Lula explica uso de jatinho: "Tinha um amigo, que vinha e tinha um avião"
Presidente viajou ao Egito para participar da COP 27 na aeronave de um empresário que já foi preso na operação Lava Jato
15:22 | Nov. 19, 2022
Pouco depois de desembarcar em Portugal nesta sexta-feira, 19, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explicou o uso de um jatinho do empresário José Seripieri Filho, dono de uma operadora de planos de saúde, para ir à COP 27, no Egito. O executivo, que fez doações à campanha do petista neste ano, já foi preso em 2020 após desdobramentos da operação Lava Jato.
Em conversa com a imprensa, Lula pontuou que já previa repercussão negativa do caso antes mesmo de viajar. "Eu sabia que essa pergunta ia vir", afirmou o presidente eleito aos jornalistas logo após reunião com o primeiro-ministro e o presidente de Portugal, António Costa e Marcelo Rebelo, respectivamente.
Lula alegou que a carona na aeronave foi por questão de segurança, uma vez que na condição de presidente eleito ele ainda não tem direito de utilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB)."Primeiro, fui convidado por um governador da Amazônia para ir á COP, mas o estado não poderia arcar a minha viagem. Também fui convidado pelo presidente do Egito, que também não poderia pagar. E também tinha um amigo, que vinha e tinha um avião", justificou Lula.
"O presidente eleito precisa ter cuidado com a segurança. É algo importante a segurança. O Estado é responsável, que sabe ele teria me oferecido um avião para eu ir, mas não optou", acrescentou. Lula embarcou para o Egito na segunda-feira, 14, e ficou no país africano até quinta, 17. Ele viajou junto com a esposa Rosângela Silva, a Janja, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).
A aeronave que levou a comitiva é um bimotor modelo Gulfstream, com capacidade para transportar até 12 pessoas. Havia a expectativa de que o presidente eleito fosse comentar o assunto em coletiva de imprensa antes de deixar o país, mas Lula cancelou a entrevista antes de seguir para Portugal.
Empresário é réu na Justiça Eleitoral
Dono da operadora de planos de saúde Qsaúde, José Seripieri é amigo de Lula há pelo menos dez anos. O empresário foi um dos 200 convidados do casamento do petista com Janja, em maio deste ano. Na campanha eleitoral, ele fez doações de R$ 1,3 milhão para a candidatura presidencial do amigo, segundo consta no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em julho de 2020, o executivo chegou a ser preso após desdobramentos da operação Lava Jato, mas ficou apenas três dias na cadeia. Seripieri foi acusado de estruturar um esquema ilegal para disfarçar repasses ilegais à campanha de José Serra.
De acordo com investigação da Polícia Federal, as transferências não contabilizadas pela Justiça chegaram a R$ 5 milhões. O inquérito tornou o empresário e o senador réus por corrupção, lavagem de dinheiro e crime de caixa dois na Justiça Eleitoral de São Paulo.