TSE bloqueia grupos bolsonaritas que se multiplicam na tentativa de mobilizar atos golpistas

Usuários do chat compartilham mensagens e pedem que conteúdo seja espalhado antes que o TSE bloqueie os grupos

15:00 | Nov. 04, 2022

Por: Israel Gomes
 Manifestação golpista em Fortaleza em 2 de novembro, Dia de Finados (foto: Fco Fontenele)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promoveu ação coordenada para bloquear uma série de grupos de Telegram de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). No espaço, os bolsonaristas mobilizam apoio para os atos antidemocráticos que questionam o resultado das eleições, estimulando paralisações nas rodovias e pedido de uso das Forças Armadas para um golpe militar.

Os bloqueios iniciaram no dia 28 de outubro, dois dias antes do segundo turno das eleições. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou a remoção de duas versões do “70 milhões eu voto em Bolsonaro Nova Direita”, que somavam cerca de 180 mil inscritos.

Na justificativa, o magistrado citou que o chat era usado "para a prática de atos criminosos e atentatórios contra o Estado democrático de direito". Moraes ainda determinou "multa ora fixada no valor de R$ 100 mil por hora de descumprimento".

Após o pleito presidencial do último domingo, 30, que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente eleito com mais de 60 milhões de votos, apoiadores de chefe do Executivo se mobilizaram para realizar atos antidemocráticos contestando os resultados das eleições.

Além de insuflar o bloqueio das rodovias, os grupos golpistas compartilhavam fake news sobre fraudes nas urnas, sem apresentar quaisquer provas, assim como informações falsas sobre o petista eleito, o processo eleitoral e a prisão de Alexandre de Moraes.

Segundo a Folha de S. Paulo, em reação, o TSE enviou uma série de ordens judiciais que remoção de grupos de Whatsapp e Telegram "que incitem grave perturbação de ambiente democrático" ou mesmo que estimule "à intervenção militar ou a aplicação desvirtuada do artigo 142 da Constituição".

Na manhã desta sexta-feira, 4, O POVO solicitou à assessoria de imprensa do órgão um levantamento com a quantidade de chats que haviam sido removidos. No entanto, o Tribunal informou que não há um balanço específico com esses dados.

Logo após o bloqueio dos chats, os bolsonaristas passaram a criar subgrupos nas plataformas na tentativa de mobilizar adesão aos atos golpistas. Também removidos, alguns deles variam entre nomes como "paralisação", "resistência civil", "intervenção federal" ou "caminhoneiros com Bolsonaro". Conforme a Folha, os grupos golpistas ainda usaram fotos de Coca-Cola na imagem dos perfis ou títulos como "varejo e atacado - SP", "Flamengo" e "Idosos no jiu-jitsu" para tentar driblar a decisão.

O POVO teve acesso a alguns desses grupos nos quais os bolsonaristas continuavam insistindo em estimular o bloqueio das rodovias. Os chats, que continham menor números de inscritos, com variação entre 300 inscritos e chegando até aproximadamente 10 mil participantes, compartilham links de novos grupos, assim como informações de locais em que os novos atos golpistas ocorreriam. Ele ainda pediam os participantes levassem mantimentos como água e comida para os pontos de encontro.

Os pedidos feitos no grupo eram que as mensagens fossem encaminhadas com rapidez, antes que os grupos fossem bloqueados pelo TSE. Ele ainda convocam correligionários para fazer "uma greve geral".

Alguns desses chats bolsonaristas acabaram sendo invadidos por apoiadores do presidente eleito Lula, que compartilham mensagens fora do contexto dos atos antidemocráticos. O intuito era tentar desarticular e desestabilizar atos de apoiadores do presidente. Uma lista que circula nos grupos bolsonaristas indica 133 números de telefone que seriam de petistas infiltrados.

Com informações da Folha de S.Paulo e Agência Estado