Após Lula vencer, filho relembra morte da mãe cearense por Covid: "Agora sim, descanse em paz"

Maria Socorro nasceu no município do Crato, no interior do Ceará, e morreu em 2020

Jorge Silva, rapper paulista mais conhecido como JRG, viralizou nesta segunda-feira, 31, após relatar em tuíte a morte de sua mãe ocorrida em 2020 decorrida da Covid-19. O artista publicou em seu perfil que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) fez sua matriarca descansar em paz. Ele também destacou a importância do Ceará - terra natal dela - para a eleição de Lula.

"O dia que a senhora morreu foi o dia que o Brasil atingiu 20 mil mortos por Covid e o presidente ficou rindo mãe, ele perguntou até quando eu ia chorar. Bom, chorei até hoje. Foi o seu Ceará que tirou esse lunático de lá. Obrigado. Bença, mãe. Te amo", escreveu JRG. O tuíte, até a publicação desta matéria, tem mais de 194,7 mil curtidas, 19,5 mil retuítes e 1,8 mil comentários.

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— JRG (@jrgoficial) October 31, 2022

Ao O POVO, Jota - como prefere ser chamado - contou que Maria Socorro, de 74 anos, trabalhava como feirante ao lado do esposo, Jorge Beltrano, 64. Ambos vendiam alho e cebola numa feira de São Paulo, mas ela também vendia produtos de artesanato no local como imãs de geladeira e enfeites natalinos, confeccionados pela cearense natural do Crato.

Em 2020, quando a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, o casal permaneceu trabalhando para garantir o sustento, visto que esta era sua única fonte de renda, tomando as medidas de segurança necessárias. Segundo o artista, o Auxílio Emergencial ainda não tinha sido iniciado pelo Governo Federal.

"Tudo aconteceu muito rápido, questão de uma semana. Meu pai me ligou dizendo que ela estava respirando com dificuldade. Ele tinha chamado uma ambulância e não tinha chegado. Peguei meu carro, atravessei a cidade, busquei ela e levei ao hospital", relatou. O fato de sua esposa, Ana Carolina, 36, ser enfermeira contribuiu para melhor direcionamento.

Maria - que teve remissão de um câncer - chegou na unidade de saúde com saturação de 60%, níveis considerados adequados devem estar entre 97% e 98%. "Ela chegou no hospital na terça e quinta teve melhora. Nos dias seguintes ela piorou e na terça seguinte me ligaram dando a notícia do falecimento dela. Ela não infringiu nenhuma regra, não violou e se protegeu. Manteve as medidas de segurança. Meu pai não entrava em casa com a mesma roupa que ele vinha da feira. Tentaram ao máximo manter contato", relembrou Jota.

O casal era comerciante em São Paulo, onde vendiam alho e cebola numa feira local
O casal era comerciante em São Paulo, onde vendiam alho e cebola numa feira local (Foto: Arquivo Pessoal)

O rapper ressalta que, no rap, vários artistas retratam as consequências que as pessoas podem ter caso entrem "para o crime", como a possibilidade de ter seu "caixão lacrado", dado a forma violenta do falecimento. Jorge, contudo, mencionou a mesma cena durante o velório de Maria Socorro.

"Minha mãe, um doce de pessoa, teve caixão lacrado. Ela morreu sem honra. Sem poder se despedir dos amigos e familiares dela. Só estavam presentes no cemitério eu, meu pai, minha esposa e o coveiro", lamentou o filho. A morte de Maria Socorro ocorreu no dia 19 de maio de 2020. Naquele não, a mãe não comemorou o aniversário do filho, nem o Dia das Mães.

Repercussão

JRG explica que sua comemoração não se deu especificamente pelo fato de o ex-presidente Lula retornar ao Palácio do Planalto, porém pela saída de Jair Bolsonaro. "Expliquei às pessoas que não era pelo Lula. Foi por remover do poder uma figura que flerta com fascismo, racismo, desprezo pela ciência e menosprezo pela vida das pessoas", reiterou.

O artista - que pegou gosto pela música por influência de sua mãe - compôs uma canção para Maria Socorro chamada de "19 de Maio", em referência à data de seu falecimento. E por meio do seu tuíte viral, "mais de 90 mil pessoas conheceram minha mãe, conheceram a música que fiz para ela".

"As pessoas se sentiram representadas por essa música. Minha mãe deixou um legado e agora levo conforto através da minha arte", finalizou.

Para ele, o governo Bolsonaro poderia ter evitado a morte de Maria e outras vítimas, caso tivesse agido de forma mais rápida na elaboração e aprovação do Auxílio Emergencial. Tal fator teria - conforme análise - propiciado maior adesão ao distanciamento sem que as pessoas arriscassem a vida. São Paulo foi uma das cidades do Brasil com menor índice de adesão ao Lockdown, ficando abaixo de 60%, percentual recomendado à época pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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