Bolsonaro sugere que Lula quer tirar proveito político do caso Jefferson

O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha ligação com o ex-deputado Roberto Jefferson, que foi preso após atirar contra dois agentes da Polícia Federal, e acusou seu adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de querer tirar proveito político do caso. Jefferson foi aliado do petista no passado, mas nos últimos anos passou a apoiar Bolsonaro.

"Não existe qualquer ligação minha com Roberto Jefferson, nunca se cogitou ele trabalhar na minha campanha", disse o presidente nesta noite, em pronunciamento na sede da TV Record, em São Paulo, onde vai conceder uma entrevista, após Lula decidir não participar de um debate. A campanha de Bolsonaro convocou uma entrevista coletiva, mas não houve perguntas da imprensa.

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Bolsonaro citou uma queixa-crime protocolada por Jefferson contra ele, em setembro, na Justiça Militar, mas o pedido do ex-deputado ao Superior Tribunal Militar (STM) foi para que o presidente acionasse as Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao citar o que chamou de ataques contra a primeira-dama Michelle e sua filha Laura, Bolsonaro disse que o "ódio" na eleição não parte de seu campo político. "Muito pelo contrário, o outro candidato aí, que foge dos debates, se comporta como um covarde, quer tirar proveito político disso", disse o presidente. "É um criminoso que se comporta como um oportunista agora", emendou.

Bolsonaro ressaltou, no pronunciamento, a ligação de Jefferson com o mensalão do governo Lula. O ex-deputado, que era aliado do governo na época, foi quem denunciou o escândalo. "Roberto Jefferson e José Dirceu unidos no mensalão. Um comprava votos do PTB, outro que vendia. E, no meio dessa foto, o chefe da organização criminosa chamado Luiz Inácio Lula da Silva", declarou o chefe do Executivo.

Como mostrou o Broadcast Político, a campanha de Bolsonaro tenta se desvincular de Jefferson. A avaliação interna do QG bolsonarista é de que o episódio pode atrapalhar a busca por votos de eleitores indecisos, a uma semana da eleição. A orientação foi para que o chefe do Executivo se manifestasse o mais rápido possível. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, também agiu para negar que Jefferson fosse um dos articuladores da campanha de Bolsonaro.

Diversos opositores do presidente passaram a associá-lo a Jefferson nas redes sociais, mas o que a campanha mais teme é o poder de disseminação de informações do deputado André Janones (Avante-MG), aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa com Bolsonaro o Palácio do Planalto. Não à toa, Faria citou o nome do parlamentar durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais com o presidente.

Na visão da campanha, a associação com o episódio de Jefferson pode gerar um novo desgaste por se tratar de uma ação contra policiais, que fazem parte da base eleitoral do presidente. Durante o pronunciamento, Bolsonaro disse que é "injustificável" se referir a uma mulher da forma como o ex-deputado se referiu à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Jefferson chegou a chamar a magistrada de "prostituta".

Bolsonaro também frisou que enviou o ministro da Justiça, Anderson Torres, para acompanhar os desdobramentos do caso. "Ele se deslocou para Juiz de Fora, na expectativa de receber novas ordens minhas. E assim ocorreu. De lá de Juiz de Fora, determinou que fossem tomadas as providências para a prisão do Roberto Jefferson. Assim foi feito. Ato contínuo, determinei que ele fosse para o Rio de Janeiro conversar com os dois policiais e ver as condições de saúde de ambos", disse o presidente.

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