O que é voto útil, a aposta de Lula para tentar vencer no 1º turno

Nos últimos dias, o chamado "voto útil" tem sido utilizado pelas campanhas eleitorais para atrair votos dos eleitores indecisos e de outros candidatos

12:33 | Set. 20, 2022

Por: Mariana Lopes
Candidatos a presidente da República nas eleições de 2022. (foto: Suamy Beydoun/AE)

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) têm criado estratégias para angariar os ditos “votos úteis” e combater a abstenção daqueles eleitores que ainda estão indecisos em relação a qual candidato votar. Nestas duas semanas que restam até o dia 2 de outubro, os dois principais candidatos vem fazendo movimentos em busca dos eleitores que hoje ainda preferem Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

O chamado “voto útil” ou “voto tático” é quando o eleitor vota de forma estratégica em um candidato que não necessariamente é a sua primeira opção. O voto útil é impulsionado pelo cenário das pesquisas eleitorais, em que o eleitor analisa a viabilidade eleitoral do candidato e garante que seu voto não será “desperdiçado” ao apoiar um candidato sem chances reais de vitória.

O Agregador de Pesquisas do O POVO aponta que, a preço de hoje, Lula tem 45% de intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 35%, Ciro Gomes tem 8%, Simone Tebet tem 5%, e os eleitores que votam branco, nulo ou estão indecisos são 4%.

A cientista política Carla Quaresma considera o voto útil como uma ideia ou alternativa para “não perder voto”. Ela contou que as pessoas já entraram na campanha querendo “resolver a eleição no primeiro turno”.

“Então, muitos eleitores que estariam dispostos a apostar em uma terceira via, com um candidato que apresentasse um discurso mais moderados, tinham uma predisposição no início da campanha. Mas como essa terceira não via não decolou, as pessoas querem resolver a questão já no primeiro turno e acabam migrando o seu voto para esses candidatos mais bem posicionados. Então é isso, é a ideia de não perder o voto”, explicou Carla.

Exemplos recentes, como o músico Tico Santa Cruz, apoiador de Ciro Gomes (PDT), que optou pelo voto útil em Lula (PT) já no primeiro turno das eleições deste ano, e a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) que defende o voto útil no ex-presidente, mas deixou claro que “o voto não significa compromisso com o governo”.

Para Monalisa Torres, socióloga, cientista política e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lula tem como objetivo usar o voto útil para “liquidar a eleição no primeiro turno”. Já para Ciro Gomes, seria fugir da polarização e levar para o segundo turno alguém que poderia representar, dentro do campo democrático, um competidor à altura do ex-presidente.

A socióloga explicou que esta ideia de “voto útil” começou a circular como uma estratégia de campanha do ex-presidente Lula, que está na frente e que, segundo as pesquisas, teria chances de faturar a eleição presidencial ainda no primeiro turno.