Mercadante: Jefferson foi a 'bomba do Riocentro' da campanha de Bolsonaro

Para uma das principais lideranças da campanha do PT, o ex-ministro Aloizio Mercadante, o episódio em que o ex-deputado e aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Jefferson (PTB), alveja policias federais em sua casa no interior do Rio de Janeiro foi uma espécie de "bomba do Riocentro que estourou no colo de Bolsonaro".

"O episódio do Roberto Jefferson era uma tentativa de afronta ao TSE, para fazer um suposto levante militar, que foi como a bomba do Rio Centro e estourou no colo dele", disse Mercadante. Ele falou a jornalistas na manhã deste sábado no hotel onde a campanha petista pernoitou, na Barra da Tijuca, no Rio, após o último debate presidencial.

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Mercadante fazia referência ao atentado do Riocentro, malfadada operação terrorista perpetrada por militares do Exército e da Polícia Militar do Rio de Janeiro em 30 de abril de 1981. O objetivo era incriminar grupos que se opunham à ditadura militar e justificar a eventual utilização do aparato de repressão, retardando a abertura política no País.

Naquele dia, se encontravam no centro de convenções Riocentro, na zona oeste do Rio, cerca de 20 mil pessoas para um show em comemoração do Dia do Trabalhador. Uma das bombas do ataque explodiu precocemente, dentro do carro dos agentes, matando um deles na hora e ferindo outro gravemente. Depois da explosão, que alarmou o público, os militares desistiram de seguir com o ataque. O episódio foi ímpar na desmoralização do regime militar.

Assim como na ocasião, sugere Mercadante, o tiro teria saído pela culatra, causando sérios problemas para a campanha bolsonarista, que parou de crescer nas pesquisas de intenção de voto. Ele elenca o episódio entre uma série de erros que fragilizaram a campanha de Bolsonaro, como a declaração de "pintou um clima" relacionada a menores de idade venezuelanas, o estudo do ministério da Economia para não reajustar o salário mínimo, e os mais recentes questionamentos de Bolsonaro ao TSE sobre inserções de rádios no Nordeste, cuja fiscalização, disse Mercadante, sempre coube às próprias legendas.

O ex-ministro avalia que o episódio de Jefferson fez um estrago relevante na campanha adversária.

"A forma grosseira como o Roberto Jefferson tratou a ministra (do STF) Carmen Lúcia (a quem chamou de 'prostitua arrombada' em vídeo). Isso é inaceitável em uma sociedade civilizada. Depois, atirar contra policiais, atirar granadas. Isso expressa o fracasso dessa política de Bolsonaro de estimular ódio e armas", afirmou Mercadante.

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