Mourão: 'Tenho quase certeza de que o Presidente vai passar faixa (presidencial)'

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), e agora senador eleito pelo Rio Grande do Sul, avaliou nesta terça-feira, 1º, que o presidente Jair Bolsonaro reconheceu "implicitamente" a derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições ao agradecer pelos votos recebidos no segundo turno. Em pronunciamento no Palácio da Alvorada hoje, o chefe do Executivo disse que cumprirá a Constituição, mas não mencionou a vitória de Lula.

Mourão disse que considerou o pronunciamento de Bolsonaro "muito bom, excelente" e confirmou que não foi convidado para estar ao lado do chefe no Executivo, que deu as declarações no Alvorada acompanhado por ministros do governo.

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"Implicitamente, quando ele agradece os votos, ele reconhece a vitória de Lula", afirmou o vice-presidente a jornalistas, na saída do Palácio do Planalto. "Aí é uma questão de foro íntimo de cada um", respondeu Mourão sobre o fato de o presidente não ter parabenizado o adversário por vencer as eleições.

Faixa

Mourão também disse que tem "quase certeza" de que o presidente Jair Bolsonaro vai passar a faixa presidencial para o petista Luiz Inácio Lula da Silva, um ato tradicional e simbólico na posse presidencial.

"Isso é uma situação hipotética. Vamos aguardar o momento. Ele pode determinar que eu faça, ele pode dar outra determinação. Vamos aguardar. Mas eu tenho quase certeza de que o presidente vai passar a faixa. O que ele falou hoje? Que cumprirá as tarefas dele como presidente e o que está previsto na Constituição. Não está previsto que ele entregue a faixa para o outro?", declarou Mourão a jornalistas, na saída do Palácio do Planalto.

Transição

Na mesma ocasião, Mourão confirmou que fez uma "comunicação institucional" ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) sobre o processo de transição de governo e uma eventual visita do futuro ocupante de seu cargo ao Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.

"Não marquei nada. Eu fiz uma comunicação institucional do atual vice-presidente para o futuro dizendo que estamos em condições de apresentar estrutura e os trabalhos em andamento, assim como a minha esposa está em condições de mostrar o Palácio do Jaburu para a esposa dele. Algo institucional", contou Mourão a jornalistas, na saída do Palácio do Planalto.

Protestos

Sobre os bloqueios promovidos por apoiadores do Presidente em diversas rodovias do País por não concordarem com o resultado da eleição, Mourão disse que todo protesto que "cerceie o ir e vir" de pessoas e bens "não é válido".

"Ele Bolsonaro disse que os protestos não podem interferir na vida das pessoas, que é a forma como eu penso. E serem feitos dentro da ordem, ou seja, não impedir o direito de ir e vir das pessoas. Você pode fazer protesto, ali, o caminhão na beira da estrada, mas não bloqueia a estrada", declarou Mourão a jornalistas, na saída do Palácio do Planalto.

"O presidente deixou claro, e eu também deixo claro, que todo e qualquer protesto que cerceie o ir e vir, seja de pessoas ou de bens, não é válido. Isso é uma forma que o pessoal da esquerda faz muitas vezes, e o presidente se referiu a isso. Então, nós, que somos da direita, não podemos repetir essa forma de protestar", acrescentou o vice-presidente.

Em pronunciamento no Palácio do Alvorada hoje, Bolsonaro disse que o fechamento de estradas federais por seus apoiadores são "fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral". Ele ponderou, no entanto, que os métodos de manifestação devem ser outros. "As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", afirmou Bolsonaro.

Após o chefe do Executivo terminar o discurso, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que o presidente o havia autorizado a iniciar o processo de transição de governo. Em nota, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que o chefe do Executivo reconheceu o resultado das eleições ao determinar o início da transição.

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