"Me arrependi profundamente", diz Fábio Faria sobre coletiva para denunciar rádios
Ministro das Comunicações revelou ter recuado das acusações ao perceber que aliados mais próximos a Jair Bolsonaro estariam usando a situação para falar em adiamento das eleições
17:43 | Out. 28, 2022
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse ter se arrependido profundamente da coletiva de imprensa convocada por ele para denunciar rádios sobre supostas irregularidades em inserções da propaganda eleitoral gratuita. Em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o aliado de Jair Bolsonaro (PL) admitiu que o papel de fiscalizar a veiculação das peças de campanha cabe ao partido do presidente e não ao TSE.
"Me arrependi profundamente de ter participado daquela coletiva", afirmou o ministro. Segundo Faria, a ideia ao convocar os jornalistas era fazer um acordo com o TSE para resolver o suposto problema apontado na auditoria interna da campanha.
O ministro recuou quando disse perceber que aliados mais próximos ao presidente – incluindo o filho Eduardo Bolsonaro – estariam utilizando a coletiva como esteio para pedir o adiamento das eleições. "Eu fiquei imediatamente contra tudo isso. Fui o primeiro a repudiar. Isso prejudicaria o presidente Bolsonaro", disse.
Faria revelou que, por discordar do comportamento de alguns auxiliares de Bolsonaro, resolveu "sair de cena" após decisão do ministro Alexandre de Moraes que rejeitou a petição da campanha de Bolsonaro. "Se eu soubesse que (a crise) iria escalar, eu não teria nem entrado nesse assunto", contou.
Na entrevista, o chefe das Comunicações também reconheceu que, se houve possíveis inconsistências na veiculação das peças sonoras da propaganda no rádio, a fiscalização não cabia ao TSE. "A falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal", afirmou.
A denúncia apresentada pela campanha do presidente foi arquivada por Moraes na última quarta-feira, 26, dois dias após os advogados do candidato à reeleição protocolarem a ação no TSE.
Ao negar a petição, o presidente da corte eleitoral apontou falta de provas, tentativa de tumultuar o segundo turno das eleições e ainda determinou que a Procuradoria-Geral Eleitoral investigue possível crime eleitoral dos autores da denúncia.
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