, sem licenciamento, um trapiche e um deque na beira do lago Guaíba, em Porto Alegre (RS). A multa foi fixada em R$ 800 mil.
Novembro e dezembro de 2018: Apreensão de bens e passaportes de Ronaldinho e irmão
Devido ao não pagamento da multa de 2015, a Justiça determinou em novembro de 2018 a busca e apreensão de bens do ex-jogador e de seu irmão, tendo confiscado três carros de luxo e obras de arte. No mês seguinte, a dupla, que estava em viagem ao exterior, teve seus passaportes retidos no desembarque, sendo proibida de deixar o País.
Setembro de 2019: Regularização dos documentos de Ronaldinho e Assis
Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) informou à Agência Brasil, os irmãos fizeram nesse mês um acordo para o pagamento da multa, já com valor de R$ 8,5 milhões devido aos juros, para reaver os passaportes. A situação de ambos estaria, portanto, regularizada.
4 de março de 2020: entrada no Paraguai e detenção de Gaúcho e irmão
Ronaldinho e Assis chegaram a Assunção na manhã da última quarta-feira. Eles já portavam os documentos adulterados, que foram apresentados aos agentes de imigração. Os oficiais estranharam, mas autorizaram a entrada de ambos no país. Como o Paraguai e o Brasil fazem parte do Mercosul, é possível viajar entre eles apenas com o documento de identidade.
Ronaldinho afirmou ter sido convidado ao país, juntamente do irmão e do empresário Wilmondes Sousa Lira, pelo brasileiro Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo. Já no Paraguai, a empresária Dalia López Troche teria convidado o ex-jogador para participar de um evento beneficente.
Horas mais tarde, já hospedados na suíte presidencial do Resort Yacht e Golf Club, na cidade de Lambaré, próxima à capital Assunção, os irmãos e o empresário foram alvo de uma operação com policiais e membros do Ministério Público paraguaio. Foram encontrados os passaportes e cédulas de identidade adulterados, sendo apreendidos também os celulares dos três.
5 de março: custódia em hotel no Paraguai e foto de Ronaldinho com comandante
Os irmãos passaram a noite sob custódia da polícia paraguaia em um hotel em Assunção, sem estarem, no entanto, presos. Na manhã da quinta-feira, 5, prestaram depoimento ao Ministério Público do Paraguai. Segundo o advogado da dupla, Sérgio Queiroz, o documento brasileiro de Ronaldinho estaria regularizado e a situação seria um "equívoco".
Antes de prestar depoimento, o ex-jogador posou para foto com o comissário-chefe da Polícia Metropolitana de Assunção. A imagem foi publicada pelo próprio comissário, que apagou o retrato e pediu desculpas após a repercussão.
Ainda na noite da quinta-feira, os irmãos admitiram o erro em relação aos documentos e foram liberados pela promotoria, que resolveu não indiciá-los por entender que haviam sido "enganados em sua boa fé", segundo o portal G1. A decisão de não abrir processo contra os irmãos foi tomada pela promotoria com base no "critério de oportunidade", recurso da lei paraguaia que libera suspeitos que admitam o delito e não tenham antecedentes criminais no país.
Segundo o Ministério Público do Paraguai, os passaportes e cédulas de identidade apreendidos com os irmãos eram legítimos, mas de outras pessoas. Os documentos foram adulterados com os dados de Ronaldinho e Assis.
O empresário Wilmondes, que acompanhava a dupla, além das paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero, donas dos documentos adulterados, foram presos. Wilmondes foi apontado pela defesa dos irmãos como responsável pelos passaportes e células de identidade, enquanto o empresário acusa Dalia, que havia convidado Ronaldinho ao evento beneficente, de ter fornecido os documentos.
6 de março: ordem de prisão contra Ronaldinho Gaúcho e Assis
Responsável pela decisão final sobre o processo, o Juizado Penal de Garantias do Paraguai não aceitou a posição do Ministério Público de não indiciar os irmãos. O juiz Mirko Valinotti devolveu o processo à Procuradoria Geral do Paraguai, que na noite da sexta-feira, 6, pediu a prisão de Ronaldinho e Assis. Eles haviam deixado o tribunal de Assunção e se encaminhavam ao hotel Sheraton, onde estavam hospedados na capital, e foram presos ao chegar ao estabelecimento.
7 de março: Ronaldinho e irmão algemados
Levados ao complexo da Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai na noite de sexta-feira, na manhã do sábado, os irmãos apareceram algemados a caminho do tribunal para outra audiência.
A promotoria solicitou a continuidade da prisão de ambos devido à alta possibilidade de fuga. Eles haviam comprado passagens de volta ao Brasil para a manhã de sábado. A juíza plantonista Clara Ruiz Diaz acatou o pedido de prisão preventiva, que pode se estender por até seis meses enquanto os irmãos aguardam a conclusão das investigações.
A defesa da dupla havia solicitado prisão domiciliar, que foi negada pois, segundo a promotoria, eles entraram no Paraguai de forma ilegal, não possuindo nenhum vínculo emocional ou financeiro com o país, tampouco residência fixa.
8 de março: outros crimes de Ronaldinho Gaúcho e Assis
Neste domingo, 8, o Ministério Público paraguaio pediu a ampliação das investigações para saber se os irmãos teriam cometido outros crimes. O promotor que solicitou a prisão preventiva, Osmar Legal, pertence à Unidade Especializada em Delitos Econômicos do Ministério Público, levantou a hipótese de que Ronaldinho e Assis possam ter envolvimento com lavagem de dinheiro.
10 de março: Ronaldinho Gaúcho tem pedido de prisão domiciliar rejeitado pelo MP do Paraguai
O caso de Ronaldinho Gaúcho preso no Paraguai ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (10). Em audiência realizada no Palácio da Justiça, em Assunção, o Ministério Público paraguaio negou pedido de prisão domiciliar para o ex-jogador e o seu irmão, Assis. Os dois foram detidos após tentarem entrar no país com passaportes fraudulentos na quarta-feira, 4, e estão presos preventivamente desde o dia 7. As informações são do site Estadão.
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