Entenda onde estão e quais são os imóveis pagos em dinheiro vivo pelo clã Bolsonaro
Transações envolvem desde mansões de luxo a salas comerciais em dois estados e no Distrito Federal
08:41 | Set. 03, 2022
Reportagem do portal Uol revelou que o presidente Jair Bolsonaro e a sua família compraram com dinheiro vivo 51 imóveis entre 1990 e 2022.
A publicação da última terça-feira, 30, mostra que as transações totalizaram um montante de R$ 13,4 milhões.
Corrigido pelo IPCA, o índice que mede a inflação, o valor chega a R$ 25,6 milhões, nos dias atuais. O patrimônio foi construído em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, incluindo desde mansões de luxo a pontos comerciais.
Todas as compras foram registradas em cartórios. Segundo os documentos obtidos pela reportagem, as aquisições foram feitas em nome de Bolsonaro, de sua mãe mãe, dos três filhos, cinco irmãos e de suas duas ex-mulheres.
Os contratos assinados, conforme os documentos, indicam pagamento "em moeda corrente nacional", expressão formal usada para classificar compras feitas em dinheiro vivo.
As transações se dividem em três núcleos. No primeiro, estão Bolsonaro e suas ex-mulheres Rogéria Nantes e Ana Cristina.
O trio pagou com dinheiro em espécie a compra de oito imóveis, entre casas, apartamentos e lotes. As aquisições foram efetuadas em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro ao valor de R$ 973,1 mil (R$ 3,2 milhões em valores corrigidos).
O segundo núcleo tem como figuras centrais três filhos do presidente: Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro. Eles compraram, juntos, 19 apartamentos e salas comerciais no Rio de Janeiro durante o período investigado pela reportagem.
Segundo os registros que constam nos cartórios, as transações somam montante de R$ 8,5 milhões (R$ 15,7 milhões corrigidos).
No terceiro núcleo, os compradores são a mãe do presidente, dona Olinda – falecida em janeiro deste ano–, e seus irmãos Renato, Denise e Vânia Bolsonaro.
Segundo a reportagem, eles adquiriram 24 imóveis residenciais e comerciais em São Paulo. O valor total dos contratos é de R$ 4,1 milhões (R$ 6,6 milhões corrigidos).
Os registros de cada uma das transações constam na base de dados dos cartórios de notas e de imóveis consultados pela reportagem. A investigação jornalística durou sete meses e analisou 270 documentos solicitados.
Além dos imóveis comprados com dinheiro em espécie, a apuração ainda verificou outras 26 transações sem informações quanto à forma de pagamento utilizada. Já as compras feitas mediante cheque ou transferência bancária somam 30.
No total, foram 107 imóveis integrados ao patrimônio do clã Bolsonaro nos últimos trinta anos. Quase metade deles (51) foram pagos com dinheiro vivo.
A prática não é ilegal, mas se constitui uma das maneiras mais utilizadas para lavagem de dinheiro, crime que consiste em colocar no mercado legal recursos obtidos de forma ilícita.
As suspeitas se tornam ainda maiores nos casos em que há grande quantidade de imóveis negociadas nesta modalidade de pagamento.
No caso das compras realizadas pelo presidente e seus familiares, a Polícia Federal (PF) solicitou autorização à Justiça Federal para investigar as transações no mesmo dia em que a reportagem veio a público.