Saiba o que investiga a operação que envolve o dono do Coco Bambu
Mandados de busca e apreensão foram realizados pela Polícia Federal nesta terçaPor determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira, 23, mandados de busca e apreensão nos endereços de oito empresários brasileiros, entre eles o cearense Afrânio Barreira Filho, dono do Coco Bambu. O objetivo da ação policial é averiguar possíveis mensagens golpistas compartilhadas em um grupo no WhatsApp.
Moraes também solicitou que houvesse o bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio dos perfis dos empresários nas redes sociais e quebra de sigilo bancário, além de exigir que todos prestem depoimentos sobre as acusações feitas pelo portal Metrópoles. De acordo com o G1 do Rio de Janeiro, a PF não descartou pedir a prisão preventiva dos empresários.
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A decisão do ministro ocorreu na última sexta-feira, 19, e os mandados foram cumpridos hoje em São Paulo, Santa Catarina, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará.
São alvos da operação os empresários Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu), Ivan Wrobel (W3 Engenharia), José Isaac Peres (Multiplan), José Koury (Barra World), Luciano Hang (Havan), Luiz André Tissot (Sierra), Marco Aurélio Raymundo (Mormaii) e Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
Todos são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e - conforme as denúncias do site - passaram a apoiar um golpe de Estado caso o ex-presidente e candidato ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano, Lula (PT), vença as eleições para presidente.
Inquérito no STF
A investigação foi determinada pelo ministro Alexandre de Morais. As buscas, realizadas após o a denúncia de um grupo de advogados e entidades, investigam mensagens possivelmente escritas por empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
No grupo, os apoiadores defenderiam um golpe de Estado, caso o ex-presidente, e também candidato à Presidência, Lula (PT), vença as eleições de outubro.
Os mandados são cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Os oito empresários alvos da investigação são:
Afrâncio Barreira (Coco Bambu);
Ivan Wrobel (W3 Engenharia);
José Isaac Peres;
José Koury;
Luciano Hang (Havan);
Luiz André Tissot;
Marco Aurélio Raymundo;
Meyer Joseph Nigri
O conteúdo das mensagens
De acordo com o jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, “o apoio a um golpe de Estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho”. “José Koury, proprietário com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro”, escreveu o jornalista, “foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT”.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou Koury nesse grupo chamado de “Empresários e Política”.
Conforme o Metrópoles, “a possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo” e que, além da tese, os integrantes do grupo também compartilharam ofensas a magistrados e críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ao se apresentar ao grupo”, contou Amado, “Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados: ‘Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público’, publicou”.
O que dizem as defesas
O advogado Daniel Maia, que defende o empresário Afrânio Barreira Filho, disse que "trata-se de uma operação fundada em denúncias absolutamente falsas, que visam perseguir pessoalmente o empresário Afrânio Barreira e outros no País. É importante destacar que a operação não é contra as empresas, é uma operação contra a pessoa física dele. O Afrânio está absolutamente tranquilo, colaborando e com o objetivo principal de esclarecer os fatos para que a investigação seja certamente arquivada".
O empresário Luciano Hang também se manifestou. "Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros. Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF."
A reportagem do jornal Estado de S.Paulo entrou em contato com os demais empresários. O espaço está aberto para manifestações. Quando as mensagens vieram a público, José Isaac Peres disse que "sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do País."
Marco Aurélio Raymundo, por sua vez, disse que aguardaria a publicação da série de reportagens sobre o grupo para se pronunciar.
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