Planos de governo de Lula e Bolsonaro ignoram prevenção de epidemias
O estudo é da Rede de Pesquisa Solidária, que reúne cientistas políticos, sociólogos, médicos, psicólogos e antropólogosMesmo com persistente taxa de infecção, alto volume de mortes e apresentando desafios que podem sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS), um programa abrangente de controle da covid-19 não aparece nos planos de governo de candidatos à Presidência, alerta um grupo de mais de cem pesquisadores. A vacinação e a preparação para epidemias futuras também não constam entre os tópicos abordados nos documentos.
O estudo é da Rede de Pesquisa Solidária, que reúne cientistas políticos, sociólogos, médicos, psicólogos e antropólogos, de instituições como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal de Alagoas e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Eles analisaram como temas relacionados à saúde pública aparecem nos planos dos postulantes.
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De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, o País soma mais de 34,6 milhões de casos confirmados e 685,8 mil mortes pela covid-19. A média móvel de novas infecções está em 6.809 e de vítimas, 57.
Coordenadora científica da Rede e professora do departamento de Ciência Política da USP, Lorena Guadalupe Barberia avalia que a pandemia no debate eleitoral parece ser uma "questão do passado" e "superada", quando, na verdade, mundialmente, "fatos novos estão sendo esclarecidos".
"Como o Brasil é o segundo país com mais óbitos no mundo - proporcionalmente, se pensamos em óbitos por 100 mil habitantes -, chama atenção que o enfrentamento do desafio não está contemplado de uma forma detalhada nos planos dos candidatos."
De acordo com o estudo, nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Jair Bolsonaro (PL) apresentam propostas sobre vigilância epidemiológica, atuação do Ministério da Saúde (articulação e níveis de governo) e acesso a tratamentos para reduzir gravidade de casos de covid e evitar morte pela doença. O petista aborda apenas a retomada de exames e consultas represados na pandemia e a assistência a pacientes com covid longa e sequelas, além de vacinação.
Levantamento do Estadão mostrou que a pandemia não retirou apoio a Bolsonaro nas cidades com mais óbitos pela covid. O presidente venceu o primeiro turno da eleição para o Palácio do Planalto em 66 dos cem municípios com maior mortalidade para doença, enquanto Lula foi o mais votado em 33. Ambos empataram em Ribeirão do Sul (SP).
O Estadão procurou as campanhas de Lula e de Bolsonaro, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.