Juíza determina que Ronaldinho Gaúcho e seu irmão fiquem presos preventivamente no Paraguai
A decisão levou em conta que os ex-jogadores de futebol não possuem nenhum vínculo no país o que poderia facilitar a fuga de ambos
18:30 | Mar. 07, 2020
Ronaldo de Assis, conhecido como Ronaldinho Gaúcho, e seu irmão, Roberto de Assis, também ex-jogador de futebol, tiveram prisão preventiva decretada neste sábado, 7. Os dois estão respondendo pela acusação do uso de documentos falsos. A prisão preventiva foi solicitada pelo promotor de justiça Osmar Legal, que alegou que no caso dos irmãos havia uma grande possibilidade de fuga. A juíza de plantão, Clara Ruiz Diaz, acatou o pedido.
Os ex-jogadores de futebol devem ficar presos aguardando a conclusão das investigações, o que pode durar até seis meses. Eles chegaram algemados no Palácio de Justiça de Assunção neste sábado, após terem sido detidos na sexta-feira, 6, e passaram a noite na unidade prisional Agrupación Especializada.
Em fala para a imprensa local, o promotor justificou seu pedido: “Pedi a prisão preventiva na intenção de que se cumpra o artigo 242, porque há perigo de fuga, e para que se cumpra todos os outros requerimentos da norma... Porque é uma possibilidade (de saírem do país) pela facilidade que têm economicamente de viajar”, declarou.
A defesa dos ex-jogadores havia solicitado também a prisão domiciliar, mas o promotor argumentou que eles não apresentaram nenhuma documentação, que haviam entrado no país de forma ilegal e que não possuíam nenhum vínculo financeiro ou emocional no país, o que também poderia facilitar a fuga.
ENTENDA O CASO:
Na quarta-feira, 4, foi aberto um processo judicial contra Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis. A acusação veio depois de terem sido encontrados documentos adulterados na suite presidencial do hotel Resort Yacht e Golf Club, na cidade de Lambaré, próximo à capital Assunção, onde os ex-jogadores estavam hospedados. Além dos documentos, aparelhos celulares também foram apreendidos. Os brasileiros estavam no Paraguai para participar de um evento beneficente e promover o livro “Gênio en la Vida”, escrita bibliográfica da vida de Ronaldinho.
De acordo com a investigação, os documentos teriam sido emitidos em nome de outras pessoas e depois adulterados com os dados do ex-camisa 10 da seleção brasileira e de seu irmão. As donas dos documentos, as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero, também estão detidas e sendo investigadas. O empresário de Ronaldinho, Wilmondes Sousa Lira, que viajava junto com os irmãos, encontra-se na mesma situação.
Na quinta-feira, 5, o advogado de defesa de Ronaldinho, Sérgio Queiroz, defendeu que o ex-desportista tem passaportes brasileiro e espanhol regularizados desde o fim do ano passado e a situação é um “equívoco que será esclarecido”. A Polícia do Paraguai chegou a entrar em contato com o governo brasileiro, no início das investigações, a fim de checar a documentação dos ex-jogadores brasileiros, já que, em novembro de 2018, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) determinou que os passaportes deles fossem apreendidos até que uma multa, estipulada em R$ 8,5 milhões, por condenação por crime ambiental, fosse paga.
Na manhã de sexta-feira, 6, Ronaldinho Gaúcho e Assis admitiram o crime envolvendo o uso de passaportes e documentos de identidade adulterados, e solicitaram “Critério de Oportunidade”, recurso da lei paraguaia que possibilita a suspensão das acusações em crimes de menor potencial ofensivo, caso os envolvidos não tenham antecedentes criminais e reconheçam o erro. Com isso, os ex-jogadores de futebol conquistaram o direito de liberdade e decidiram permanecer por mais alguns dias no Paraguai. Porém, a decisão ainda teria mais um recurso no Juizado Penal de Garantias do Paraguai, que na noite de sexta-feira, 6, negou o “Critério de Oportunidade” aos jogadores e decretou a prisão preventiva dos envolvidos.