CNBB condena "intensificação da exploração da fé e da religião" nas eleições
A nota não especifica nenhum candidato políticoA Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota condenando “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições presidenciais de 2022. A nota foi publicada nesta terça-feira, 11.
A nota não especifica nenhum candidato político, mas os bispos lembram que a manipulação religiosa desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no país. “Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições”, diz a nota.
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A Arquidiocese de Aparecida, em São Paulo, também divulgou nota para evitar uso político das atividades desta quarta-feira, 12, Dia de Nossa Senhora Aparecida. “A Festa de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, organizada pelo Santuário Nacional, sob a supervisão do Arcebispo de Aparecida e dos Missionários Redentoristas, tradicionalmente é destino anual de milhares de devotos. A programação para acolher estes peregrinos é idealizada para homenagear a Virgem Maria, sempre apontando para Jesus, único redentor da humanidade”, informou.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou do Círio de Nazaré neste sábado, 8, em Belém, no Pará. Após isso, a Arquidiocese de Belém, responsável pela organização do evento, disse não ter convidado "qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal" para o Círio.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja católica no País.
Leia o pronunciamento na íntegra:
NOTA DA PRESIDÊNCIA
“Existe um tempo para cada coisa” (Ecl. 3,1)
Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.
A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.
Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-presidente da CNBB
Dom Mário Antonio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB