Quem são os eleitores indecisos e qual o impacto da abstenção para o 2º turno?

Na reta final das eleições, os candidatos buscam conquistar os votos dos indecisos

14:00 | Out. 26, 2022

Por: Taynara Lima
Eleições 2022: segundo turno acontecerá no dia 30 de outubro; acompanhe ao vivo e em tempo real a apuração do resultado (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A quatro dias do segundo turno da acirrada disputa presidencial, os indecisos podem mudar o rumo da eleição. No primeiro turno, o ex-presidente Lula (PT) conseguiu 48,43% dos votos válidos e o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) teve 43,20%. Em entrevista ao Jornal da CBN, o cientista político e especialista em pesquisas Renato Dorgan analisou o cenário dos eleitores que ainda não decidiram o voto.

De acordo com Dorgan, esse tipo de eleitorado é composto, majoritariamente, por mulheres de classes sociais mais baixas (classes C2 e D). Nesse caso, as eleitoras baseiam as decisões levando em conta o fator economia e consumo.

O perfil do eleitorado feminino é preocupado com questões mais básicas, como a saúde, o saneamento básico e a educação. Entre os homens, a questão ideológica e o combate à corrupção, por exemplo, são levados mais em conta.

Eleitorado evangélico

O especialista também ressaltou que há um número considerável de mulheres evangélicas pobres indecisas.

“A mulher evangélica mais pobre vive um conflito entre a religiosidade e a questão da fé, de um lado, e o Lula tem o seu apelo sobre a possível melhora econômica que ele passa, principalmente por causa do histórico. A mulher evangélica fica nesse conflito: ‘será que eu aposto nesse [candidato] que fala da melhora econômica ou será que eu corro o risco de cometer um grande erro que pode afetar o que eu acredito?’”, explicou.

O voto do eleitorado cristão é considerado de grande importância para ambos candidatos. No segundo turno, a primeira-dama Michelle Bolsonaro entrou na campanha de reeleição com o objetivo de alavancar os votos não apenas das mulheres, mas também do público evangélico.

Além de realizar uma caravana pelo país junto a senadora eleita Damares Alves (Republicanos), Michelle também participou de um culto no Rio de Janeiro, em que pediu o apoio dos fiéis presentes.

No dia 19, o ex-presidente Lula também se comunicou com os evangélicos, a partir da publicação de uma carta ao grupo. No texto, o petista reafirmou o compromisso com a liberdade religiosa e se mostrou contra o uso político da fé.

Segundo o profissional, a população das classes mais altas apoia Bolsonaro, enquanto nas mais baixas há uma preferência pelo candidato Lula.

Para mudar o eleitorado indeciso, Dorgan afirma que, entre as classes mais baixas, as redes sociais têm grande influência. Apesar da televisão e do rádio terem um grande alcance no país, o disparo de informações falsas em aplicativos de mensagens ainda representa um grande risco para as eleições, principalmente na reta final.

Nesta terça-feira, 25, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou por manter a resolução que amplia os poderes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no combate a conteúdos falsos

Abstenção

No dia da eleição, o eleitor indeciso pode acabar votando nulo, branco ou até mesmo se abster. Já a decisão do eleitor que prefere anular o voto, geralmente movido pela rejeição entre os dois candidatos, é difícil de ser modificada.

Dorgan afirma que a taxa mais complicada de se prever é a de abstenção. Ele considera a questão como uma “roleta”, pois o nível de faltantes do primeiro turno nem sempre é o mesmo do segundo, e os eleitores podem decidir se abster de última hora. Neste ano, 20,91% dos eleitores aptos a votar - equivalente a mais de 32 milhões de pessoas - não compareceram às urnas.

De acordo com pesquisa do segundo turno realizada pelo PoderData, divulgada nesta quarta-feira, 26, Lula tem 53% dos votos válidos, e Bolsonaro registra 47%. Considerando os votos totais, 5% dos entrevistados declararam voto nulo ou branco e 2% não souberam responder.