Rádio de pai de ministro é citada em relatório entregue ao TSE pela campanha de Bolsonaro
O ministro foi um dos que organizou a entrevista que apresentou a denúncia sobre as rádios
10:27 | Out. 29, 2022
A Agreste FM é uma das rádios que aparecem no relatório enviado ao Tribunal Superrior Eleitoral (TSE) pelo partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) na acusação de que as emissoras estariam preterindo o material do presidente. A rádio tem como um dos sócios Robson Faria, pai do ministro das Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria (PSD). O ministro foi um dos que organizou a entrevista que apresentou a denúncia.
A rádio do Rio Grande do Norte é citada no documento entregue pelo PL, que tentava comprovar que as rádios estariam veiculando mais inserções de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro no segundo turno. O TSE considerou que o relatório tinha falhas e arquivou a investigação.
Segundo esse levantamento, a rádio do pai do ministro que opera em Nova Cruz teria veiculado cinco inserções do PT contra duas do partido do presidente entre 7 e 11 de outubro. À Folha de S.Paulo, o ministro confirmou que o pai é sócio da rádio, mas quem comandaria a emissora seria Cid Arruda, ex-prefeito da cidade pelo PSB.
Farias disse não ter "nada a ver com isso", mencionando a estratégia de questionar a veiculação dos programas de rádio."Isso mostra que eu não agi em favor de ninguém para montar essa lista. É uma relação de emissoras que foi feita depois que integrantes da campanha ouviram que algumas rádios no Nordeste não estavam veiculando os programas de Bolsonaro", afirmou à Folha de S. Paulo.
Faria e o marqueteiro Fabio Wajngarten, que também participou da organização da divulgação do questionamento, usaram as redes sociais para negar que o objetivo era pedir o adiamento das eleições. No entanto, o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL), foi um dos que sugeriu publicamente a mudança da data.
"A campanha do presidente Bolsonaro jamais cogitou pedir adiamento da eleição. Tudo o que fizemos foi denunciar um gravíssimo prejuízo à nossa campanha e solicitar a reposição das inserções que nos foram tiradas injustamente, como o ministro Faria disse", disse Wajngarten pelo Twitter.
Ele negou que houve arrependimento sobre a coletiva, mas lamentou que um "tema técnico escalasse para uma discussão política na qual pessoas externas à campanha insinuaram o adiamento". Farias, no tentando, disse ter se arrependido de ter participado do momento pela repercussão para a campanha de Bolsonaro.
Alexandre de Moraes rejeitou o pedido da campanha do presidente Jair Bolsonaro para suspender a veiculação das inserções do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na decisão, Moares arquiva o processo pela "inépcia" e encaminha a decisão ao procurador-geral eleitoral, Augusto Aras, para que analise possível "cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno".
Além disso, pede que Aras avalie instaurar um processo administrativo para apurar o eventual "desvio de finalidade" na utilização de recursos do fundo partidário pela campanha de Bolsonaro.