Eleições 2022: Quem são os maiores doadores das campanhas de Lula e Bolsonaro?
Bolsonaro teve o apoio de empresários e ruralistas, enquanto Lula contou mais com o apoio do partido e de um financiamento coletivoA poucos dias das eleições, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) executam últimos esforços para tentar vencer a disputa pela Presidência da República. Ambos os candidatos receberam mais de R$ 100 milhões para impulsionar suas candidaturas, mas o perfil de onde vem esse dinheiro é muito diferente entre os dois. Enquanto Lula teve 96,3% das suas receitas vindas do Partido dos Trabalhadores (PT), Bolsonaro contou com transferências milionárias de empresários e ruralistas.
O atual chefe do Executivo teve à disposição, entre o primeiro e segundo turno, um total líquido de R$105.249.567. Desse valor, apenas 18,2% representou doações vindas dos partidos que apoiam o presidente. O restante, um montante de mais de R$ 85 milhões, chegou aos cofres da campanha por meio de contribuições de pessoas físicas.
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Conforme os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Fabiano Campos Zettel foi quem mais doou para a campanha de Bolsonaro, desembolsando R$ 3 milhões. Ele é pastor da Igreja Evangélica Bola de Neve, conhecida por ser destinada ao público jovem. Fabiano também é o maior fiador da campanha do ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concorre ao Governo de São Paulo.
O segundo que mais transferiu para a campanha do presidente foi o empresário brasileiro José Salim Mattar Junior. Ex-secretário de Desestatização do Governo Bolsonaro, ele é presidente da Localiza, empresa conhecida por aluguéis de automóveis. Além dos R$ 1,8 milhão que Salim doou, a Localiza também teve outros acionistas financiando a campanha do presidente. Antônio Cláudio Brandão Resende e Flávio Brandão Resende juntos doaram R$1,2 milhão.
Aparece também na lista dos maiores doadores, Hugo de Carvalho Ribeiro, acionista do conglomerado agrícola Amaggi e cunhado do ex-ministro da Agricultura de Michel Temer (MDB), Blairo Maggi. A doação foi no valor de R$ 1,2 milhão. O mesmo valor foi doado por um antigo apoiador de Bolsonaro, Luciano Hang, proprietário da rede de lojas de departamentos Havan.
Os irmãos Alexandre e Pedro Grendene, empresários do setor de calçados, foram outros com doações milionárias para a campanha de Bolsonaro. Cada um desembolsou R$ 1 milhão para financiar o chefe do Executivo.
A dupla foi atuante também na campanha eleitoral no Ceará, durante o primeiro turno. Juntos, eles doaram um montante de R$ 1,5 milhão para Elmano Freitas (PT), agora governador eleito. A Capitão Wagner (União Brasil), os irmãos transferiram R$ 750 mil. A Grendene possui nove fábricas no Ceará, distribuídas entre os municípios de Sobral, Fortaleza e Crato, sendo responsável por marcas de calçados como Melissa e Ipanema.
Do ramos das empresas com maior contato com o público e que apoiaram Bolsonaro, está a do ramo da limpeza Ypê. Quatro membros da família Beira, responsável pela marca, aparecem na lista. Ana Maria Veroneze Beira, a matriarca do grupo, e seus filhos Jorge Eduardo Beira, Antonio Ricardo Beira e Waldir Beira Junior doaram quantias a Bolsonaro que somam R$ 1,5 milhão.
Do setor do agronegócio, a campanha de Bolsonaro teve forte apoio de Cornélio Adriano Sanders, do Grupo Progresso, que atua no setor do agronegócio, com o cultivo de soja e milho, e Oscar Luiz Cervi, dono de uma das maiores plantações de soja, milho e algodão do Brasil. Ambos doaram R$ 1 milhão.
O apoio de empresários do setor agropecuário era esperando na candidatura de Bolsonaro. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Sérgio Souza (MDB-PR), confirmou o apoio da bancada ruralista ao presidente no segundo turno. O chefe do Executivo teve em 77 dos cem municípios mais ricos pelo agronegócio.
Segundo o TSE, há o registro de 366.903 transferências para a campanha de Bolsonaro, entre pessoas físicas e partidos, sendo possível enviar mais de uma vez. As quantias variam entre pix de R$ 2 até os R$ 3 milhões da transferência eletrônica de Fabiano Campos Zettel.
A partir das eleições de 2016, a aprovação da reforma eleitoral proibiu a transferência de recursos via empresas, o que aumentou o fluxo de movimentações envolvendo os donos de empreendimentos.
A barreira impede a influência do poder econômico nas eleições, mas não impossibilita que donos das empresas continuem financiando as campanhas na modalidade pessoa física. A legislação, contudo, limita as contribuições a 10% da renda bruta anual declarada pelo doador no imposto de renda.
A campanha eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi construída com doações provindas de setores muito diferentes. O petista teve um montante maior que seu adversário, somando R$ 126,8 milhões em receitas para a corrida eleitoral. No entanto, apenas 1,33% veio de pessoas físicas, sendo o Partido dos Trabalhadores (PT) o maior financiador da campanha.
O partido de Lula transferiu dos fundos eleitoral e partidário cerca de R$ 122 milhões para recursos do candidato. O financiamento coletivo, em que as pessoas podiam fazer doações, foi a segunda maior renda do petista. Entre as pessoas físicas, o maior valor recebido foi de R$ 600 mil do ex-vereador da cidade de Ipatinga (MG) , Altair Vilar Guimarães. Ele é proprietário do Grupo Cartão de Todos Internacional.
Beatriz Sawaya Botelho Bracher, ex-CEO do banco Itaú, aparece na lista com uma transferência de R$ 150 mil. Hélio Martins Tristão, fundador da Cooperativa Vida Nova e Marilene Trappel de Lima, presidente da cooperativa, também aparecem na lista com R$ 113 mil e R$ 95 mil, respectivamente.
Sandra Marques de Jesus Silva, empresária do setor de transporte, contribuiu com R$ 105 mil à campanha do petista. Marcelo Pereira Lopes de Medeiros, co-fundados da Lanx Investimentos, e Shawqi Hilal Mohd Naser, sócio da companhia Viamar Internacional transferiram cada um a quantia de R$ 100 mil. Na página de Lula no TSE, há 64 registros de pessoas físicas doando valores que variam entre R$ 2 e o valor máximo doado por Altair Vilar Guimarães, R$ 600 mil reais.
A campanha de Lula tem trabalhado para aumentar o apoio do setor empresarial. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que concorreu com Lula no primeiro turno, o economista Armínio Fraga e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) se reuniram, na semana passada, com cerca de 650 empresários, banqueiros, CEOs e economistas para tentar convencer o voto do setor em Lula e Alckmin(PSB) no segundo turno.
10 maiores doadores da campanha de Jair Bolsonaro
Partido Liberal
R$ 17 milhões
Fabiano Campos Zettel (Pastor da Igreja Evangélica Bola de Neve)
R$ 3 milhões
Partido Progressistas
R$ 2 milhões
José Salim Mattar Junior (empresário brasileiro, presidente da Localiza, empresa de aluguéis de automóveis)
R$ 1,8 milhões
Hugo de Carvalho Ribeiro (acionista do conglomerado agrícola Amaggi)
R$1,2 milhões
Luciano Hang (proprietário da rede de lojas de departamentos Havan)
R$ 1,2 milhões
Alexandre Grendene Bartelle (fundador da Grendene, maior fabricante mundial de sandálias)
R$ 1 milhão
Cornélio Adriano Sanders (Grupo Progresso, que atua no setor do agronegócio)
R$ 1 milhão
Oscar Luiz Cervi (grande produtor de soja e algodão)
R$ 1 milhão
Pedro Grendene Bartelli (fundador da Grendene, maior fabricante mundial de sandálias)
R$ 1 milhão
Ralph Gustavo Rosenberg Whitaker Carneiro (empresário do setor de investimentos e energia)
10 maiores doadores da campanha de Lula
PT
R$ 122 milhões
Financiamento coletivo
R$ 1,9 milhões
PSB
R$ 1,035 milhão
Altair Vilar Guimarães (o ex-vereador da cidade de Ipatinga (MG) e proprietário do Grupo Cartão de Todos Internacional)
R$600 mil
Beatriz Sawaya Botelho Bracher(ex-CEO do banco Itaú)
R$150 mil
Hélio Martins Tristão(fundador da Cooperativa Vida Nova
R$ 113 mil
Sandra Marques de Jesus Silva (empresária do setor de transporte)
R$ 105 mil
Marcelo Pereira Lopes de Medeiros (co-fundador da Lanx Investimentos)
R$100 mil
Shawqi Hilal Mohd Naser (sócio da companhia Viamar Internacional)
R$100mil
Marilene Trappel de Lima (presidente Interina da Cooperativa Habitacional Vida Nova)
R$ 95 mil