O que Datafolha e Ipec dizem sobre a diferença entre os números das pesquisas e o resultado das urnas

Nesta segunda-feira, 3, representantes dos institutos de pesquisas concederam entrevistas para tentar explicar as falhas nos levantamentos

17:01 | Out. 04, 2022

Por: Filipe Pereira
Lula e Bolsonaro disputam o segundo das eleições presidenciais. (foto: Miguel Schincariol e Mauro Pimentel / AFP)

Pesquisas eleitorais do Ipec e do Datafolha divulgadas na véspera da eleição deste anos apresentaram divergências com os resultados finais das urnas eletrônicas. Os levantamentos não conseguiram, por exemplo, prever vitória ou liderança de candidatos da direita nos principais colégios eleitorais do País. O fenômeno motivou uma série de questionamento nas redes sociais. 

Nesta segunda-feira,  3, representantes dos institutos de pesquisas concederam entrevistas para tentar explicar as falhas nos levantamentos:

Datafolha

Nesta segunda-feira, 3, a diretora do Datafolha, Luciana Chong, avaliou que os eleitores que decidiram o voto de última hora nesse primeiro turno favoreceram a candidatura de Bolsonaro, o que explicaria a diferença entre a pesquisa do instituto na véspera da eleição e o resultado das urnas.

"Acreditamos que teve um movimento de decisão de última hora, especialmente de eleitores de Ciro, Simone Tebet, indecisos e os que poderiam votar branco e nulo, e esse movimento acabou sendo mais em favor de Bolsonaro. Por isso que ele ficou com um resultado maior do que a pesquisa tinha captado na véspera da eleição", disse Luciana em entrevista à GloboNews.

A diretora do instituto destacou que o indicativo das pesquisas de um possível fim das eleições no primeiro turno com a eleição de Lula pode ter motivado essa migração de votos para o atual presidente.

"Com a possibilidade de finalização no primeiro turno com Lula ganhando, acredito que teve um movimento de antipetismo, de 'vamos levar a eleição para o segundo turno', com eleitores de Ciro votando em Bolsonaro para que a vitória não acontecesse já no primeiro turno", destacou Chong. 

A representante do Datafolha sustentou ainda que não houve erro da parte do instituto, porque as pesquisas não têm a intenção de prever o futuro. "Não se pode dizer que houve erro, porque a pesquisa não é prognóstico. Ela é feita ao longo de toda a eleição, fizemos oito rodadas nessa eleição para mostrar a fotografia de cada momento", finalizou. 

Ipec

A diretora do Ipec (ex-Ibope), Márcia Cavallari, também apresentou justificativas e citou a antecipação de votos em Bolsonaro por eleitores indecisos, de Ciro Gomes e Simone Tebet. Ela considerou ainda as dificuldades enfrentadas neste ano para coletar dados do levantamento. 

"Tivemos dificuldade em campo, com hostilização dos entrevistadores, agressões, não tão graves quanto no Datafolha, mas arrancar tablet do entrevistador ou passar de moto gritando na hora da entrevista", disse a diretora do Ipec à GloboNews. Ela garantiu que o instituto já está em campo nesta terça-feira, 4, para pesquisar sobre o segundo turno.

Segundo Márcia, "pesquisa não é prognóstico" e, sim, um medidor de um momento. "Tivemos movimentação pela volatilidade dessa eleição", completou.