Profissão Repórter flagra suspeita de assédio eleitoral em favor de Bolsonaro

Os alvos das ações eram beneficiários do Auxílio Brasil

09:30 | Nov. 02, 2022

Por: Júlia Duarte
A equipe flagrou reuniões organizadas pela prefeitura com beneficiários do Auxílio Brasil (foto: Reprodução/Profissão Repórter )

Em reportagem veiculada nesta terça-feira, 1º, o jornalista Caco Barcellos e sua equipe do Profissão Repórter flagraram uma suspeita de assédio moral e de compra de votos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), poucos dias antes das eleição realizada no domingo, 30. A mobilização foi organizada pela prefeitura de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, faltando menos de 48h para o segundo turno.

Os alvos das ações eram beneficiários do Auxílio Brasil, que foram convocados a participarem de reuniões. Nos encontros com funcionários da prefeitura, os beneficiários eram ameaçados com o corte de verbas do auxílio ou da continuação de construção de equipamentos públicos, conta uma das testemunhas.

"Eles chegaram lá e falaram sobre o Auxílio Brasil. E foi só sobre política. Que teria que votar no 22 (número da urna de Bolsonaro), porque não teria mais verba para vir para cá (município), pararia de fazer o asfalto, as escolas. Se você chega lá e está precisando, se precisa do auxílio para sobreviver e o vale renda, você muda seu voto na hora. Pediram para colocar o nome, o documento e telefone. Para mim, aquilo foi uma pressão", diz uma moradora. 

“Antes não tinha essa reunião, não. Disse que era para assinar o negócio do Bolsa Família. Aí ontem que eu ouvi falando que, quando acaba a reunião, o Rudi [Rudi Paetzold, MDB] dá R$ 50 para cada um. Rudi é o prefeito daqui”, contou uma mulher que mora ao lado de onde aconteceu as reuniões.

"Tem a ver de demonstrar o que o presidente e o governador está fazendo pelas pessoas", disse uma das funcionárias da prefeitura. O atual governador de Mato Grosso do Sul é Reinaldo Azambuja (PSDB), que declarou apoio à candidatura do presidente. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, ele chama o chefe do Executivo de “amigo” e diz que ia trabalhar para sua reeleição.

O prefeito da cidade negou ter organizado as reuniões e disse não estar no município nas datas. Segundo ele, os encontros foram organizados pela Secretaria de assistência social.

Caco Barcellos, do Profissão Repórter, flagra suspeita de assédio eleitoral em favor de Bolsonaro no Mato Grosso do Sul. Os alvos eram beneficiários do Auxílio Brasil.

A reportagem foi ameaçada pra não continuar investigando. pic.twitter.com/riYmU96Dks

— Jogo Político (@jogopolitico) November 2, 2022