Erika Hilton pede abertura de inquérito na PGR contra Damares Alves
A deputada eleita acionou a PGR contra Damares após relato de supostos casos de abuso sexual contra crianças no ParáErika Hilton, deputada federal eleita pelo PSol de São Paulo, apresentou um pedido de abertura de investigação criminal contra a senadora eleita Damares Alves (Republicanos - DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos.
A deputada expressou que não acredita completamente no relato recente de Damares sobre supostos crimes sexuais contra crianças no Pará. Porém, afirma que, diante da gravidade das alegações, o caso merece ser investigado. A ex-ministra contou, em culto na igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia, que sabia de casos de exploração sexual, estupro e tráfico internacional de crianças, porém, não acionou o Ministério Público Federal, nem a Polícia Federal para investigar tais crimes. Michelle Bolsonaro, primeira-dama, também estava no evento.
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No processo, a senadora eleita é acusada de “prática de eventual crime de prevaricação, ou ainda, de propagação de informação falsa com fins eleitorais e de crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente”. O documento ainda fala que "a forma como as duas citadas (Michele Bolsonaro e Damares Alves) se posicionaram no culto, por si só, já afrontaram a liberdade religiosa, garantida pela Magna Carta, e as regras do debate político eleitoral, já que se utilizaram claramente do espaço de fé para propaganda política em favor do candidato Jair Bolsonaro".
Erika Hilton disse ao UOL News que não acha que a ex-ministra possua as imagens, porém, "se porventura tenha presenciado os horrores que relatou e nada fez para impedir essa violência, ela também cometeu um crime e precisa ser investigada".
"É preciso que a Procuradoria abra uma investigação contra a ministra para que a gente possa descobrir se houve uma prevaricação das atividades dela, ou, se está inventando mais uma de suas histórias. Ela é alguém que já conhecemos por ter uma imaginação extremamente fértil e capaz de inventar horrores como esse", afirmou.
Segundo dito por Damares em vídeo, ela teria imagens de crianças brasileiras que tiveram seus dentes arrancados para a prática de sexo oral.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos disse, em nota, que as afirmações feitas pela ex-ministra foram apresentadas "com base em numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes".
Erika apontou que, caso o relato de Damares seja verdadeiro, ela foi conivente ao não acionar os órgãos responsáveis, como o Ministério Público e a Polícia Federal, para apurar a suposta violência contra crianças. "Agora, se a ministra faz isso se utilizando de um jogo eleitoreiro, é preciso também que haja uma investigação. Não podemos permitir que, na disputa eleitoral, se use de qualquer artifício para conseguir ganhar votos", disse a deputada eleita.
A denúncia cita as seguintes falas de Damares Alves (Republicanos-DF):
“Todo mundo pergunta: Por que Bolsonaro tá fazendo o maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó? Porque ele tem uma compreensão espiritual que vocês não têm nem ideia.
Fomos pra Ilha do Marajó e lá nós descobrimos que nossas crianças tavam sendo traficadas por lá. Marajó faz fronteira com o mundo, Surinami, Guiana. Eu vou contar uma coisa pra vocês que agora eu posso
falar. Nós temos imagens de crianças nossas brasileiras com 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados pra elas não morderem no momento do sexo oral. Essa é a nação que a gente ainda tem irmãos!
Nós descobrimos que essas crianças elas comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal. Bolsonaro disse: - Nós vamos atrás de todas elas e o inferno se levantou contra esse homem.
A guerra contra Bolsonaro que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou,
acreditem... Não é uma guerra política. É uma guerra espiritual.
E eu tô falando com a minha igreja e eu tenho o manto constitucional pra me expressar dentro da minha igreja. Tem coisas que eu não posso falar lá fora, mas aqui eu tenho a liberdade constitucional de manifestar a minha fé.
Continuei, continuei abrindo as gavetas do Ministério e descobri irmãos, o horror. Eu descobri que nos últimos sete anos no Brasil explodiu o estupro de recém nascidos. Nós temos imagens lá no Ministério, irmãos, de crianças de 8 dias, sendo estupradas. Nós descobrimos que um vídeo de estupro de crianças custa entre cinquenta e cem mil reais.
Tem um crime organizado envolvido nisso. Tem sangue, tem morte. Tem sacrifício e Bolsonaro se levantou contra todas essas potestades. A gente agora como igreja. A gente tem aqui uma decisão pra tomar. A gente vai continuar esta luta e tirar essas crianças da mão de Moloque ou nós vamos entregar essa nação?”
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