Após pressão familiar, Temer desiste de apoiar oficialmente Bolsonaro, diz portal

A expectativa era que o emedebista se reunisse com o presidente no fim de semana

O ex-presidente Michel Temer (MDB) desistiu de apoiar oficialmente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição no segundo turno contra Luiz Inácio da Silva (PT). A expectativa era que o emedebista se reunisse no fim de semana com o chefe do Executivo para oficializar a aliança, o que não ocorrerá.

As informações são do G1. Conforme a reportagem, o recuo ocorreu mediante a pressão familiar. As filhas do político teriam ficado insatisfeitas com a possibilidade de o ex-gestor integrar uma aliança com o candidato do PL.

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Uma delas, Luciana Temer, que tem posições públicas progressistas, reprovou o apoio. Ela, inclusive, já foi secretária de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo durante a gestão do ex-prefeito da Capital Fernando Haddad (PT).

"Aplaudirei a candidatura que defender a democracia, cumprir rigorosamente a Constituição, promover a pacificação, manter as reformas já realizadas no meu governo e propor ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do País", disse o político em nota enviada à imprensa.

Apesar disso, a defesa da manutenção e ampliação das reformas no comunicado faz um aceno a Bolsonaro que, durante sua gestão, aprovou pautas como mudanças nas regras para a aposentadoria. O PT de Lula, por sua vez, já indicou o desejo de revogar alguns desses dispositivos, como por exemplo, o teto de gastos e alguns trechos da reforma trabalhista.

Segundo o G1, o emedebista já havia ensaiado uma reaproximação com o petista. No entanto, a retomada na relação foi freada quando o ex-presidente o chamou Michel de "golpista" durante debate da TV Globo, repetindo o que havia falado durante agenda de campanha em Florianópolis, Santa Catarina.

"Quando você cita o governo do PT você se esquece que o atual presidente herdou o governo não da Dilma. Ele herdou o governo de um golpista, que ficou três anos no governo antes dele entrar. Quem foi um dos responsáveis pela quebra desse país foi o Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados", disse Lula na época ao ser questionado por Ciro Gomes (PDT).

Antes disso, no entanto, o petista já havia citado Temer durante sabatina no Jornal Nacional, em tom de elogio. “Quando o Fernando Henrique Cardoso teve o segundo mandato, ele mandou medidas para poder evitar que o Brasil quebrasse, e ele tinha como presidente Câmara o Temer, que ajudou a aprovar as coisas, não trabalhou contra”, disse.

A disputa por apoios

O recuo de Michel ocorre no momento em que os dois concorrentes do segundo turno buscam apoios políticos. O atual chefe do Executivo já formou aliança com os governadores reeleitos Romeu Zema (Novo), Cláudio Castro (PL), Ibaneis Rocha (MDB) e Ratinho Jr, de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Paraná, respectivamente. O candidato do PL também contará com apoio de Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado no 1º turno da disputa pelo governo paulista.

Lula, por sua vez, recebeu apoio do PDT, do ex-governador do Ceará Ciro Gomes terceiro colocado na disputa presidencial de 2022, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), além de Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará.

O petista também atraiu Simone Tebet (MDB), terceira colocada nas eleições deste ano. "Depositarei nele meu voto, porque reconheço o compromisso de Lula com a democracia e a constituição. O que não reconheço no atual presidente, candidato à reeleição", disse a emedebista durante pronunciamento em São Paulo.

O partido de Tebet, inclusive, liberou os filiados para se manifestarem sobre o segundo turno destacando que, em qualquer cenário, cobrará do vencedor o respeito ao voto popular".

A ação da legenda contou com articulação do deputado federal eleito Eunício Oliveira (MDB). Durante esta semana, o ex-presidente do Congresso Nacional esteve em Brasília, conversou com Temer e o presidente nacional da sigla, Baleia Rossi (MDB), para viabilizar a liberação.

O ex-presidente petista disputa o segundo turno após liderar o primeiro com 57.259.504 (48,43%) votos. Bolsonaro, por sua vez, obteve 51.072.345 (43,20%) votos.

 

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