'A noite promete', diz Marinho ao publicar vídeo de Bebianno sobre Bolsonaro
O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), publicou nesta sexta-feira, 28, um vídeo nas redes sociais com um depoimento do ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em março de 2020. "A noite promete", escreveu Marinho na postagem no Twitter, publicada às 9h59, a primeira publicação feita por ele nessa rede desde fevereiro. Na noite desta sexta-feira, 28, Bolsonaro, candidato à reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato pelo PT, se enfrentarão no debate eleitoral da TV Globo, o último antes da votação em segundo turno, no domingo.
Após o comentário sobre o que poderia acontecer "à noite", Marinho escreveu o versículo bíblico que serviu de mote de campanha de Bolsonaro nas eleições de 2018, frequentemente repetido ao longo do governo e, também, na campanha à reeleição: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Procurado, nesta sexta-feira, 28, para comentar sobre a postagem com o vídeo do ex-ministro, Marinho não respondeu ao pedido de entrevista.
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Bebianno ocupou cargo de presidente interino do PSL, foi um dos principais nomes da campanha de Bolsonaro em 2018, trabalhou na transição de governo e depois foi nomeado como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, logo no início do mandato, em 2019. No vídeo publicado por Marinho nesta sexta-feira, 28, com apenas 35 segundos, Bebianno reconta uma passagem durante a campanha eleitoral de 2018.
"Ele (Bolsonaro) virou para mim e falou assim: 'Gustavo, você está isso assim de se tornar ministro da Justiça'. Eu botei as mãos assim, uma em cada joelho dele e disse: 'Capitão, só tem uma coisa que lhe peço. Não faço questão de nada, nunca lhe pedi nada, mas tem uma coisa que quero lhe dizer: a única coisa para a qual não estou preparado é para ser deixado pelo caminho'. E ele (Bolsonaro) deu a palavra de honra dele de que isso não aconteceria, que ele jamais deixaria um soldado pelo caminho", diz Bebianno.
Bebianno se aproximou de Bolsonaro no início de 2017. Ele se tornou presidente nacional do PSL quando o hoje presidente da República ingressou no partido. Depois de coordenar a vitoriosa campanha de 2018 e ser nomeado ministro, Bebianno foi também o primeiro a ser demitido por Bolsonaro, em fevereiro de 2019, após a revelação de suspeitas do uso de candidaturas "laranjas" pelo PSL no pleito de 2018 e depois de ser alvo de críticas de um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio pelo PL.
Bebianno considerava a demissão uma traição. Após deixar o governo, passou uma temporada nos Estados Unidos. Na volta ao Brasil, se aproximou do ex-governador João Doria. Filiado ao PSDB, o ex-ministro seria candidato do partido à Prefeitura do Rio, nas eleições de 2020.
Quartel-general
Amigo de Bebianno, Marinho, além de candidato a suplente de Flávio Bolsonaro, trabalhou na campanha presidencial de 2018. Sua mansão no Jardim Botânico, zona sul do Rio, serviu de "quartel-general" informal da campanha no período eleitoral e durante a transição de governo. Sediou de reuniões políticas a gravações de propaganda eleitoral.
Marinho seguiu Bebianno no rompimento com a família Bolsonaro. Também se filiou ao PSDB e assumiu a condição de pré-candidato a prefeito, no início de 2020, após a morte do amigo. Posteriormente, o empresário desistiria da candidatura - ainda em 2020, faria acusações de vazamento de informações relacionadas ao caso da "rachadinha" no gabinete parlamentar de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando o hoje senador era deputado estadual.
Este mês, Marinho declarou apoio ao ex-presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais. No início deste ano, colaborou com a pré-campanha do então pré-candidato à Presidência André Janones (Avante), deputado federal reeleito, que se aliou a Lula ainda no primeiro turno e integra o núcleo de campanha do petista. O empresário declarou o apoio a Lula publicamente num evento de campanha em São Paulo.
Após a declaração pública de apoio por Marinho, Janones vinha insinuando, nesta reta final da campanha do segundo turno, que poderia ter recebido supostas informações comprometedoras contra o presidente Bolsonaro, que teriam sido armazenadas por Bebianno.
Quando o ex-ministro morreu, Marinho informou a jornalistas, durante o velório do amigo, que Bebianno trabalhava em em um livro sobre os bastidores da campanha presidencial de 2018. Além do livro, uma semana antes de morrer, Bebianno teria gravado imagens para um documentário sobre as eleições vencidas por Bolsonaro, afirmou o empresário, na ocasião.