"Favela não tem só bandido", diz empresa que fez boné de Lula
Os donos da empresa que confeccionou boné usado por Lula em visita ao Complexo do Alemão disseram não gostar dos comentários falsos que se espalharam pelas redes sociais.
O boné usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua visita ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 12, foi assunto em debate na TV Band, neste domingo, 16. O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse, durante o programa, que não havia policiais no evento, "só traficantes".
Os donos da gráfica onde o boné foi confeccionado, Vitória Gonçalves e Marcelo Dias Moreira Junior, dizem, em entrevista ao Uol, que não gostaram nada dos comentários falsos que se espalharam pelas redes sociais. "Nos sentimos desprezados”.
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A fala de Bolsonaro é baseada em rumores que circularam nesta semana, de que a sigla "CPX" seria gíria de grupos criminosos, porém a sigla é uma abreviação de “complexo”, palavra que se refere aos conjuntos de favelas agrupadas em um território.
“Ele é ex-militar, sabe como o ‘CPX’ é usado de forma forte até no meio da polícia, sempre em referência ao conjunto de comunidades", disse Vitória, referenciando Bolsonaro.
"Bolsonaro tenta passar a imagem de que na favela só tem bandido, mas não é assim. Tem pessoas trabalhadoras. Meu irmão fez faculdade, trabalha e mora na comunidade. É digno e honesto. Existe gente boa em todos os lugares e bandidos fora da comunidade. Isso ele não fala, né?", conta Vitória.
A dona da gráfica disse que um de seus clientes presenteou Lula (PT), e não imaginava que o boné teria tanta repercussão. A peça era vendida e usada em bailes no Complexo do Alemão. "Um cliente nosso presenteou o Lula na maior inocência, ninguém imaginou essa repercussão toda. Eu estava em casa, e meu marido tinha ido ao jogo do Flamengo. Vi no Facebook o Lula com o boné e tive certeza de que tinha sido feito por mim."
"Estamos trabalhando 24 horas por dia, com atendimento redobrado e com funcionários extras. Estamos vendendo em um dia o que vendíamos em um mês", dizem Vitória e Marcelo, que assinam a produção do boné usado por Lula em sua visita ao Complexo do Alemão. Eles são donos da empresa Jr. Bordados há seis anos, que fica em Irajá.
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