Partido de Bolsonaro ataca TSE e urnas eletrônicas, sem provas
O PL nem compareceu ao TSE para fazer a inspeção dos códigos da urna, como estava aberto pelo tribunal a todos os partidos
13:42 | Set. 29, 2022
O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, divulgou nesta quarta-feira, 28, documento em que aponta, sem nenhum tipo de evidência, que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas por servidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tentativa de colocar em dúvida a legitimidade da Justiça Eleitoral acontece a quatro dias do primeiro turno da eleições. De acordo com as pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem chance de ganhar a disputa já no próximo domingo, 2, em primeiro turno.
No documento intitulado "Resultados da Auditoria de Conformidade do PL no TSE", o partido repete acusações que são constantemente feitas por Bolsonaro. "Somente um grupo restrito de servidores e colaboradores do TSE controla todo o código fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais. Sem qualquer controle externo, isto cria, nas mãos de alguns técnicos, um poder absoluto de manipular resultados da eleição, sem deixar qualquer rastro", diz a legenda do Centrão. Diferente do que diz a legenda, não há poder absoluto para mudar os resultados das urnas.
Em maio, o ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira, que trabalha para o PL, adotava discurso diferente e havia descartado tentar qualquer tipo de interferência no sistema eletrônico da urna. "O que pode ser discutido é metodologia. É evidente que ninguém quer a fórmula da Coca-Cola e não faz sentido abrir isso para quem quer que seja, mas fiscalização é algo que deveria ser estimulado em alto grau", afirmou.
Os ataques ao TSE contrastam com sinalizações feitas pelo presidente do próprio PL, Valdemar Costa Neto. O dirigente partidário disse nesta quarta que a sala onde os votos da eleição são totalizados no TSE "não é mais secreta". A fala contraria o discurso de Bolsonaro, que já disse diversas vezes, sem provas. que ninguém pode ter acesso à área do TSE onde os votos são somados antes da divulgação.
O partido contratou o Instituto Voto Legal para auditar a eleição. A legenda, no entanto, não compareceu ao TSE para fazer a inspeção dos códigos da urna, como estava aberto pelo tribunal a todos os partidos. De acordo com o PL, a ideia é realizar a fiscalização de todas as fases da votação, apuração e totalização dos resultados da eleição. "A metodologia escolhida busca, sempre, a colaboração construtiva com a alta direção do TSE, porque quem audita constrói valor para a organização auditada", consta no documento.
O partido de Bolsonaro disse ainda que divulgou o texto porque não conseguiu uma nova reunião com o TSE para tratar sobre o assunto. Apesar disso, Valdemar Costa Neto esteve duas vezes nesta semana com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes. "Não obstante a urgência e a gravidade das evidências encontradas, o TSE não respondeu, até o momento, aos inúmeros pedidos para agendar uma reunião para tratar do tema. Este fato tornou necessária a divulgação dos resultados da avaliação da equipe técnica do PL, sobre os documentos públicos encontrados". Procurado, o TSE ainda não se manifestou.