Apoiadores de Bolsonaro levam ataques à esquerda para dentro das igrejas; veja casos
Apenas no mês de outubro, pelo menos cinco casos de missas interrompidas e ofensas a padres já ocorreram no paísA menos de duas semanas do segundo turno das eleições, parte dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) encontraram nas igrejas um lugar para promover campanha eleitoral. Em recentes episódios de hostilidade, missas foram interrompidas e padres foram alvos de ofensas, acusados de levantar debates alinhados à esquerda.
Basílica de Aparecida
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Entre os episódios recentes, estão os de Aparecida (SP). Em missa pelo dia da padroeira do Brasil, no último dia 12, o candidato à reeleição esteve presente na comemoração e causou tumulto por apoiadores que compareceram em peso no local.
Em outra celebração no mesmo dia, o padre Camilo Júnior parabenizou os fiéis presentes que estavam rezando, pois “o dia não é de pedir votos, é dia de pedir bênçãos".
Ainda em Aparecida, um grupo de bolsonaristas encurralou um jovem que vestia uma camisa vermelha. O homem foi alvo de gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”.
Padre interrompido no Paraná
No Paraná, outro padre foi alvo de acusações e vaiado após dizer que "o Deus da vida nunca vai pactuar com as forças da violência e nem estar ao lado daquele que prega o armamentismo, porque Deus é amor e solidariedade”.
Ele foi interrompido por uma mulher que questionou se Deus era a favor do aborto e afirmou que o padre estaria pedindo votos para o candidato Lula (PT).
Missa paralisada em Jacareí
No interior de São Paulo, em Jacareí, uma mulher também interrompeu uma missa e discutiu com um padre após ele citar a ex-vereadora Marielle Franco na homilia. A mulher utilizou expressões como “esquerdista” e afirmou que o padre não poderia falar da parlamentar dentro da igreja.
Arcebispo chamado de comunista
No último domingo, 16, o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, foi chamado por internautas de comunista após usar roupas vermelhas, além de ser ligado ao ex-presidente Lula e acusado de ser a favor do aborto.
Sobre os casos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lamentou, em nota, a "intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” e afirmou que momentos religiosos não devem ser utilizados como atos de campanha.
Com o acirrado resultado do primeiro turno, os dois candidatos buscam conseguir votos, principalmente do eleitorado evangélico.
Além de Aparecida, Bolsonaro esteve presente em um culto em Belo Horizonte. Em caravana, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos) também passaram por igrejas do país.
Nesta quarta, 19, Lula divulgou carta de compromisso aos evangélicos, citando a liberdade religiosa e demonstrando contrariedade do uso da fé na política.