"Não adianta mais chorar, nós perdemos o jogo", diz Mourão sobre vitória de Lula

Vice-presidente descartou teoria de fraude nas eleições e reconheceu resultado das urnas

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) descartou as teorias bolsonaristas de que houve fraudes nas eleições de 2022 e reconheceu a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Não adianta mais chorar, nós perdemos o jogo", disse o político.

As afirmações ocorreram em entrevista ao jornal O Globo. O senador eleito pelo Rio Grande do Sul (RS) avalia que o petista não deveria ter participado do processo eleitoral. "Nós concordamos em participar de um jogo em que o outro jogador não deveria estar jogando. Mas se a gente concordou, não há mais do que reclamar", disse.

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O petista teve seus direitos políticos restabelecidos e conseguiu participar do pleito presidencial depois que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações na operação Lava-Jato, em 2021, nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. O ex-juiz Sérgio Moro, eleito este ano para o Senado e que foi ministro de Bolsonaro, ainda foi declarado "suspeito" pela 2ª Turma para julgar o presidente eleito.

"Deveria ter sido realizado quando o jogador que não deveria jogar foi (autorizado). Ali deveriam ter ido para a rua, buzina. Mas não fizeram. Existem 58 milhões de pessoas inconformadas, mas aceitaram participar do jogo. Então tem que baixar a bola", disse Mourão sobre os grupos golpistas que têm obstruído rodovias e pedido "intervenção militar" e federal por discordarem dos resultados das urnas.

"Aceitamos participar do jogo. Não considero que houve fraude na eleição. Mas um jogador não deveria estar jogando. Essa é minha visão", ressaltou o vice-presidente.

Na avaliação do senador eleito, o discurso de Bolsonaro na última terça-feira, 1º, foi "tranquilo" e "sereno". "Ele não acusou o processo eleitoral, da forma que eu achei que acusaria, não acusou o opositor. Já está estendida a ponte para que a transição seja executada, pelo Ciro Nogueira e quem for de direito da chapa do Lula".

O atual chefe do Executivo reuniu jornalistas e fez um breve pronunciamento no qual não comentou a vitória petista, mas não questionou os resultados e autorizou o início da transição de governo. O senador eleito disse que havia "aconselhado" o mandatário para realizar o discurso após derrota.

Ainda durante a entrevista, Mourão falou sobre possíveis embates e desgaste com Bolsonaro e afirmou: "Eu nunca briguei com ele publicamente. Ele reclamava de mim, pô. É aquela história, eu tenho noção, né? No atacado nós temos o mesmo pensamento, mas a forma de fazer as coisas é outra", disse.

Na sequência, o vice-presidente classificou o mandatário como "um sujeito mais incisivo" e "verborrágico", além de afirmar que tem um perfil diferente. "Ele sempre foi deputado. Na Câmara, se você não se destaca pela peleia, é engolido. E o papel do Bolsonaro era meter o dedo nos outros. E ele continua fazendo esse papel. E eu nunca fui disso, eu passei dessa fase na minha vida", afirmou, acrescentando que pretende "agregar pessoas" em torno das ideias que vai defender no Senado.

O político ainda comentou a conversa que teve com Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, após o resultado. Ele afirma que ainda disse que "é de boa educação" se dirigir ao ex-governador de São Paulo e dizer: "Estamos em condição de recebê-lo, que a casa em que ele vai morar está em condições de ser vistoriada".

Mourão ainda confirmou que pretende se candidatar, futuramente, à presidência do Senado, mas que vai "chegar como aluno em aprendizagem para entender como funciona o mecanismo''. O senador eleito ainda acenou para Lula e disse que vai dialogar com o Governo Federal durante o mandato.

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