Não reeleito, Heitor Férrer revela como será o futuro fora da política

Deputado está no exercício do quinto mandato e terminou as eleições deste ano como primeiro suplente. Acompanhe entrevista com o parlamentar

12:44 | Out. 07, 2022

Por: Luciano Cesário
Heitor Férrer [sentado, no centro da imagem] durante sessão plenária da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, 5 de outubro de 2022 (foto: AURÉLIO ALVES)

Após cinco mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), o deputado Heitor Férrer (UB) ficou de fora da lista de reeleitos no pleito deste ano e deixará o parlamento cearense em fevereiro de 2023. Eleito pela primeira vez em 2002, ele é um dos deputados com mais anos de casa.

Antes de ingressar na AL-CE, em 2003, Férrer havia exercido quatro mandatos seguidos na Câmara Municipal de Fortaleza. Médico por formação, ele define a atividade parlamentar como sua segunda profissão. O deputado permanece na Assembleia até 31 de janeiro de 2023, quando chega ao fim o período da 30ª legislatura.

Em entrevista ao O POVO, nesta quinta-feira, 5, após participar da primeira sessão plenária pós-eleições, Férrer falou sobre não ter alcançado sucesso nas urnas no pleito deste ano, fez um balanço de suas principais proposições ao longo das quase duas décadas de mandato e ainda revelou como será o futuro fora do parlamento.

O POVO - A não reeleição causa um impacto?

H. Férrer - Claro. Você tem a mais nobre profissão de representar a sociedade, depois da medicina, que é o mandato popular. E eu fiz isso, cumpri o meu dever de maneira muito serena, sempre independente. Porque independente? Porque tive o privilégio de ter uma vida que, paralela ao parlamento, eu tinha a minha profissão. Não dependia de ninguém, de nenhum governo.

O POVO - Qual a sua marca nesses mais de 20 anos na Assembleia?

H. Férrer - A fiscalização dos poderes, principalmente o executivo. O principal papel do parlamentar é fiscalizar. Deixo como marca o projeto que acabou com a aposentadoria de governador, que se aposentava com seis meses de mandato. Desde o Lúcio [Alcântara] que isso deixou de acontecer. Também sou autor do projeto que proíbe ficha suja de assumir cargo no Estado e do projeto que fundiu dois tribunais de contas em um só, resultando numa economia de R$ 17 milhões por ano. Fiz várias denúncias… Aquário, tatuzões, usina de Barbalha e tantas outras atuações.

O POVO - O que o mais lhe causou surpresa aqui dentro da Assembleia durante esse tempo de mandato?

H. Férrer - O Sérgio Benevides [então deputado estadual], quando foi denunciado por mim com relação à merenda escolar, foi absolvido no primeiro julgamento, e eu consegui reverter para ter outra sessão. Porque ela era para ser pública com voto secreto e ela foi secreta com voto secreto. Então, o STJ mandou fazer outra sessão e ele foi condenado por desvio de recursos da merenda. E, num outro julgamento, um ano depois, sem o acréscimo de nenhuma prova, o mesmo parlamento o condenou e cassou o seu mandato. Ou seja, o que houve com aquele parlamento, há um ano, com as mesmas pessoas, que levou a inocentar no primeiro julgamento e a condenar no segundo? Aquilo me deixou entristecido com o comportamento humano.

O POVO - O senhor buscava o sexto mandato e agora cede espaço para novos nomes. Essa renovação dos quadros é algo positivo para o parlamento?

H. Férrer - É o que se espera, porque a nobreza da representação deve ser para melhorar com a renovação. E é isso que eu quero, que as pessoas que substituam os que não lograram êxito na sua reeleição, cumpram o seu papel com mais esmero do que nós. Se a sociedade os escolheu, é na busca disso. Que eles consigam representá-los, de maneira muito nobre e de maneira muito efetiva.

O POVO - Qual o futuro do Heitor Férrer sem mandato?

H. Férrer - Vou ser o Heitor Férrer servidor público, voltando para suas atividades com as quais iniciou sua vida profissional, meu emprego público, como médico do Estado e meu consultório particular. Assim será.