Silêncio de Bolsonaro após derrota vira pauta em jornais internacionais

Até a tarde desta segunda-feira, 31, o presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL) não se pronunciou nem conversou com seus ministros sobre o resultado das eleições de 2022.

16:56 | Out. 31, 2022

Por: Mariana Lopes
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (foto: NELSON ALMEIDA / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está há mais de 20 horas sem dar declarações sobre sua derrota no segundo turno das eleições de 2022. A postura virou pauta nos jornais internacionais. The New York Times, El País, The Guardian e outros veículos deram destaque à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao silêncio do atual presidente.

Jair Bolsonaro (PL) é o 1º derrotado a não se manifestar logo após o anúncio do resultado. Desde 1989, quando foram realizadas as primeiras eleições após a ditadura militar (1964-1985), o candidato à Presidência derrotado sempre se manifestou logo após o resultado oficial. O petista foi eleito às 19h57 deste domingo, 30, com 50,90% dos votos válidos, contra 49,1% de Bolsonaro.

Em Portugal, o jornal Público escreveu sobre o silêncio do atual presidente. Na reportagem, o jornal cita informações do jornal O Estado de S. Paulo, que noticiou que líderes evangélicos disseram que Bolsonaro está "inacessível".

“Como irá reagir Jair Bolsonaro à derrota nas presidenciais? Era uma das grandes incógnitas da noite eleitoral de domingo, no Brasil, dadas as repetidas suspeitas que o Presidente lançou sobre o sistema de voto durante grande parte da campanha; e vai continuar a ser durante, pelo menos, mais umas horas. Pela primeira vez desde 1998 – quando foi introduzido o voto electrônico no país –, não houve declarações públicas de um dos candidatos”, diz o primeiro parágrafo da reportagem portuguesa. 

Já nos Estados Unidos, o jornal norte-americano The New York Times disse no título de uma reportagem que Bolsonaro permanece "silencioso", enquanto o país se prepara para uma "turbulência".

“Seu silêncio estava se tornando cada vez mais preocupante porque Bolsonaro, um líder de extrema-direita muitas vezes comparado ao ex-presidente Donald J. Trump, vem alertando há meses que pode não aceitar a derrota , levantando preocupações sobre a estabilidade do maior país da América Latina e um das maiores democracias do mundo”, escreveu o jornal.

O The Guardian, veículo do Reino Unido, noticiou o isolamento do presidente, caracterizou a eleição de Lula como um "retorno impressionante" e reconheceu as parabenizações de líderes mundiais ao candidato eleito.

“Um fluxo de líderes mundiais deu um passo à frente para reconhecer o impressionante retorno político de Lula, incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, o líder russo, Vladimir Putin, e o chefe do Partido Comunista da China, Xi Jinping. Luiz Inácio Lula da Silva comemora após vencer as eleições presidenciais de domingo no Brasil. Mas Bolsonaro – um radical pró-ditadura que repetidamente deu a entender que pode não aceitar a derrota – ainda não cedeu”, afirmaram os primeiros parágrafos da reportagem inglesa.

O também britânico Telegraph publicou matéria sobre o silêncio do presidente, dizendo que a dúvida se Bolsonaro irá aceitar o resultado da eleição pode sinalizar potenciais agitações no país.

“O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou nesta segunda-feira dúvidas sobre se seu rival Jair Bolsonaro reconheceria os resultados da eleição , prenunciando uma potencial agitação no país”, escreveu o jornal britânico.

O espanhol El País seguiu a mesma linha, citando a falta de comunicação de Bolsonaro e destacando o retorno do petista a um "Brasil dividido". O jornal afirmou ainda que o resultado foi "o mais apertado da democracia moderna brasileira".

“O Brasil ainda espera nesta segunda-feira que o presidente, Jair Bolsonaro, aceite a derrota. Ou pelo menos diga algo sobre os resultados da segunda rodada de domingo, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro se isolou à noite no Palácio da Alvorada, residência dos presidentes em Brasília, foi dormir cedo e nem falou com seus ministros”, informou o veículo espanhol.