Como vai funcionar o teste das urnas com biometria, sugerido pelos militares

O eleitor que participar do teste não votará uma segunda vez. O procedimento não altera o resultado das eleições. Não há nenhuma comparação entre o resultado aferido na urna do teste e a urna verdadeira em que foi votado

15:07 | Set. 16, 2022

Por: Gabriel Damasceno
Segundo a ação movida, o PL teria fraudado candidatura feminina para poder concorrer às eleições (foto: Sérgio Lima/AFP)

As eleições deste ano terão uso de biometria no Teste de Integridade das Urnas Eletrônicas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, na terça-feira, 13, a sugestão feita pelas Forças Armadas com argumento de aumentar a segurança do sistema eletrônico de votação. O procedimento ocorrerá com a participação de eleitores voluntários.

O Teste de Integridade é uma votação pública, aberta e auditada, realizada nas urnas que serão usadas no dia da eleição. Em processo filmado e aberto, votos são digitados na urna, contados e o resultado é comparado à totalização da máquina. O eleitor que participar do teste não votará uma segunda vez. O procedimento não altera o resultado das eleições. Não há nenhuma comparação entre o resultado aferido na urna do teste e a urna verdadeira em que foi votado.

Além do projeto-piloto, com biometria, a Justiça Eleitoral vai manter o teste de integridade tradicional. Serão 641 urnas testadas no total, 56 delas com a biometria. Elas serão escolhidas por sorteio. Foram selecionados 19 estados que têm condições técnicas e logísticas de usar biometria nos testes, o Ceará entre eles. Veja a lista:

- Alagoas

- Amazonas

- Bahia

- Ceará

- Distrito Federal

- Espírito Santo

- Goiás

- Mato Grosso

- Mato Grosso do Sul

- Minas Gerais

- Pará

- Paraná

- Pernambuco

- Rio de Janeiro

- Rio Grande do Sul

- Rondônia

- Santa Catarina

- São Paulo

- Tocantins

Simulações do projeto-piloto foram feitas na quinta-feira, 15. O teste funcionará da seguinte forma:

1) O eleitor votará normalmente nas eleições na própria seção eleitoral.

2) Após votar, alguns eleitores serão convidados para participar do teste-piloto. Os que aceitarem assinarão o termo de consentimento.

3) Esses eleitores serão levados a outra sala, onde acionarão o equipamento de biometria com a digital liberando outra urna para o voto fictício, em que ocorrerá o teste.

4) Após liberar a biometria, o eleitor será dispensado. Não irá votar de novo no teste.

5) Um funcionário da Justiça Eleitoral, fiscalizado por fiscais dos partidos que estiverem no local, registrará o voto em algum dos candidatos. Ele digitará o número anotado em cédula previamente preenchida.

6) Em paralelo, os votos anotados na cédula em papel é registrado em um sistema de apoio à votação, que funciona em um computador.

7) Quando o teste é concluído, o resultado é apurado na urna eletrônica e confrontado com o obtido na apuração manual das cédulas de papel. O objetivo é verificar se o voto eletrônico funcionou de maneira correta e se os votos em papel, digitados na urna, foram os mesmos registrados digitalmente.

8) É verificado se há coincidência entre as cédulas, os boletins de urna, os relatórios do sistema de apoio à auditoria e o Registro Digital do Voto (RDV), a tabela digital em que são assinalados os votos eletrônicos. Os fiscais poderão comparar o número de vezes que foi votado em determinado candidato e o número de votos que a urna registrou no boletim. Até hoje, não foi constatada nenhuma divergência em ambos os processos.

O processo inteiro é filmado e pode ser acompanhado no local por qualquer pessoa interessada. Alguns testes de integridade são transmitidos ao vivo pelo Youtube.

 

 

 

"Por que não é o eleitor que participa do teste e preenche a urna? Por óbvio, porque isso poderia acarretar quebra do sigilo do voto. O eleitor poderia eventualmente repetir no teste o voto que ele deu e isso está tudo filmado. Não podemos quebrar o sigilo do voto. O eleitor não vota de novo. O eleitor colabora liberando a urna com a biometria", disse o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

Bolsonaro e as urnas eletrônicas

O presidente da República, Jair Bolsonaro, é crítico do atual modelo de voto eletrônico e fez questionamentos insistentes à segurança do sistema. O candidato insiste, sem fundamentação, que o sistema permite fraudes. Ele fez acusações, mas nunca apresentou provas, embora tenha prometido mostrá-las mais de uma vez.

Bolsonaro apoiou ume emenda constitucional para que houvesse impressão de voto, mas a medida foi rejeitada na Câmara dos Deputados em agosto de 2021.

Teste de integridade

O teste de integridade é feito desde 2002, para verificar se os programas instalados nas urnas eletrônicas refletem fielmente o voto registrado pelos eleitores. As urnas são escolhidas por sorteio. O teste-piloto com biometria ocorrerá em 8,7% das urnas submetidas ao teste de integridade. A diferença é o uso da biometria de eleitores para liberar a testagem.